Telegram é multado por se recusar a fornecer dados ao governo russo

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 semanas
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Os governos querem a todo custo as informações trocadas nos aplicativos de mensagens — e não apenas no Brasil. O Telegram foi multado pela Rússia em 800 mil rublos, o equivalente a R$ 44 mil, por se recusar a instalar um backdoor que permitiria o monitoramento dos usuários por parte da agência de inteligência russa.

Tudo começou em julho, quando as autoridades russas enviaram uma notificação para o escritório do Telegram em Londres, exigindo que o serviço descriptografasse mensagens enviadas por seis números de telefone. O Telegram se recusou a colaborar com a FSB (sucessora da KGB) e, em setembro, o governo entrou com uma ação para punir a companhia.

Na rede social VK, o cofundador Pavel Durov diz que as exigências feitas pela agência de inteligência, tais como revelar as mensagens trocadas, “não são tecnicamente possíveis”. Além disso, a FSB estaria agindo contra a Constituição da Federação Russa, que garante o direito à privacidade de correspondência, conversas telefônicas, cartas, telegramas e outras mensagens.

O aplicativo possui mais de 100 milhões de usuários. Na Rússia, onde Durov nasceu, o Telegram é criticado por ser muito fechado, o que o tornaria a “ferramenta perfeita para terroristas”. Como lembra a Forbes, Durov já enfrentou problemas por se recusar a remover conteúdos na rede social VK, na qual também é fundador. Atualmente, ele está exilado “em algum lugar entre a Finlândia e a Ilha de São Cristóvão”.

O Telegram tem 10 dias para recorrer. Especula-se que a Rússia possa obrigar as operadoras de internet a banirem o aplicativo de suas redes caso o Telegram não colabore com o governo. No Brasil, situações parecidas já resultaram no bloqueio do WhatsApp por três vezes.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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