Empresa por trás do YotaPhone (smartphone com e-ink) vai à falência
Além da tela principal, YotaPhone tinha display e-ink na traseira, mas ideia não vingou
Além da tela principal, YotaPhone tinha display e-ink na traseira, mas ideia não vingou
O YotaPhone foi lançado no finalzinho de 2013 com uma proposta inusitada: permitir que o usuário execute determinadas tarefas com uma tela e-link na traseira do aparelho e, assim, poupe bateria. A linha chegou à terceira geração, mas não vai além disso: a Yota, empresa responsável pelo projeto, está falida.
A terceira e última geração, o YotaPhone 3, foi anunciado em 2017 e trouxe avanços significativos em relação aos modelos anteriores, incluindo uma tela AMOLED frontal de 5,5 polegadas, 4 GB de RAM, 64 GB ou 128 GB de armazenamento, câmera traseira de 12 megapixels e processador Snapdragon 625.
Mas, a exemplo dos antecessores, a segunda tela continuava lá, na traseira. Por ser e-ink — é o mesmo tipo de tecnologia que aparece na linha Amazon Kindle, por exemplo —, o usuário podia ler textos a partir dela para ter mais conforto visual ou simplesmente usá-la em determinadas aplicações para poupar bateria.
Apesar de o YotaPhone 3 ter chegado à terceira geração, nos bastidores, a situação era dramática. Para começar, as vendas foram muito menos expressivas do que o necessário: cerca de 75 mil unidades, se somadas as duas primeiras gerações. Depois, em 2015, a Yota não conseguiu enviar o YotaPhone 2 aos Estados Unidos, mesmo tendo alcançado a sua meta de arrecadação no Indiegogo.
Nesse meio tempo, a Yota acabou sendo processada em US$ 126 milhões pela Hi-P Electronics, companhia de Singapura que forneceu telas para as duas primeiras gerações do YotaPhone. A disputa judicial foi motivada por vários conflitos, mas a principal é que a Yota não aceitou receber a quantidade de telas que havia sido combinada, um claro indício de que a empresa vendeu menos do que esperava.
Diante de tantos problemas, como a terceira geração do YotaPhone 3 chegou a ser anunciada? A empresa simplesmente mudou a sua sede da Rússia para a China e, lá, conseguiu acordos com fábricas e investidores locais para lançar o terceiro modelo. Nesse processo, a maior parte das ações da Yota foi assumida por um consórcio chinês.
Parecia que a situação iria melhorar a partir daí. A Yota chegou a fechar um acordo com o qual topou pagar US$ 17 milhões à Hi-P Electronics para encerrar a disputa judicial. Porém, em dado momento, a empresa de Singapura cobrou mais US$ 1 milhão, valor que a Yota já não tinha condições de pagar.
Não havia mais saída: um tribunal nas Ilhas Cayman declarou a falência da Yota (PDF) no início do mês. É o desfecho de uma ideia que chamou atenção, mas pouco convenceu.
Com informações: The Verge, Liliputing.