Horizon Forbidden West: você vai querer desbravar o oeste proibido [Review]

Numa evolução de Zero Dawn, Horizon Forbidden West traz um belo visual, gameplay mais versátil e uma Aloy mais madura e determinada

Vivi Werneck
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• Atualizado há 3 meses
Horizon Forbidden West – Review (Imagem: Divulgação/Sony)

Aloy está de volta e agora com muito mais problemas nas mãos. A vida no planeta Terra depende, literalmente, que ela seja bem sucedida em sua missão. E é nessa jornada, de luta e superação, que somos levados ao oeste proibido em Horizon Forbidden West. O jogo é uma clara evolução tanto em narrativa quanto em diversidade de localidades, em relação a Zero Dawn, além de trazer algumas novidades no gameplay. Vem junto descobrir neste review.

Horizon Forbidden West é exclusivo do PS4 e PS5 (ao menos por enquanto, quem sabe não sai para PC no futuro também?), tem textos e dublagem em português do Brasil e traz uma boa variedade de opções de acessibilidade, como remapeamento de botões, configurações audiovisuais, etc. O jogo chega no dia 18 de fevereiro de 2022. Para este review, o game foi testado no PS5 com uma chave cedida antecipadamente pela Sony.

Atenção: antes de começarmos, gostaria de tranquilizar qualquer um que venha ler esta análise. Não há spoilers nem sobre a história, nem sobre mecânicas de gameplay que já não tenham sido explicitamente mostradas em vídeos de divulgação. Leia na paz!

Recado dado, vamos lá…

Aloy está mais madura… E sem tempo a perder

Horizon Forbidden West – Review (Imagem: Reprodução/Vivi Werneck)

Talvez a primeira pergunta que você possa fazer, caso tenha interesse em jogar Forbidden West é: “preciso ter jogado o primeiro game?”. A recomendação é que sim, já que os eventos deste novo título são consequências diretas de Zero Dawn. No entanto, particularmente, não vejo problemas caso alguém queira partir direto para este novo título. 

Você não ficará totalmente perdido, já que o game faz um resumo bem explicativo de tudo o que aconteceu na campanha principal anterior, somado ao conteúdo extra de The Frozen Wilds. Acredito que a única coisa que alguém, que não jogou o primeiro, perderia são os laços que Aloy constrói com personagens importantes (e alguns deles estão de volta) ao longo da sua jornada.

Inclusive, só é possível realmente sentir a evolução dela como personagem (finalmente tocando no tema deste tópico) tendo crescido com ela desde Zero Dawn. Há agora uma sutil, porém perceptível mudança no olhar da ruivinha, como muitos a chamam (alguns com carinho e outros com deboche). 

Horizon Forbidden West – Review (Imagem: Reprodução/Vivi Werneck)

Em Zero Dawn, tudo ainda era muito novidade, descoberta e talvez, por isso, Aloy tenha se precipitado em algumas decisões ou caído em armadilhas por confiar demais. No primeiro jogo, ela também buscava o máximo possível não causar conflitos desnecessários.

Pois bem, em Forbidden West, a paciência acabou! Até porque a jovem guerreira Nora está correndo contra o tempo para tentar impedir a aniquilação da vida no planeta e não tem mais disposição para ficar argumentando com fanáticos religiosos, por exemplo. Ela está bem tipo: “pode me ajudar? Não?! Então também não atrapalha!”.

Aloy sabe o que precisa fazer. Ela sabe que está lidando com tecnologias avançadas. O problema é convencer uma humanidade, que voltou a era da tribalidade e adoração a deuses, a entender isso e ajudar. Ou simplesmente não tentar matá-la. Há algumas críticas sociais bem ácidas em alguns diálogos também, para quem quiser ver (ou ouvir). 

Você vai notar esses posicionamentos mais passivo-agressivos dela logo no início da campanha. E quer saber de uma coisa? São todos maravilhosos e até engraçados. Impossível não dar uma risadinha com alguns “coices” que ela dá em gente cabeça dura e que não quer enxergar a urgência da situação. Se a ruivinha (com todo o carinho) precisar derrubar metade de uma fortaleza para que alguém ouça o que ela tem a dizer, acredite… Ela vai fazer isso! Amei a nova energia caótica da Aloy “full pistola”.

Horizon Forbidden West – Review (Imagem: Reprodução/Vivi Werneck)

Graças a sua experiência nos eventos de Zero Dawn, Aloy adquiriu uma consciência bem mais clara dos acontecimentos que levaram ao colapso do antigo mundo, bem como alguns dos seus responsáveis e aqueles que tentaram salvar algo. A guerreira Nora também está mais inteligente e técnica no uso do seu foco (o pequeno dispositivo que ela usa ao lado da cabeça).

Ainda assim, ela não abre mão das poucas amizades que conseguiu manter e dos aliados que fez. Aloy perceberá, ao longo da história, que mesmo com tudo o que aprendeu de tecnológico e se sentindo bem mais desenvolvida que a sociedade tribal existente, que não pode fazer tudo sozinha. E é justamente essa base de aliados que forma a força-tarefa tão importante para a missão da protagonista.

Aloy está mais ágil… E mais letal

Dando uma opinião 100% pessoal agora, senti que está muito mais gostoso jogar Forbidden West, em relação a Zero Dawn. A evolução de Aloy foi além da sua parte psicológica e, agora, a personagem está mais habilidosa e bem mais atenta aos seus arredores para usar o mundo (e suas ruínas) a seu favor. 

Horizon Forbidden West – Review (Vídeo: Divulgação/Sony)

Na maioria das vezes, felizmente, tudo funciona bem e é possível conectar vários combos de mobilidade e ataque, por exemplo: usar o gancho com a corda para escalar rapidamente a lateral de uma ruína, saltar de costas de onde está, planar por sobre alguns inimigos e, ainda no ar, mirar o arco e usar uma flecha energizada para um headshot perfeito no comandante de alguma fortaleza. Tudo isso em questão de segundos.

Inclusive, o planador é ótimo de usar e um excelente recurso estratégico, que Aloy desbloqueia no início da campanha. Algo interessante sobre os novos dispositivos que a personagem adquire, tanto para melhorar a exploração quanto em combates, é que eles não simplesmente brotam do nada, ou já estão magicamente com ela desde o início da campanha. 

Tudo tem uma razão de ser e cada novo recurso recebido tem um contexto na história. A progressão do aprendizado destes equipamentos é feita conforme a necessidade do momento. Em outras palavras, você só vai aprender a como criar o gancho e corda, por exemplo, quando Aloy precisar usá-lo pela primeira vez.

Horizon Forbidden West – Review (Vídeo: Divulgação/Sony)

E tem mais: normalmente, e isso acontece bastante em jogos de mundo aberto e sandbox, lá pela metade do jogo, ou um pouco adiante, um jogador experiente já sente que o game te ofereceu tudo o que podia em variedade de mecânicas de gameplay, habilidades e recursos. Ou seja, você já sabe como funciona tudo, bem antes da campanha acabar.

Eu também havia pensado assim e fiquei de boca aberta ao ser surpreendida, muito mais a frente, com algo totalmente novo, até então, e que expandiu os horizontes em termos de exploração de mundo. Por mais que eu esteja me coçando para falar, não vou tirar o encanto da sua descoberta, mesmo a Sony tendo divulgado um vídeo que faz menção a isso [insira minha expressão de descontentamento aqui]. 

Caso você queira muito assistir (se já não tiver feito), veja o trailer abaixo por sua conta e risco. Mas, de coração, tente não estragar a sua surpresa.

Focando um pouco mais em combates, ainda há um sistema bem RPG para subir de nível conforme se completa diferentes tipos de missões, se abate máquinas e inimigos e descobre segredos pelo mapa. O game proporciona uma boa versatilidade para investir em pontos de habilidades e isso te ajuda a moldar, mais para o início, quais abordagens de ataque são mais interessantes para você.

Disse no início porque, com o passar do tempo (mas que demora um pouco), você ganhará pontos suficientes para desbloquear todas as skills das seis árvores de habilidades disponíveis: Guerreira, Emboscada, Caçadora, Sobrevivente, Sabotadora e Maquinista. Mas há uma particularidade interessante em cada uma dessas árvores e foi bem mostrada num trailer com gameplay: as habilidades especiais.

Conforme a skill especial que escolher, você poderá manter a postos para ser usada um especial quando tiver bravura suficiente. E isso é uma ótima adição aos combates de Forbidden West. Assim que ativar esse especial e, após uma breve animação, Aloy pode carregar o seu bastão com mais energia e atacar com muito mais força, por exemplo. Em outro especial, você dispara flechas com mais dano ou pode, em outra habilidade, criar um manto de invisibilidade para ser ainda mais furtiva.

Agora reúna todos os acessórios e armas que a guerreira desbloqueia (ao longo da sua jornada), adicione sua agilidade e perspicácia, acrescente ainda essas novas táticas de combate e crie seu próprio exército de uma só ruivinha adorável e full pistola.

Esse trailer com gameplay dá para ver de boas e sem estragar surpresas (ai ai ai, Sony!):

Um oeste rico e cheio de atividades

Após um bom tempo jogando e observando o mapa pelo menu, pode-se até ter a impressão de que ele não é muito grande e que não há muito o que fazer. É aí que você se engana. Forbidden West, assim como todo game de ação e aventura com elementos de RPG num mundo aberto, é recheado de atividades extras e missões secundárias (já falo melhor disso).

Por se tratar também de um título bem focado em grinding (assim como Zero Dawn), ou seja, repetir algumas ações várias vezes, você passará um bom tempo caçando diferentes máquinas (em biomas específicos) para conseguir seus pedaços e aprimorar armas e trajes (o equivalente às armaduras). No meu caso, como sou cria de Monster Hunter, caçar máquinas mortíferas, para coletar suas partes, já faz parte do meu DNA.

Inclusive, o jogo te incentiva (mesmo que indiretamente) a melhorar o seu equipamento, tanto pela própria dificuldade de algumas missões e adversários, quanto pelo fato de não existir tanta variedade assim de trajes e armas. Isso não é Borderlands, que chutar um caranguejo de boas na praia fará o bicho dropar uma shotgun.

Horizon Forbidden West – Review (Imagem: Reprodução/Vivi Werneck)

As áreas específicas para Aloy aprimorar suas habilidades de caça, combate e furtividade estão de volta. Completar esses desafios, além de encarar as arenas, rendem medalhas (de acordo com seu desempenho) que podem ser trocadas, se acumular o suficiente, pelos melhores trajes e armas do jogo. Mas você vai sofrer muito por isso, portanto, vista seu equipamento único com orgulho — quando o conseguir.

Sobre as missões secundárias, em sua maioria elas são bem elaboradas. Algumas delas vão levar um certo tempo para serem concluídas e outras podem ser feitas em etapas, conforme progredir na campanha principal. 

Mesmo sendo opcionais, acredito que seja importante fazê-las, com as principais, até para te dar um melhor entendimento da história, conquistar aliados, ganhar XP e conseguir novos equipamentos e sucatas (para aprimorar suas coisas). Não negligencie as missões secundárias! Essa é uma forma bem interessante também de conhecer as diferentes tribos que habitam o oeste proibido e encontrar máquinas imensas para enfrentar.

O mundo é deslumbrante: seja na terra, seja no mar 

Não tem aquele tipo de jogo que cada pausa que você dá é um papel de parede que se cria? Até o momento em que escrevo este review, eu fiz quase 300 screenshots. E olha que só posso usar, no máximo, 20. Passei um bom tempo escolhendo imagens. E isso porque Horizon Forbidden West é riquíssimo visualmente, mesmo jogando em modo Desempenho, no PS5 (que preza pela taxa de quadros em relação ao visual).

Horizon Forbidden West – Review (Imagem: Reprodução/Vivi Werneck)

Ao viajar para o oeste, Aloy encontra diferentes biomas e, cada um, tem sua própria beleza e perigos. Na parte mais desértica, por exemplo, você poderá enfrentar pesadas tempestades de areia que te impedirão de ver com clareza o caminho a seguir. Nas gélidas montanhas, cobertas por neve, o perigo está nas rajadas de vento cortantes. Não deixe também de apreciar o céu à noite; além das estrelas, há locais em que se pode vislumbrar o show de luzes e cores de uma aurora boreal.

E agora você pode explorar embaixo d’água também. Ah… O fundo do mar… Eles venderam tanto essa ideia de exploração na água, nos trailers do jogo, que eu tive que passar um bom tempo só testando essa parte. Não chega a ser uma experiência 100% perfeita, mas é uma delícia. Inclusive, a animação da água, seja dos rios e lagos, quanto das ondas quebrando na praia, está muito bem feita.

Há algumas missões que vão te jogar na água também e você perceberá que, além dos peixinhos rodopiando pelos cabelos da ruivinha, há umas máquinas aquáticas bem tensas te esperando por lá também.

Horizon Forbidden West – Review (Imagem: Reprodução/Vivi Werneck)

Como falei em animação, gostaria de destacar também o salto de evolução dado nesse quesito em relação a Zero Dawn. Eu amo o trabalho de motion capture (já até escrevi um especial sobre isso) e toda a naturalidade de movimento e sensibilidade, que essa tecnologia ajuda a levar aos mínimos detalhes de um olhar, de uma sobrancelha levantada em descontentamento… Ou no sorriso tímido e encantador da Aloy, em algumas situações, é fascinante.

Você pode estar se perguntando: “mas tudo está tão lindo visualmente assim? Não houve problemas?”. Então, houve sim. Quando eu fechei a campanha principal, o game ainda estava sem nenhum patch de correção instalado. Essa atualização chegou uns cinco dias antes da queda do embargo e consertou alguns problemas mais sérios que eu havia encontrado. Com o patch, eles não se repetiram mais (ao menos não consegui reproduzi-los novamente). 

Entretanto… Nem tudo está ainda 100% e continuei notando eventuais engasgos de leve ao explorar o mapa correndo nas montarias, por exemplo. Por vezes, o cenário à distância também demorava um pouco a carregar alguns elementos. Muito provavelmente, um novo patch não deve demorar a chegar, especialmente com mais jogadores reportando coisas do tipo.

Horizon Forbidden West – Review (Imagem: Reprodução/Vivi Werneck)

Dublagem de primeira e trilha sonora que encanta

Faço questão de destacar o trabalho de localização e dublagem, em português do Brasil, de Forbidden West. Ouso dizer que, apesar de amar a interpretação original da Aloy pela Ashly Burch, o trabalho feito pela Tatiane Keplmair é excepcional e se tornou o meu preferido! Ela consegue, ao mesmo tempo, levar força e delicadeza à voz da guerreira. Joguei toda a campanha em português e não senti necessidade alguma de voltar ao idioma principal. O mesmo vale para a dublagem dos demais personagens. Todos muito bons.

A trilha sonora é encantadora também, inclusive estou a ouvindo enquanto escrevo este review, para me embalar melhor. Desde os estrondos com tambores, para marcar as passagens mais tribais da história, a um som que remete ao épico, em momentos de bravura, tudo é bem envelopado para que se sinta mergulhado na experiência. Tem até umas partes cantadas também, no início e mais no final, que são emocionantes. Mas essa parte eu também vou deixar para você descobrir.

Uma viagem que você precisa fazer

Como começar a terminar esse review…? Primeiramente, eu gostaria de dizer que minha vontade era escrever bem mais, especialmente sobre as relações de Aloy com os seus aliados, seus amigos e alguns novos (e importantíssimos) NPCs que surgem. Mas, infelizmente, por questões de embargo e até para preservar a sua experiência como jogador, eu vou deixar esse papo mais profundo para uma oportunidade futura.

Horizon Forbidden West – Review (Imagem: Reprodução/Vivi Werneck)

O que posso deixar aqui, agora, é a minha sugestão para dar uma oportunidade a Horizon Forbidden West. Eu sei que algumas pessoas podem não ter caído de amores por Zero Dawn e, por um lado, até entendo já que se tratava do primeiro jogo de uma nova franquia e, às vezes, as coisas ficam meio perdidas. Mas este novo game está melhor, na minha opinião. 

Novamente, o jogo não é perfeito, mas é incrível de se explorar e conhecer. E, apesar de ter muito o que fazer e você precisará se dedicar um pouco para completar tudo, ele não vai se apossar da sua alma e de todas as suas vontades e horas vagas, como um Assassin’s Creed Odyssey da vida (que eu amo, só para deixar claro).

Jogue Horizon Forbidden West no seu tempo, deguste cada nova descoberta da caótica, mas doce e adorável Aloy, converse com as pessoas nas cidades e assentamentos, desbloqueie caldeirões para dominar novas máquinas e descubra mais segredos da antiga civilização. Além do gameplay bem mais versátil, o jogo traz uma mensagem bem legal de que até quando você se acha auto suficiente, a vida vem e te dá uma voadora nos peitos para te provar que duas ou mais cabeças juntas pensam melhor que uma para salvar o mundo.

Horizon Forbidden West

Prós

  • Visualmente lindo. Cada pausa é um papel de parede
  • Aloy amadureceu como personagem
  • O combate está bem mais fluido
  • Vale a pena fazer a maior parte das missões secundárias também

Contras

  • Alguns problemas com processamento de elementos à distância
  • Alguns engasgos em cenas mais rápidas
Nota Final 9
Áudio
9
Desafio
8
Diversão
10
Inovação
9
Jogabilidade
9
Replay
8
Visual
10

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Vivi Werneck

Vivi Werneck

Ex-editora assistente

Vivi Werneck é especialista em games e trabalha no mundo tech há 15 anos. Em 2018, recebeu o Prêmio Comunique-se como melhor jornalista de tecnologia. Já escreveu para revistas de games pioneiras no Brasil, como EDGE, PlayStation Brasil e EGW. Também é veterana em eventos de jogos, como a BGS e E3 (inclusive, presencialmente). No Tecnoblog, foi editora-assistente entre 2018 e 2023.