Rússia muda de ideia sobre OneWeb e deve barrar lançamento de satélites
A agência espacial russa havia confirmado o lançamento de 36 satélites com o foguete Soyuz, mas agora a ação depende de imposições feitas a países rivais
A agência espacial russa havia confirmado o lançamento de 36 satélites com o foguete Soyuz, mas agora a ação depende de imposições feitas a países rivais
A Rússia está usando a empresa de internet via satélite OneWeb para realizar imposições a países rivais, durante os conflitos com a Ucrânia. Desse modo, o lançamento de um foguete com os equipamentos da startup, previsto para o dia 4 de março, pode acabar não acontecendo. Entre as demandas russas, está o afastamento do Reino Unido, que atualmente é um dos investidores da companhia.
O foguete russo Soyuz tem sido o meio de transporte de satélites da OneWeb ao espaço nos últimos anos. A empresa, que tem sede em Londres e concorre com a Starlink de Elon Musk, faz lançamentos com lotes de até 36 satélites por vez para completar sua “constelação” — dos 648 satélites programados inicialmente, 428 foram lançados com sucesso.
Até o início desta tarde, a Rússia não havia descartado o lançamento previsto para a sexta-feira (4), no Cazaquistão, apesar das sanções econômicas sofridas após os ataques às cidades ucranianas. Agora, porém, a agência espacial Roscosmos exige que suas demandas sejam atendidas, sob ameaças de suspensão do envio dos satélites da OneWeb ao espaço.
Uma das demandas da Rússia é que o Reino Unido, membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), venda a sua parte nas ações da OneWeb. O ultimato veio por meio do perfil da Roscosmos no Twitter. Segundo a agência espacial do Kremlin, o grupo — que engloba Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte — adotou uma “postura hostil” em relação à Rússia.
Mas Kwasi Kwarteng, secretário de Negócios e Energia britânico, afirma que não há chances de um recuo do Reino Unido, que investiu cerca de US$ 500 milhões na empresa em 2020. Segundo o parlamentar, o governo está em contato com outros acionistas da OneWeb para discutir os próximos passos.
Além disso, a Rússia pede garantia de que os satélites da OneWeb não serão utilizados para fins militares. De acordo com Dmitry Rogozin, diretor geral da estatal, o prazo para que as demandas sejam atendidas é até 21h30 (horário de Moscou) do dia 4 de março. Caso isso não aconteça, ele afirma que o foguete será removido da base de lançamento.
A força da decisão gerou algumas dúvidas relacionadas ao prejuízo causado — mas a Roscosmos disse que atrasar o lançamento “não traria danos econômicos”, já que o foguete já estava pago e poderia ser utilizado para outro voo, caso não lance os satélites da OneWeb.
Por outro lado, o chefe de Governo, Regulamentação e Engajamento da OneWeb, Chris McLaughlin, disse em entrevista ao Verge que foi pego de surpresa pela mudança de decisão russa a poucos dias do lançamento.
Ele também informou que a equipe da OneWeb que estava no cosmódromo de Bainkonur para este evento está voltando para casa. “A partir de agora, formalmente, se você me perguntar, nossos lançamentos estão suspensos”, comentou. Quanto aos satélites, ainda não há indícios de que eles serão devolvidos para a empresa, segundo o executivo.