Review Fone Bluetooth Realme Buds Q: acessível e meio eclético
O Buds Q é o fone de ouvido TWS acessível da Realme com boa atuação, mas pode abusar na estridência em faixas agitadas
O Buds Q é o fone de ouvido TWS acessível da Realme com boa atuação, mas pode abusar na estridência em faixas agitadas
Os fones de ouvido Bluetooth deslancharam e a Realme não quer ficar de fora desse segmento no Brasil. O Buds Q é o primeiro TWS da chinesa lançado no país por R$ 229, um bom preço que faz ele competir com outros wearables de entrada. O modelo tem bateria de longa duração (até 20 horas), controle com toque inteligente e Bluetooth 5.0.
Mas como esse fone se comporta? Será que ele consegue ser melhor que o Edifier X3 e o Redmi AirDots 2? A bateria dura mesmo? É o que vamos descobrir agora. Eu usei o Realme Buds Q com vídeo, música, jogos e também em videoconferência, e compartilho a minha experiência de uso neste review.
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O Buds Q foi fornecido pela Realme por doação e não será devolvido à empresa. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
A equipe da Realme recorreu ao designer francês José Levy para projetar o Buds Q, que é inspirado em cascalhos. Eu sei que nem todo mundo liga para isso, afinal o que importa é o som, mas é bom ver a marca se preocupar com o visual e não optar pelo Control C + Control V, como acontece frequentemente no setor de fones TWS.
A Realme afirma que estes earbuds são mais leves que uma folha de papel sulfite, cada um pesa 3,6 gramas. Eu vou confessar que não senti nenhuma diferença significativa quando comparei com o A4. De qualquer forma, eu tenho que ressaltar que o Buds Q é incrivelmente leve.
Eles se encaixam perfeitamente no canal auditivo e são confortáveis, mas isso não significa que você não vai sentir um leve desconforto após horas com os fones ligados, nada absurdo. Na caixa, a empresa adicionou outras ponteiras (P e G) que seguem a cor do produto, lembrando que o Buds Q está disponível em branco, preto e amarelo. Os fones ainda são resistentes à água e ao suor (IPX4), boa notícia para quem malha ou corre.
O estojo de carregamento tem um design minimalista e, de fato, lembra um cascalho. Na frente há um LED de carga e atrás está a entrada Micro-USB que me fez torcer o nariz assim que abri a caixa do produto pela primeira vez. Muito provavelmente a Realme optou por essa conexão para cortar custo e deixá-lo mais acessível no mercado.
O Realme Link é o aplicativo oficial para configurar o Buds Q, disponível para Android e iPhone. Ele não oferece nenhum atalho para ajustar o áudio e equalizar, mas permite definir ações para os fones, como toques para acionar assistente virtual, avançar ou voltar em uma faixa, pausar e dar play.
Além disso, há o modo game (ou Game Mode) que, como o próprio nome apresenta, é dedicado para jogos e promete resolver os problemas de latência. Ele pode ser ativado tanto no aplicativo como por toque, ao pressionar os fones por dois segundos. Testando o recurso com Asphalt 9, as mudanças quase não são sentidas e a atuação foi muito boa sem atrasos perceptíveis no Game Mode e no modo normal. Por outro lado, pude perceber um leve atraso em PUBG, especialmente nos passos, em ambas as configurações, mas não é nada grave.
Eu também testei o Realme Buds Q no computador com vídeos: novamente a latência deu as caras e o delay surgia sempre após algumas travadinhas no áudio. Eu ainda cheguei a notar esse problema no celular, com um Realme 7. Ao menos o emparelhamento dos fones com os dispositivos é muito preciso.
A qualidade sonora do Realme Buds Q me surpreendeu bastante. Não é ótima porque existem algumas inconsistências que irei comentar adiante, mas para um produto de entrada, a atuação é satisfatória e pode agradar muita gente. O som é bastante energético e com graves profundos, não ultrapassando os limites.
Em Pray For Me, do The Weeknd, os agudos e os médios soam harmonicamente, as batidas são ressaltadas e não ficam intensas. Já em Love Never Felt So Good, do Michael Jackson com o Justin Timberlake, me incomodou a estridência excessiva em partes quentes. E a situação fica ainda pior durante o auge da canção, quando os agudos e instrumentos acabam conflitando.
Uma música mais calma como Yellow, do Coldplay, o Buds Q dá ênfase para o vocal, mas não abafa os instrumentos, o que passa uma sensação de equilíbrio e me agrada. Apesar da sonoridade interessante para a categoria, eu percebo que este fone só se perde, mesmo, em faixas agitadas, a exemplo do pop, que tende a estourar demais em algumas partes.
A Realme não adicionou nenhuma tecnologia de cancelamento de ruído aqui, afinal, mais um recurso embarcado poderia encarecer o produto. Mas graças ao bom encaixe que eu mencionei anteriormente, o Buds Q é capaz de isolar bem do barulho externo. Não é 100% eficiente, mas a resposta é muito positiva. Em chamadas telefônicas, a situação é outra: em locais com muito barulho a pessoa do outro lado pode não entender você. Além disso, eu achei ele um pouco baixo e o usuário terá de elevar a voz em alguns momentos.
Falando de bateria, a Realme promete até 4 horas e meia de reprodução e, no total, com o estojo, é possível ter até 20 horas. Nos meus testes, os fones desligaram por falta de carga depois de 4h25min, não é um tempo espetacular, mas também não é péssimo. O Redmi AirDots 2, por exemplo, aguenta cerca de 4 horas. Para fins de curiosidade, em outro teste, eu fiquei 1h numa aula por Zoom com os fones conectados no iPad e a bateria foi de 100% para 70%. Em resumo, a autonomia do Buds Q é só ok e poderia ser melhor.
O Realme Buds Q tem as suas limitações, como todo fone de entrada, mas ele pode atender quem procura um TWS acessível, confortável e com conectividade decente. O modo game é um diferencial relevante? Poderia ser, mas não é. Na prática, você não vai perceber uma melhora significativa na latência; para o público gamer, é importante levar isso em consideração para não se frustrar depois.
Se você não se importa com isso, no restante, Buds Q faz um bom trabalho. A qualidade sonora é boa, levando em conta a categoria do produto; tudo aqui é leve e o usuário não terá dificuldades para transportar o gadget no dia a dia; e a autonomia de 20 horas com o estojo é muito interessante. Um sistema de carregamento rápido, que é tendência, seria muito bem-vindo.
O AirDots 2 é o grande rival do Buds Q e pode ser uma boa opção para quem está com o orçamento apertado e não pode pagar mais de R$ 200 no gadget da Realme. Já o Edifier X3 é outro concorrente de peso; ele oferece até 24 horas de reprodução com o case; e ainda se sobressai por ter redução de ruído em chamadas telefônicas.