Promessa de cartões microSD de 2 TB para celulares pode não virar realidade

Além de serem muito caros, cartões microSD de alta capacidade são usados por somente 0,3% dos usuários em todo o mundo, segundo a Kingston

Murilo Tunholi
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Cartões microSD (Imagem: Tecnoblog)

As fabricantes de celulares gostam de divulgar que seus aparelhos suportam cartões microSD de até 2 TB. Além disso, a SD Association aprovou, em 2009, a criação de cartões com essa capacidade de armazenamento. Apesar disso tudo, ainda não é possível encontrar componentes desse tipo em nenhum lugar, e o motivo é simples: eles não seriam nem um pouco acessíveis.

Ainda existe uma parcela grande de usuários que depende de cartões microSD, em especial pessoas que não podem comprar celulares topo de linha com muito armazenamento. Esse público específico que busca smartphones mais baratos tende a ficar satisfeito com 256 GB de espaço, em média, pois não guardam muitas fotos sem compressão ou vídeos em 4K, nem mantém dezenas de jogos pesados instalados no smartphone.

Pensando nisso, algumas fabricantes de celulares passaram a abandonar o suporte à expansão de armazenamento em seus aparelhos mais caros. A Apple, por exemplo, nunca permitiu aumentar o espaço livre dos iPhones. Já a Samsung decidiu tirar o slot para cartões microSD dos smartphones a partir do Galaxy S21. Assim, quem precisar de mais espaço deverá gastar mais dinheiro em um modelo com capacidade maior.

A Samsung e algumas outras fabricantes ainda mantêm a entrada para cartão microSD em aparelhos básicos e intermediários, por esses modelos serem os mais buscados em países em desenvolvimento, como o Brasil. Porém, esse mercado não vê necessidade em ter 2 TB de armazenamento em um celular. Por isso, não haveria procura por cartões com tanta capacidade assim, muito por causa do preço.

Aqui no Brasil, um cartão microSD de 128 GB pode ser encontrado no varejo por cerca de R$ 150. Enquanto isso, um cartão de 1 TB pode passar dos R$ 1 mil, dependendo da velocidade de leitura e gravação. Se seguirmos esse padrão de preços, um cartão de 2 TB poderia ultrapassar os R$ 2 mil — mesmo custo de um smartphone de ótima qualidade com armazenamento interno suficiente para uso amador no dia a dia.

Cartões de 2 TB seriam legais, mas ninguém compraria

A SD Association ainda considera haver um “futuro brilhante” para os cartões microSD, principalmente em aparelhos que não sejam smartphones, como câmeras de ação, drones, videogames portáteis, óculos de realidade virtual, entre outros. Apesar disso, o possível preço de um cartão microSD de 2 TB ainda ficaria fora da realidade da maioria dos usuários.

A própria Kingston disse, em um e-mail enviado ao Android Authority, que ainda não há demanda para essa quantidade de armazenamento em cartões microSD. Na mensagem, a fabricante disse o seguinte:

“A tecnologia para fazer cartões de mais de 1 TB existe e alguns concorrentes já a implementaram; no entanto, a necessidade de um grande armazenamento “temporário” por meio de cartões de memória ainda é um nicho de mercado muito pequeno (pense em sistemas de entretenimento em aviões), que representa apenas cerca de 0,3% das unidades enviadas [em todo o mundo]. Por isso, preferimos esperar que o mercado amadureça para que possamos oferecer uma solução acessível que atenda às necessidades de nossos clientes”.

Kingston.

Em resumo, não existem cartões microSD de 2 TB porque ninguém precisa deles, pelo menos por enquanto. Quando essa demanda existir, é possível que nem haja mais espaço no mercado, até porque os SSDs estão cada vez mais rápidos e menores em dimensões. Talvez, no futuro, apareçam espécies de “microSSDs” de 2 TB em vez de cartões microSD.

Com informações: Android Authority.

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Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Ex-autor

Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.

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