AirPods (2019): som prático para quem já usa Apple

Os AirPods são os fones de ouvido totalmente sem fio mais vendidos do mundo, mas será que vale a pena comprar um?

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses
Apple AirPods (2019)

Os AirPods são os fones de ouvido totalmente sem fio mais vendidos do mercado. Eles foram lançados no final de 2016, se tornaram muito populares e ganharam uma segunda geração em 2019, com uma versão que suporta recarga sem fio, tem mais integração com a assistente pessoal Siri e traz um novo chip de áudio que promete menor latência e maior duração de bateria em chamadas.

Mas será que a qualidade de som dos AirPods é boa? A bateria dura bastante? E esse negócio não cai da orelha, não? Eu estou usando os novos AirPods há um mês e conto minhas impressões nos próximos minutos.

Análise dos Apple AirPods (2ª geração) em vídeo

Design e conforto

Apple AirPods (2019)

O design dos AirPods representa a naturalização do esquisito: a Apple parece que pegou os EarPods, que vêm na caixa dos iPhones, e “cortou” os fios que uniam os lados. O resultado é uma dupla bem chamativa, que faz os outros pensarem que você está com cigarros nas orelhas ou algo parecido. Mas, justamente por isso, o design se torna a propaganda ambulante do produto. E, depois que você vê alguém na rua com os AirPods (ou uma imitação) pela enésima vez, o estranhamento desaparece.

Apple AirPods (2019)

Gostos pessoais à parte, o formato de earbuds torna os AirPods muito confortáveis — nem parece que você está com eles no ouvido. Como cada lado é muito leve, pesando 4 gramas, eles quase não fazem força para baixo, o que também evita que caiam no chão ou, pior, em algum bueiro ou trilho do metrô, levando junto uma bela quantia de dinheiro: a Apple cobra R$ 479 por fone perdido.

Apple AirPods (2019)

O estojo de carregamento é construído em plástico branco com acabamento brilhante e parece uma caixinha de fio dental. Ele só tem um botão, o de pareamento, que fica na traseira — mas que você provavelmente só vai usar uma vez na vida, caso tenha um iPhone. Dá para encher a bateria tanto por meio de um cabo Lightning quanto, no caso desta versão mais cara, com um carregador sem fio no padrão Qi.

Então vem a pergunta: será que esse troço não fica caindo da orelha, não? Eu decidi testar os AirPods em uma condição mais extrema: botei uma música e saí para correr. Nos primeiros 2 km, eu sempre ficava tentando ajustar os fones, porque parecia que eles iriam cair. Mas, do quilômetro 2 ao 10, eu me policiei para não levar a mão à orelha nenhuma vez e ver o que acontece.

E o resultado é que os AirPods não caíram, embora a sensação de que eles ficavam “soltos” ali no canal auditivo estivesse sempre presente. Mas, depois desse primeiro dia de teste, eu não me preocupei mais em ficar mexendo nos fones e não tive nenhum problema. É mais uma questão de ganhar confiança mesmo.

Recursos e conectividade

Apple AirPods (2019)

Se tem uma coisa que a Apple sabe fazer direito, é integrar bem os seus produtos. Isso fica muito claro nos AirPods: assim que você abre a caixinha pela primeira vez, uma janela flutuante surge na tela do iPhone, mostrando os níveis de bateria. Caso ainda não tenha pareado os AirPods, é só tocar em um botão. A partir daí, as informações de conexão Bluetooth ficam armazenadas na sua conta do iCloud.

Isso significa que dá para usar os AirPods no iPhone, no Apple Watch e no Mac sem precisar ficar pareando novamente os fones de ouvido — é só selecionar os AirPods nas configurações de som e a conexão é feita de maneira transparente. Parece uma comodidade boba, mas é com essa simplicidade que qualquer dispositivo sem fio deveria funcionar.

Apple AirPods (2019)

Quanto aos diferenciais de software, você não vai encontrar nada muito especial nos AirPods. Diferente de outros fones de ouvido totalmente sem fio, que trazem aplicativos com equalizadores, efeitos sonoros e às vezes até memória interna para músicas, nos pares da Apple o máximo que dá para fazer é mudar o comportamento deles quando você toca duas vezes em um dos lados — tem como trocar de faixa, ativar a Siri ou pausar a música, por exemplo.

Apple AirPods (2019)

A simplicidade dos AirPods também revela um ponto negativo: eles ficam muito limitados se você quiser usá-los em dispositivos que não sejam da Apple. Em um celular Android, não tem como trocar o comportamento do sensor de toque, ver o nível detalhado de bateria de cada fone ou do estojo de carregamento, nem fazer com que os fones pausem a música automaticamente quando você tira eles do ouvido. É um produto que não faz muito sentido se você não tiver um iPhone e um Apple Watch.

Qualidade de som e bateria

A qualidade de som dos AirPods é boa. É um som fácil de agradar, embora não tenha nenhuma intenção de surpreender audiófilos. A assinatura sonora é bem parecida com a dos EarPods: eles têm ótima presença nos graves, o que favorece as músicas com muitas batidas. É um ganho muito bem feito: você não vai sentir os sub-graves, o que seria quase impossível devido ao formato dos fones, mas, ao mesmo tempo, os médios não ficam embolados.

Ele tem uma sonoridade um pouco mais aberta que a dos Galaxy Buds, por exemplo, o que me agrada, mas pode ser visto como brilhante demais por algumas pessoas e às vezes até um pouco agressivo. Isso porque os AirPods privilegiam bastante os médios, deixando as vozes em evidência e com bastante detalhamento — para o bem e para o mal.

Apple AirPods (2019)
Apple AirPods (2019) e Samsung Galaxy Buds

A grande polêmica dos AirPods é o próprio design deles. Os earbuds sofrem preconceito por serem o mesmo formato adotado por fones de ouvido baratos, daqueles que as fabricantes de celulares mandam na caixa só por obrigação. No caso dos AirPods, a sonoridade é muito melhor: são os melhores earbuds que eu já ouvi. No entanto, por melhor que sejam, eles são… apenas earbuds.

Ou seja, a boa qualidade de áudio dos AirPods só será aproveitada em condições perfeitas, aquelas que não existem na rua, dentro do metrô ou em uma cafeteria. Os graves são bons, mas não chegam perto de um bom intra-auricular. E não existe nenhum isolamento de ruído aqui. Em resumo, são fones que eu gosto muito de usar no escritório e para correr, mas que não são os mais adequados nos deslocamentos diários.

Apple AirPods (2019)

Se for usar na rua, pelo menos os microfones dão conta do recado. A Apple diz que os AirPods têm um “acelerômetro com detecção de voz que reconhece quando você está falando e trabalha com um par de microfones com filtragem espacial”. Seja lá como for, a voz tem aquela compressão típica do Bluetooth, mas a qualidade nas chamadas é boa, permitindo que a pessoa do outro lado entenda bem o que você está falando.

A bateria não é nada de outro mundo, mas é decente: nos meus testes, com o volume no médio, escutando músicas e podcasts por meio de um iPhone XS, eles aguentaram 5h16min até o lado esquerdo desligar (o direito ainda tinha 6% de carga). É uma duração em linha com a promessa de cinco horas da Apple, mas que fica atrás das seis horas de alguns concorrentes.

A vantagem é a recarga extremamente rápida. Logo após o teste de bateria, eu coloquei os AirPods no estojo de carregamento; quinze minutos depois, os fones já estavam com 73% e 78% de carga. Em pouco mais de 40 minutos, a bateria estava completa. São fones que dificilmente vão te deixar na mão antes do final do dia.

Vale a pena?

Apple AirPods (2019)

Se você tem um celular Android, um computador com Windows e um smartwatch que não roda watchOS, já pode parar por aqui: não faz nenhum sentido comprar os AirPods. A única exceção fica por conta de quem realmente faz questão de um earbud, um formato que quase não existe mais nas lojas, ainda mais no modelo totalmente sem fio. Para todo o resto, minha recomendação nessa categoria seria o Samsung Galaxy Buds.

Já para quem usa outros produtos da Apple, os AirPods são uma opção interessante de fones de ouvido wireless se você estiver disposto a pagar os R$ 1.349 que a Apple pede neles, ou R$ 1.679 na versão com estojo de recarga sem fio — um recurso que uso bastante no celular, mas que quase não aproveitei nos AirPods. Fato é que eles não são nenhuma pechincha, seja comprando no Brasil ou no exterior.

No final das contas, apesar do preço, os AirPods são um produto simples de recomendar — não é por acaso que se tornaram o segundo maior lançamento da Apple em número de vendas. Eles não são os melhores em nada, mas fazem bem quase tudo: o som é de boa qualidade, a bateria suporta as demandas do dia a dia e a praticidade de uso é algo que outras marcas ainda não conseguiram atingir.

Especificações técnicas

  • Conectividade: Bluetooth 5.0 com chip H1;
  • Codecs: AAC;
  • Baterias:
    • Estojo de recarga sem fio: mais de 24 horas de som e até 18 horas de conversação;
    • AirPods (cada lado): cinco horas de som e três horas de conversação;
  • Sensores: microfones duplos com filtragem espacial, dois sensores ópticos, acelerômetro com detecção de movimento, acelerômetro com detecção de voz;
  • Compatibilidade: iOS 10 ou superior, watchOS 3 ou superior e macOS Sierra ou superior (para alternância rápida entre dispositivos);
  • Dimensões:
    • Estojo de recarga sem fio: 44,3×21,3×53,5 mm;
    • AirPods (cada lado): 16,5x18x40,5 mm;
  • Peso:
    • Estojo de recarga sem fio: 38 gramas;
    • AirPods (cada lado): 4 gramas.

AirPods (2019)

Prós

  • Conexão confiável e prática para dispositivos Apple
  • É tão confortável que nem parece que você está usando fones
  • Mais fácil de usar que isso, impossível
  • Médios bem representados e definição na medida

Contras

  • Formato é ame ou odeie: se não encaixar no seu ouvido, pena
  • Graves perdem muita força com design aberto
  • Tem hora que você ouve mais o barulho da rua do que a música
Nota Final 7.1
Agudos
8
Bateria
7
Conectividade
9
Conforto
9
Design
6
Graves
5
Isolamento
3
Médios
9
Recursos
8

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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