Ori and the Will of the Wisps – Divertido e encantador

Ori and the Will of the Wisps entra para o hall da fama como um dos melhores metroidvanias já feitos

Vivi Werneck
Por
• Atualizado há 6 dias
ori and the will of the wisps

Ori and the Will of the Wisps é a continuação do excelente Ori and the Blind Forest (2015), da Moon Studios. Assim como seu antecessor, Will of the Wisps é incrivelmente lindo, tem uma narrativa envolvente e desafio na medida certa. O jogo reinventou seu próprio gameplay e, mesmo com alguns pequenos bugs, encarar essa nova aventura com Ori é um presente para quem ama metroidvanias.

Disponível para PC Windows (Steam) e Xbox One, o game (para este review) foi testado numa máquina equipada com uma GeForce RTX 2080 – para tirar o máximo possível do potencial gráfico do título – e um monitor a 150 Hz de frequência. Will of the Wisps tem legendas em PT-BR e também está incluso no Xbox Game Pass (PC e console).

História simples, mas de mexer com as emoções

ori and the will of the wisps

Ori é um daqueles personagens que não precisa falar. O trabalho de animação é tão bem feito que você é capaz de se emocionar com ele, seja de alegria ou tristeza. E Will of the Wisps vai “bagunçar” bastante seus sentimentos. Há alguns plot twists inesperados que, inclusive, vão te fazer sentir um pouco culpado por ter julgado errado determinados personagens ou situações.

Vou falar mais no geral sobre o que está acontecendo no universo do jogo, porque qualquer tentativa de explicar a mais pode estragar a sua experiência.

O jogo é narrado pela voz da Árvore dos Espíritos, no coração da floresta Niwen. Os eventos de Will of the Wisps acontecem exatamente após The Blind Forest. Bem no início, Ori é apresentado a uma pequena coruja – nascida do último ovo de Kuro.

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Na cutscene inicial, você vê brevemente o crescimento da corujinha e sua frustração por não conseguir voar bem, já que tem uma das asas faltando penas. Ori a ajuda com essa situação e ambos resolvem voar para além da floresta, mas são pegos numa tempestade e separados na queda.

Sua aventura começa a partir daí e, inicialmente, sua missão é encontrar a coruja azul. Mas é claro que muita coisa acontece no processo e Ori percebe que a tal tempestade e a corrupção que atingem a floresta têm raízes ainda mais profundas. Felizmente, ele não estará sozinho e alguns adoráveis aliados irão ajudá-lo.

Gameplay reinventado e skill tree simplificada

Talvez, a principal crítica que The Blind Forest tenha recebido foi a de ter limitado as ações de combate de Ori aquele pequeno espírito que o acompanhava e atacava por ele. Você basicamente adquiria upgrades para este acompanhante lutar. Era divertido, mas quem joga metroidvanias costuma preferir mais opções de equipamentos para o próprio personagem.

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Os desenvolvedores ouviram os fãs e remodelaram a mecânica de combate de Will of the Wisps. Você até pode comprar uma habilidade que traz de volta a tal bolinha de espírito combatente, mas há novas opções que são incrivelmente úteis e todas têm seu propósito, ao longo da campanha. Elas não estão apenas lá para farmar seu gold, que no jogo são orbes dourados.

Há três maneiras de se conseguir habilidades e armas. Entenda “armas”, neste jogo, como sendo extensões espectrais para Ori – sendo ele um espírito. Você não o verá empunhando uma espada física, por exemplo, mas um de seus golpes é invocar uma espécie de lâmina. Você também pode ter um arco, um grande martelo para ataques pesados, lançar bombas e etc.

Parte desses ataques são destravados ao encontrar grandes árvores de energia, escondidas pelo mapa. Você vai precisar encontrar todas elas para avançar no jogo. Há habilidades que são indispensáveis para alcançar novas áreas. Vasculhe tudo o que puder, dentro do seu possível com as atuais habilidades.

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As outras duas formas de conseguir skills são comprando com seus aliados (e NPCs do jogo) pelo custo de orbes dourados, que você consegue matando inimigos ou como tesouros escondidos, ou encontrando fragmentos de habilidades espalhados pelo mapa. Há bastante opção e possibilidades de personalizar seu combate.

Como só é possível equipar três habilidades ativas (que você precisa pressionar o botão para usá-las) por vez, em certos momentos você terá que abrir o menu radial para equipar outras, seja para aumentar seu poder de ataque ou para superar algum obstáculo. Essa transição é bem simples, inclusive.

Sobre a árvore de habilidades, ela está parecida com a de Hollow Knight – outro metroidvania (e bem divertido também). Na verdade, a estrutura visual é quase idêntica e seu funcionamento é igual. Ori, em princípio, tem quatro espaços para distribuir habilidades passivas (que funcionam sem precisar apertar botões), mas que podem aumentar ao encontrar e resolver totens de desafio pelo mapa.

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Ao vencer uma sequência de inimigos desses totens (os mosquitos são um dos mais chatos), o jogador ganha uma expansão para alocar mais uma skill passiva. Assim como suas habilidades ativas, você também vai mexer e remexer muito nelas também, conforme a necessidade.

Há mais itens escondidos pelo mapa: colete fragmentos de saúde e energia para aumentar sua barra de vida e de magia. Faça disso uma das suas prioridades e você terá uma vantagem extra mais para o final do jogo. Acredite.

Missões secundárias não atrapalham as principais

Como disse antes, sua missão principal (em princípio) é encontrar a corujinha perdida, mas outras quests (algumas secundárias) aparecerão neste processo. Elas lhe serão dadas tanto por NPCs aliados, que te vendem habilidades e melhorias para sua base, quanto por habitantes da florestas.

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Por exemplo: algumas dessas missões requerem que você busque algum item e entregue para um personagem; este te dará outro item de recompensa e você poderá entregá-lo a um segundo NPC e assim por diante. Ao completar uma sequência de entregas – que pode envolver de dois a cinco personagens, tipo um Death Stranding (só que com bichinhos fofos), você ganha um prêmio final.

O interessante é que não é necessário parar a missão principal, para fazer as secundárias. Elas estarão pelo caminho e você passará por elas em algum momento. Assim como as main quests, às vezes, Ori terá que conhecer uma habilidade específica para completar uma destas entregas.

Há missões secundárias de corrida também. Você as desbloqueia ao encontrar dois pontos de desafio, marcados por totens de pedra, em lugares diferentes (porém próximos, no mapa). Vença a corrida contra uma projeção de Ori para ganhar prêmios variados.

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Gostaria de destacar a parte mais emocionante do gameplay de Will of the Wisps, na minha opinião: as perseguições. Em alguns momentos chave da campanha, Ori será perseguido por inimigos enormes e só terá a opção de fugir enquanto atravessa por obstáculos, meticulosamente posicionamos e escolhidos para que você ponha em prática, na marra, tudo o que aprendeu até ali.

Isso me lembrou muito as missões de “corrida infinita” dos jogos da série Rayman. É parecido com isso, só que com um bicho gigantesco atrás de você. Fora isso, os monstros de elite, ou “boss” mesmo, estão com ataques mais diversificados e alguns tem etapas diferentes. Você não deve ter tanto trabalho com eles – se souber escolher bem suas skills.

Posso dizer que o desafio do jogo é justo. Mesmo no nível normal, você terá momentos de puro estresse. Não porque há algo de errado no game design, mas por (des)mérito próprio. Não subestime Will of the Wisps pelo início, em que tudo parece simples. Quando tiver que administrar várias habilidades ao mesmo tempo, enquanto pula por obstáculos e tenta não cair numa lagoa de lava na fuga de um verme gigante, você sentirá de verdade a importância de tudo o que criou calos dos polegares para aprender.

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Backtracking

Já que estamos falando de missões é bom ressaltar que o backtracking (ter que voltar a uma mesma região várias vezes) existe em Will of the Wisps, como não poderia deixar de ser. Não há muita coisa de diferente neste quesito e o game apenas segue o “roteiro metroidvania”.

Por vezes, você vai perceber que, naquele momento, não consegue avançar ou destruir um obstáculo. Você pode não estar conseguindo resolver um puzzle (e há alguns até bem complicadinhos) ou simplesmente ainda não tem a skill necessária para ultrapassar aquela parte. Continue avançado para outra direção e volte ali depois. Vida que segue.

Visual e trilha sonora deslumbrantes

Nossa, por onde começar… Em resumo, Ori and the Will of the Wisps é lindo! A estética visual parece o resultado da combinação entre um rico e vibrante aquarelado com ilustrações de livros infantis de fantasia.

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Na maioria das vezes, é possível notar vários planos dinâmicos, dependendo da área do mapa, mas sem tirar sua atenção do plano principal que você está interagindo. Todos eles criam uma impressão de profundidade na cena, que dá ainda mais imersão no gameplay.

Algumas surpresas e acontecimentos também são, às vezes, antecipados nesses planos auxiliares, como algum inimigo à espreita escondido nas sombras, bichinhos da floresta curiosos com a sua presença ou mesmo mudanças de clima e passagens de tempo. A sensação é a de estar assistindo a um desenho de animação muito bem feito.

Há uma trilha sonora para cada momento e local do jogo, seja uma nova área desbloqueada ou para representar situações de perigo, perseguições e cenas mais emotivas. A música de Will of the Wisps te embala num tom que mistura o épico com a fantasia e evolui em intensidade conforme Ori se depara com seus maiores desafios.

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Joguei o game pelo Xbox Game Pass e, mais para o final do jogo, notei alguns pequenos bugs no áudio. Basicamente, alguns sons dos movimentos de Ori sumiram (mas o restante do jogo estava normal). Depois de um tempo, no entanto, eles voltaram.

Falando em glitches, o jogo travou duas vezes comigo e precisei reiniciá-lo. Acredito que um patch já seria o suficiente para resolver isso, mas não poderia deixar de mencionar. Apenas encontrei esses bugs no jogo, na versão PC, mas não senti nenhum problema em relação a curva de aprendizagem do gameplay e entendimento da história.

Conclusão: só amores por Ori

Ori and the Will of the Wisps é, sem dúvidas, um dos jogos independentes mais lindos e divertidos já feitos. Não estou dizendo que é o melhor, mas não incluí-lo em qualquer lista de “melhores jogos do ano” seria uma tremenda injustiça. Mesmo com alguns bugs, que o pessoal da Moon Studios já está sabendo e trabalhando na correção, é um “must play” para qualquer um que diz gostar de metroidvanias.

ori and the will of the wisps

É difícil ver jogos que trabalhem tão bem a física dos cenários criando plataformas adicionais e desafios inesperados, como este. O último, recentemente, que me recordo que fez isso também foi Super Mario Odyssey.

Quando você acha que já mapeou mentalmente toda uma região de Will of the Wisps, ela literalmente vira de ponta a cabeça e te joga do nada numa nova sequência de “salve-se quem puder” emocionante.

Emoção, inclusive, é algo que você sentirá em quase todas as cutscenes e quando estiver próximo do desafio final, onde tudo o que aprendeu até ali será botado à prova. E, claro, se você (assim como eu) tem TOC por completar mapas… Se prepare, pois terá muito o que explorar.

Prós

  • Apresentação incrível, com um belo visual
  • Trilha sonora envolvente e que dá o tom do jogo em vários momentos
  • Várias habilidades para desbloquear e personalizar seu gameplay
  • Narrativa emocionante e que quase me fez chorar (mas não conte isso a ninguém)

Contras

  • Alguns bugs no som dos movimentos de Ori
  • Versão do Xbox Game Pass travou duas vezes
Nota Final 10
Áudio
10
Desafio
10
Diversão
10
Inovação
10
Jogabilidade
10
Replay
10
Visual
10

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Vivi Werneck

Vivi Werneck

Ex-editora assistente

Vivi Werneck é especialista em games e trabalha no mundo tech há 15 anos. Em 2018, recebeu o Prêmio Comunique-se como melhor jornalista de tecnologia. Já escreveu para revistas de games pioneiras no Brasil, como EDGE, PlayStation Brasil e EGW. Também é veterana em eventos de jogos, como a BGS e E3 (inclusive, presencialmente). No Tecnoblog, foi editora-assistente entre 2018 e 2023.

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