Há uma lista de aplicativos de mensagens mais ou menos populares entre os usuários. De acordo com dados globais da Statista, para abril de 2019, 1,6 bilhão de usuários acessavam o WhatsApp mensalmente. O alcance do aplicativo e a penetração de uso são particularmente fortes em mercados fora dos Estados Unidos, é um fenômeno.

Outros nomes, porém, seguem no mercado de nicho. Ora porque são adotados com maior afinco em uma determinada região, ora porque oferecem recursos específicos para usuários mais exigentes. É o caso do Signal, o chamado “mensageiro privado”.

Os mensageiros mais populares do mundo MAU* – Statista

  1. WhatsApp – 1,6 bilhão
  2. Facebook Messenger – 1,3 bilhão  
  3. WeChat – 1,098 bilhão
  4. QQMobile – 807 milhões
  5. Skype – 300 milhões
  6. Snapchat – 287 milhões
  7. Viber – 260 milhões
  8. Telegram – 200 milhões

*monthly active users

Aplicativo usado por Snowden

Você deve ter notado que o Signal Private Messenger, disponível para Android, iOS (iPhone) e desktop, famoso por ter sido usado pelo ex-analista da CIA, Edward Snowden, nem aparece na lista. É um aplicativo de nicho, voltado para conversas seguras, individuais ou em grupo. E, embora apareça aqui e ali na mídia, poucos o adotaram.

Em comparação com o  bilhão de usuários do WhatsApp, a base de usuários da Signal é minúscula. Os desenvolvedores afirmam que não divulgam estatísticas sobre quantos usuários eles têm. Mas, a loja do Google Play, para o Android, informa que o aplicativo foi baixado mais de 10 milhões de vezes. A App Store, do iPhone, não revela esse dado.

Sem sinal de publicidade

Criado por um grupo independente de desenvolvedores de software em 2014, chamado Open Whisper Systems, o Signal é um projeto de código aberto financiado por meio de prêmios e doações. Dessa forma, o Signal afirma que pode priorizar usuários, sem mirar seus esforços em monetização. Ou seja, trata-se de uma solução sem anúncios e sem o que chamaram de “rastreamento sinistro”. Só comunicação rápida, simples e segura.

Sem publicidade para segmentar e compartilhar informações, o Signal armazena, intencionalmente, o menor número possível de dados do usuário do seu mensageiro. O fato de o Signal ser um sistema de código aberto permite que o aplicativo esteja disponível para especialistas inspecionarem falhas ou brechas na prometida segurança.

Signal Mac

O fundador do grupo é conhecido como Moxie Marlinspike, um ciberpunk que não parece se encaixar no perfil clássico dos empresários do Vale do Silício, nem de acadêmicos. E, que, raramente, concede entrevistas, como a que deu ao The Intercept.

O mensageiro privado

De acordo com Marlinspike, toda a comunicação feita de Signal para Signal é privada e criptografada de ponta a ponta e nem a Open Whisper Systems, responsável pelo código, tem as chaves para decifrá-las. Mas você deve estar se perguntando sobre os metadados das mensagens, a lista de contatos no seu telefone e os backups na nuvem.

É aí que a abordagem do Signal muda radicalmente. A política de privacidade é curta e concisa. Ao contrário do WhatsApp, o Signal não armazena metadados de mensagens. Marlinspike, afirma que a informação mais próxima dos metadados que o servidor do Signal armazena é a última vez que cada usuário se conectou. A precisão dessa informação é pobre, reduzida ao dia, em vez da hora exata em que ocorreu esse acesso.

Sobre a lista de contatos, funciona da seguinte forma: certamente, você vai compartilhar essa informação com o aplicativo para encontrar os seus amigos. Contudo, o Signal não envia sua lista pura para o servidor. Em vez disso, usa uma função hash para alterar a combinação dos números de telefone antes de enviá-los. O servidor responde com os contatos que você tem que já estão no Signal e, em seguida, descarta essa informação.

Não tem backup na nuvem

Neste ponto, o Signal atrai ou espanta os usuários. Não existe backup na nuvem. O que é visto como um problema no WhatsApp, que usa a nuvem de terceiros (como iCloud, da Apple, e Google Drive), não acontece com o Signal porque ele não oferece armazenamento online. O Telegram tem uma alternativa ao “chat secreto”, com criptografia cliente-servidor/servidor-cliente, para manter o backup na própria nuvem.

Com isso, não há risco de que, acidentalmente ou não, suas mensagens privadas sejam fornecidas a qualquer empresa de terceiros ou governos. Entretanto, isso também quer dizer que se você perder seu telefone, perderá todo o histórico de chat junto com ele. 

Signal Desktop

É verdade que a versão Android do Signal permite que os usuários façam um backup local. Basta exportar e importar dados do aplicativo. Mas só funciona se você estiver trocando para um telefone novo e ainda tiver o antigo. A versão do iOS do Signal não oferece essa opção. E, no desktop, o aplicativo funciona sempre vinculado ao celular.

Caso um governo exija que a Open Whisper Systems entregue o conteúdo ou os metadados de uma troca de mensagem no Sigal, uma lista de contatos ou qualquer outra informação mais complexa, o grupo não pode entregar nada. Não há nada lá.

O Signal usa Curve25519, AES-256 e HMAC-SHA256. A segurança desses algoritmos foi testada ao longo de muitos anos. A partir disso, a equipe criou o Protocolo Signal e outros serviços de mensagem utilizam esse sistema. Mais detalhes aqui e aqui.

Signal vs Apps populares  

No quesito segurança, o Signal de destaca de WhatsApp e companhia. Contudo, usá-lo, significa conviver com um app de mensagens útil, não um poço de novidades com milhões de figurinhas e recursos divertidos. Para começar, você provavelmente terá que convencer amigos, familiares e/ou colegas de trabalho a usar um aplicativo a mais.

O Signal também recebe melhorias em um ritmo mais lento do que os seus concorrentes, devido a equipe enxuta que trabalha na plataforma. A Open Whisper Systems tem apenas dez funcionários no total, de acordo com a página no LinkedIn. 

Atualmente, o Signal é compatível com Android, iOS, Windows, macOS e Linux. Tablets não estão entre os dispositivos suportados, mas telas maiores estão nos planos futuros.

Signal Chamada

O que o Signal oferece?

  • Mensagens de texto com um protocolo avançado de criptografia ponta a ponta que garante privacidade a todas as mensagens trocadas usando o aplicativo.
  • Bate-papo em grupo criptografado para falar com várias pessoas ao mesmo tempo. O servidor não tem acesso a nenhuma informação: lista de membros, título ou ícone.
  • Chamadas de voz e vídeo, de qualidade cristalina, para pessoas que vivem do outro lado da cidade ou do outro lado do oceano, sem tarifas de longa distância.
  • Envio de mídias como foto, vídeo, áudio, documentos, gifs, contatos e emojis.
  • Mensagens que se auto-destroem tanto no remetente quanto no destinatário.

Como funciona o login do Signal? Basta baixar o app, informar seu celular e confirmar o código enviado por SMS. É possível usar o Signal em apenas um smartphone por vez. 

Com informações: Statista, The Intercept, Wired, LinkedIn e Signal

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Autor(a)

Melissa Cruz Cossetti

Melissa Cruz Cossetti

Ex-editora

Melissa Cruz Cossetti é jornalista formada pela UERJ, professora de marketing digital e especialista em SEO. Em 2016 recebeu o prêmio de Segurança da Informação da ESET, em 2017 foi vencedora do prêmio Comunique-se de Tecnologia. No Tecnoblog, foi editora do TB Responde entre 2018 e 2021, orientando a produção de conteúdo e coordenando a equipe de analistas, autores e colaboradores.