Moto E, o Android da Motorola para as massas

Por 529 reais, a Motorola quer oferecer um aparelho decente sem cobrar tão caro

Paulo Higa
• Atualizado há 1 ano e 5 meses

Depois de lançar o Moto X por 1.499 reais e o Moto G por 649 reais, dois smartphones que foram bem aceitos no Brasil devido ao ótimo custo-benefício, a Motorola decidiu cortar mais alguns gastos para oferecer um smartphone mais acessível para o público. Surgiu o Moto E, um Android de entrada que será vendido no Brasil com preço sugerido a partir de 529 reais.

O Moto E chega para substituir o RAZR D1, lançado em março de 2013, que também possuía como um dos destaques a sintonização de TV digital. O avanço foi notável: o processador, antes um Mediatek de 1 GHz, agora é um Snapdragon 200 dual-core de 1,2 GHz. A tela, que tinha apenas 3,5 polegadas e resolução de 480×320 pixels no RAZR D1, foi significativamente melhorada: o Moto E possui visor de 4,3 polegadas e resolução de 960×540 pixels.

Apesar de possuir uma tela com definição de 256 pixels por polegada, inferior a do Moto G, na prática a diferença é quase imperceptível — eu diria até que as telas são equivalentes. O brilho da tela é alto, embora esteja bem longe de um topo de linha da LG, e o nível de preto é satisfatório. Somando isso ao Gorilla Glass 3, o Moto E tem, provavelmente, a melhor tela do mercado brasileiro em um smartphone de menos de 600 reais.

Como de costume, a Motorola quase não mexeu no Android. As poucas adições ao sistema incluem o Migração Motorola, aplicativo que importa contatos, registros de chamada e outros dados do seu smartphone antigo; o Assist, que executa ações de acordo com a localização e horário; e o aplicativo para sintonizar TV digital, um recurso disponível apenas no modelo mais caro, de 599 reais, e apenas no Moto E vendido no Brasil e na Argentina.

O aplicativo de TV digital mostra a grade horária dos canais e permite gravar a programação em *.mp4. De acordo com a Motorola, é necessário ligar a antena no conector do fone de ouvido para “aumentar a qualidade da TV móvel”. Pode ser que eu esteja com má sorte, mas até agora eu não consegui sintonizar nenhum canal sem a antena conectada, então você provavelmente levará a antena para todo canto se quiser assistir à TV.

Em relação ao design, temos um aparelho bastante familiar, com a curvatura na traseira presente também no Moto X e Moto G. A maior diferença na carcaça está no alto-falante, que fica na parte frontal do aparelho, uma característica que pode melhorar a qualidade do som ao assistir a vídeos, segundo a Motorola. A tampa traseira é removível, mas a bateria é fixa: você terá acesso apenas aos slots para o microSD e os dois SIM cards (Micro-SIM).

A maior expectativa em torno de um Android de baixo custo recai sobre o desempenho, claro. Nós já vimos diversos smartphones que, embora fossem muito baratos, deixavam muito a desejar, com travamentos constantes e lentidões insuportáveis. O Moto E tem um SoC relativamente novo, o Snapdragon 200, que traz processador dual-core de 1,2 GHz e uma GPU simples, a Adreno 302.

O Snapdragon 200 é competente, mas não causa aquela sensação extremamente positiva do Moto G, que possuía um desempenho bem acima da média para sua faixa de preço. No Moto E, eu percebi alguns engasgos nas animações do sistema, principalmente no Chrome, e os gráficos do Fruit Ninja também deram travadinhas. Não chega a ser irritante, mas já ficou claro que a Adreno 302 e os núcleos Cortex-A7 da CPU não vão fazer nenhum milagre.

Outro ponto negativo no Moto E, mas que já era esperado quando lembramos do histórico da Motorola, é a qualidade da câmera. Embora tenham a mesma resolução de 5 megapixels do Moto G, as fotos da câmera do Moto E são ainda piores. As fotos têm baixa definição e o agressivo pós-processamento remove muitos detalhes das imagens. Até dá para compartilhar as fotos em tamanho pequenininho nas redes sociais, mas não há muito para se aproveitar.

Abaixo você confere alguns exemplos de fotos tiradas com o Moto E. Elas não passaram por nenhum tratamento e os dados EXIF foram mantidos.

Pelo que o Moto E mostrou até agora, ele é uma opção válida no mercado. É verdade que o preço está muito próximo ao do Moto G, mas o Moto E deverá ter seu público, com dois chips já no modelo mais barato e TV digital por um pequeno adicional — características que fazem a diferença entre o público que procura um aparelho básico. Com as promoções das lojas online, não duvido que o Moto E em breve apareça por cerca de 400 reais por aí. Seria bom ter um modelo single SIM com preço mais agressivo, mas já que ele não veio…

Ainda precisamos dar uma olhada melhor na duração da bateria, no desempenho no dia a dia e em vários outros detalhes. Estamos com uma unidade do Moto E em mãos e o review completo sai nos próximos dias.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.