Hearthstone, card game gratuito da Blizzard, é um prato cheio para os fãs de Warcraft

Renata Persicheto
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• Atualizado há 5 meses
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Eu sei, você sabe, e nessa altura do campeonato, até nossos pais e avós também já devem saber que, se existe uma produtora que preza pela preservação de suas franquias, esta é a Blizzard.

Lançado em 1994, quando eu e muitos de vocês não passávamos de crianças choronas, Warcraft: Orcs and Humans veio dar o pontapé inicial no que se tornaria um dos universos mais ricos dentro dos jogos. E o avanço foi longe, já que o enredo do game resultou em expansões, em World of Warcraft (♥), livros, bonecos articulados, jogos de tabuleiro e, pelo que dizem, vai até virar filme.

É completamente compreensível, então, que a Blizzard invista ainda mais em sua menina dos olhos. Apesar das outras pontas da tríade, StarCraft e Diablo, Warcraft acabou sendo o escolhido para dar base a Hearthstone: Heroes of Warcraft, novo jogo de cartas virtual da produtora.

Quando Hearthstone foi anunciado no PAX East deste ano, meus olhos brilharam diante da perspectiva de poder jogar um Magic: the Gathering gratuito, com a identidade visual de Warcraft. Mas, se eu esperava um jogo no nível de MtG, as coisas não saíram conforme o planejado ao receber o acesso ao beta de Hearthstone.

Com um sistema anos-luz mais mais simples do que Magic, as partidas consistem, basicamente, em vencer o herói oponente com os lacaios jogados na mesa. Para dar uma ajuda, o jogador conta ainda com o poder heroico de cada personagem, armas e feitiços de nomes sugestivos, como “Fogo do Inferno”, “Tiro de Tocaia” e “Bola de Fogo” (a Blizzard se mostra bastante inteirada nos clássicos do funk carioca).

Ao todo, as 9 classes originais de World of Warcraft estão disponíveis no jogo: Xamã, Bruxo, Caçador, Druida, Guerreiro, Ladino, Mago, Paladino e Sacerdote – cada qual com um representante emblemático, como o xamã Thrall e Garrosh Grito Infernal, o chefe dos Guerreiros (falo já sobre os nomes dos personagens traduzidos, aguardem). Mas é no comando de Jaina Proudmore, a representante dos Magos, que o jogador recebe as primeiras instruções de como será a partida.

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Temos que pegar

No modo treino, é preciso vencer os outros 8 heróis para desbloquear cada uma das classes. Com o progresso das batalhas, que duram, em média, de 10 a 15 minutos, você aumenta o nível do seu personagem e pode liberar até 10 cartas extras para adicionar ao seu deck inicial.

Um baralho, em Hearthstone, é constituído por 30 cartas, entre específicas da classe e neutras (as que podem ser usadas por qualquer herói). A cada turno, o jogador compra uma carta e acumula pontos de mana, que são recarregados quando o turno começa e podem ser gastos em cartas ou no poder heroico do seu personagem. O objetivo é acabar com os 30 pontos de vida do personagem adversário com seus feitiços, lacaios e armas, deixando pra trás, de preferência, todo e qualquer traço de piedade.

Vale notar que, ao contrário de outros card games, as ações do jogador não podem ser interrompidas por cartas ou habilidades do oponente, o que, de certa forma, dá um dinamismo maior às partidas, mas deixa o jogo menos interativo. Para compensar a falta de interação, no entanto, você pode utilizar diversas “armadilhas” – feitiços que permanecem ocultos na mesa e só são ativados após uma ação específica do adversário.

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As cartas conquistadas no modo treino são cartas da coleção “básica”, ou seja, sem raridade. Para ter acesso às cartas de Perito – brancas (comuns), azuis (raras), roxas (épicas), laranjas (lendárias) ou douradas (especiais, como as cartas “foil” de Magic) -, você precisa vencer duelos multiplayer ou comprar boosters – com dinheiro do jogo ou moedas de verdade – no modo Loja.

Cada pacote com cinco cartas custa 100 moedas de ouro e acompanha pelo menos uma carta rara ou lendária. Para conseguir a moeda do jogo, você deve, veja bem, jogar. Geralmente, são dadas missões diárias ao jogador, como completar três partidas num dia ou desbloquear um número certo de classes, sendo a recompensa, por cada uma delas, uma determinada quantidade de ouro. Há ainda recompensas especiais por colecionar cartas de um tipo específico, como Murlocs ou Piratas.

Caso você queira investir para valer na sua coleção, também há a opção de adquirir 2 boosters por R$ 6,50 ou mesmo “pacotões” por preços especiais. Um fato interessante, aqui, é que a Blizzard fez questão de que os jogadores “pagantes” não tivessem nenhuma vantagem sobre os que suam a camisa para conseguir seus decks. De acordo com a empresa, como Hearthstone foi criado para ser um jogo gratuito, nenhum tipo de baralho “especial” vai ser comercializado por dinheiro real, todos terão direitos iguais. Não é uma belezoca, essa dona Blizzard?

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Outro ponto positivo para Hearthstone é a opção de “forjar” cartas a partir de uma espécie de “crafting” que rola no jogo. Ao desencantar uma carta de determinada raridade, você gera uma quantidade de “Pó Arcano” que pode ser acumulado e utilizado para criar outras cartas de mesma raridade. Em outras palavras, o “crafting” é um jeito bem legal de se livrar das cartas que não têm utilidade e conseguir facilmente as que você precisa, sem que haja necessidade de depender da sorte na hora de abrir os boosters ou de uma “Casa de Leilões” para intermediar as trocas entre jogadores (ainda bem).

E nem só de treino vive o jogador do beta: o multiplayer online já está disponível e é bem mais dinâmico do que as partidas versus computador. Outra opção legal é o modo Arena, uma espécie de “draft” em que você constrói o seu baralho na hora e, com ele pronto, passa a enfrentar outros jogadores. Cada inscrição na Arena, no entanto, custa um número determinado de moedas de ouro, que tem de ser pago novamente, assim que o jogador acumula três derrotas.

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O matchmaking é similar ao de StarCraft II e garante que seus oponentes sejam jogadores do mesmo nível – e eu acredito nisso, embora não tenha conseguido ganhar uma partida sequer contra humanos. Também dá pra jogar contra seus próprios amigos de Battle.net que possuem o game.

Tá bonito, tá beleza

Em termos de visual e linguagem, Hearthstone se sai bem. Primeiro de tudo, preciso dizer que nunca tive das melhores relações com as traduções dos meus jogos favoritos. Nunca joguei World of Warcraft dublado, apesar de saber o quanto a produtora se empenhou para que o resultado da localização do título fosse satisfatório. Só achei melhor continuar na minha, em inglês, do jeito que sempre joguei, mesmo.

Portanto, minha primeira reação ao ouvir as dublagens do jogo de cartas foi um “aaargh” bem sonoro. As vozes, geralmente carregadas em sotaque, à primeira vista geram um impacto esquisitão em quem não está acostumado. A tradução dos nomes, idem. Não é fácil se acostumar com “Garrosh Grito Infernal” ou “Malfúrion Tempesfúria” (pobre Illidan Stormrage…), tampouco com “Rosarães Guima” (Hemet Nesingwary, no original), e eu provavelmente vou mudar o idioma de volta para o inglês, quando puder.

De qualquer forma, apesar de ainda se encontrar no beta fechado (o que é quase um “beta do beta”) e ter muitas arestas a serem polidas, o trabalho de localização está não somente “bom”, como também engraçadinho. Sério, algumas falas são tão absurdas, que arrancam risadas sempre que se repetem.

O visual é, como se vê em jogos da Blizzard, bem cuidado e bonito. Hearthstone é colorido, faz referências aos cenários de World of Warcraft, como na mesa de Orgrimmar (o que foi suficiente pra ganhar meu coração) e os desenhos das cartas são bastante detalhados, respeitando os traços dos personagens originais – algumas das ilustrações foram, inclusive, reaproveitadas de WoW TCG.

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É complicado se ater ao fato de que o jogo ainda está nos primeiros passos e não se estender muito analisando cada ponto dele, quando já se tem tanto para falar. Hearthstone é uma aposta relativamente segura da Blizzard, já que jogos de cartas nunca são suficientes para quem gosta. Para quem não gosta, simples: o jogo é tão sem mistérios, que será fácil, fácil, aprender a gostar.

Por se tratar de um free-to-play, não há grandes ressalvas quanto à primeira experiência com ele. Ainda dá para se cadastrar no beta fechado pelo site do jogo (e torcer para ser escolhido). Caso não consiga a chave, não crie pânico:  há rumores de que a prévia abra em breve para o público. A versão oficial de Hearthstone: Heroes of Warcraft deve ser lançada em algum momento até o final do ano, para Windows e OS X. É importante lembrar, também, que o jogo ganhará uma versão “lite” para iPad, que ainda não foi liberada para testes, mas provavelmente deverá ser bem interessante, já que você terá suas cartas, de fato, nas mãos.

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Renata Persicheto

Renata Persicheto

Ex-redatora

Renata Persicheto é formada em marketing pela Anhembi Morumbi e trabalhou no Tecnoblog como redatora entre 2013 e 2015. Durante sua passagem, escreveu sobre jogos, inovação e tecnologia. Já fez parte da redação do portal Arena IG e também tem experiência como analista de inteligência de dados.

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