Sindicato do Porto de Santos marca protesto contra Amazon na Black Friday
Coalizão mundial de funcionários da Amazon espera protestos contra a varejista ao redor do mundo; no Brasil, sindicato pede melhores condições de trabalho
Coalizão mundial de funcionários da Amazon espera protestos contra a varejista ao redor do mundo; no Brasil, sindicato pede melhores condições de trabalho
O Sindicato de Empregados Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Settaport) vai realizar um protesto contra a Amazon nesta sexta-feira (26), data da Black Friday. A associação, que representa os trabalhadores do Porto de Santos, espera reunir 12 mil funcionários no ato público, que vai pedir por melhoria nas condições de trabalho e que Amazon pague seus impostos no Brasil. A manifestação faz parte de um movimento global.
A Amazon será alvo de diversos protestos por todo o mundo durante a Black Friday, uma das datas de maior volume de vendas para a varejista. Segundo a Vice, a coalização global de trabalhadores da varejista — e que também reúne ONGs como o Greenpeace — chamada Make Amazon Pay, planeja atos em pelo menos 20 países onde a norte-americana atua.
No Brasil, a manifestação será liderada pelo Settaport. Outras centrais sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), também devem comparecer ao ato público em frente à prefeitura de Santos, às 12:00. Um porta-voz do sindicato dos trabalhadores portuários confirmou ao Tecnoblog que pelo menos 12 mil trabalhadores serão convocados para a manifestação.
Dentre as principais reivindicações do protesto contra a Amazon no Brasil estão o aumento de salário de todos os funcionários que atuam em armazéns da varejista, incluindo o pagamento de bônus por horários de maior demanda.
Além disso, o ato público deve pedir pela melhora das condições de trabalho dos funcionários da Amazon e do Porto de Santos. Para a varejista norte-americana, funcionários pedem um “horário de pausa” mais amplo, e pelo fim do que é considerado um “severo regime de produtividade e vigilância que a Amazon dispõe para pressionar os trabalhadores”. Já para os trabalhadores portuários, a manifestação é pelo fim da precarização da jornada de trabalho e contra um projeto de lei do deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ) que flexibiliza a contratação de mão de obra em portos brasileiros.
Outra demanda é de que a companhia divulgue publicamente o protocolo de medidas de segurança sobre a COVID-19; a Amazon deve tornar público seu sistema de rastreamento e relatório de casos da doença, assim como listas atualizadas de empregados infectados e mortos pelo coronavírus, por galpão.
Já na cartilha da Make Amazon Pay, uma das principais pautas das manifestações globais é o fim de todas as formas de emprego informal e autônomo.
Francisco Nogueira, presidente do Settaport e vereador de Santos pelo PT (Partido dos Trabalhadores), disse ao Tecnoblog que o protesto é simbólico por reunir trabalhadores do maior porto da América Latina em solidariedade aos trabalhadores da Amazon. Ele acrescenta:
“Na realidade, é por que estamos entrando na Black Friday, e o trabalhador portuário tem tudo a ver. Queremos jogar luz na Amazon, uma empresa que vem explorando os trabalhadores, não obedece a legislação brasileira e evita de pagar impostos por meio de dispositivos judiciais.”
O protesto também terá participação da CUT por meio da subsede do sindicato na baixada santista.
Procurada pelo Tecnoblog, a Amazon conta que “está trabalhando em diversas áreas para desempenhar um papel positivo significativo junto às comunidades em que atua, aos seus associados e ao planeta como um todo”.
A empresa continua:
“Estamos constantemente investindo em nossas pessoas, oferecendo salários competitivos em relação ao mercado, benefícios diferenciados aos nossos colaboradores e promovendo acesso a programas de saúde e segurança em nossas Operações. Em relação às mudanças climáticas, também estamos comprometidos com nosso objetivo de zerar a emissão de carbono líquido até 2040, no âmbito da inciativa Climate Pledge.”
Uma das principais demandas do ato público do ato do Settaport é de que a Amazon pare de sufocar tentativas dos funcionários de se organizarem em sindicatos — algo que ela é acusada de fazer nos Estados Unidos.
Quando trabalhadores do armazém da companhia em Bessemer, no Alabama, realizaram eleições para decidir se formavam um sindicato, a Amazon ameaçou os funcionários e feriu leis trabalhistas, segundo uma investigação da National Labor Relations Board (NLRB).
O pleito inicial aconteceu em abril. A opção de não sindicalização venceu por mais do que o dobro de votos.