Review Sony WF-1000XM3: sem ruído e sem fios
Fones de ouvido totalmente sem fio da Sony têm cancelamento ativo de ruído e excelente qualidade de áudio
Fones de ouvido totalmente sem fio da Sony têm cancelamento ativo de ruído e excelente qualidade de áudio
A Sony já dominou o mercado de headphones com cancelamento ativo de ruído com o WH-1000XM3. Agora, os japoneses querem conquistar outro formato: os fones de ouvido totalmente sem fio. O WF-1000XM3 leva as tecnologias do irmão maior para um modelo compacto, que pode ser usado de um jeito mais discreto nos seus deslocamentos diários.
Com bateria de seis horas, chip dedicado de cancelamento de ruído e formato intra-auricular, o WF-1000XM3 foi lançado no Brasil por R$ 1.299. Será que vale pagar tudo isso por um fone de ouvido true wireless? Eu usei o lançamento da Sony nas últimas semanas e conto minhas impressões nos próximos minutos.
O WF-1000XM3 é mais volumoso que outros fones de ouvido totalmente sem fio de uso diário, como os Apple AirPods e os Samsung Galaxy Buds. A Sony adotou um design que se apoia em três pontos da orelha e que se mantém firme com a ajuda de uma borracha de alta fricção. O sensor de toque fica em um círculo prateado na parte externa e permite trocar de música ou ajustar o cancelamento de ruído.
O design do WF-1000XM3 é pensado para isolar o ruído externo, inclusive de forma passiva — e faz isso bem, como eu comento adiante. Nem todo mundo se adapta com esse formato, principalmente os que já não se sentem bem com fones intra-auriculares. No meu caso, o WF-1000XM3 foi bastante confortável e selou bem os meus ouvidos com as ponteiras de silicone de tamanho médio, que vêm pré-instaladas.
Ele não é um fone de ouvido esportivo, o que fica bem claro antes mesmo de comprar o produto: a Sony não divulga nenhum tipo de proteção contra água ou suor. De fato, quando tentei correr com o WF-1000XM3, eles não ficaram seguros na orelha. Parece que, por serem um pouco mais pesados, os fones fazem uma força na diagonal a cada aterrisagem, até caírem no chão.
O estojo é grandinho, combina com as cores dos fones e mantém cada lado bem preso com a ajuda de ímãs. Ele pode ser carregado pela porta USB-C e tem NFC, o que facilita a conexão em celulares com essa tecnologia: é só aproximar o smartphone da caixinha e todo o resto é feito automaticamente. Só não pude deixar de notar um descuido na fabricação: na minha unidade, a marca da Sony estava meio… torta.
Uma vez conectado, o WF-1000XM3 pode ser controlado por meio do Headphones Connect, mesmo aplicativo do WH-1000XM3 e outros fones de ouvido da Sony. É uma ferramenta bem completa, que mostra o nível de bateria de cada lado, traz opções de personalização de som e detecta se você está andando, sentado ou no transporte público para ajustar o cancelamento de ruído automaticamente.
Só dois codecs de áudio são suportados: SBC no Android e AAC no iOS. Infelizmente, a Sony não implantou aptX, LDAC, nem nenhum outro codec de alta fidelidade ou baixa latência. Em um iPhone XS, o lag nos vídeos ficou no limite do aceitável: deu para notar um pequeno atraso entre movimento da boca e voz, mas não chegou a incomodar. De qualquer forma, fica claro que este não é o fone mais adequado para jogos.
A Sony colocou o recurso Quick Attention, que diminui o volume da música e ativa o microfone temporariamente para você conversar com alguém do seu lado. Funciona bem e é quase tão prático quanto no WH-1000XM3 — mas, em vez de colocar a mão sobre o lado direito do headphone, você aperta a superfície tátil do lado esquerdo do WF-1000XM3 para ativar a função.
Todos os comandos táteis podem ser configurados por meio do aplicativo: se preferir, você pode optar por chamar o Google Assistente quando tocar do lado esquerdo do fone, por exemplo. Eu só senti falta de controles de volume: seria interessante se fosse possível aumentar ou abaixar a música deslizando o dedo. Esse é um recurso útil que está ficando cada vez mais raro nos fones de ouvido totalmente sem fio.
O som me agradou muito: é encorpado, com autoridade, mas sem ser autoritário. As frequências baixas têm um pequeno incremento que não chega a transformar o WF-1000XM3 em um fone para amantes de graves. As batidas são rápidas e têm a energia que eu espero de um fone intra-auricular mais equilibrado.
Os médios são claros e dão uma sensação de arejamento que eu gosto, sem serem tão abertos quanto os do Samsung Galaxy Buds, que podem parecer agressivos demais para algumas pessoas. Já as frequências mais altas têm boa presença e passam aquela impressão de detalhamento nas vozes e pratos. Não é algo tão macio quanto o WH-1000XM3, o que faz sentido para um fone para uso em deslocamentos mais rápidos.
Aqui, vale uma observação: todos os testes de fone de ouvido são realizados com as configurações padrão e sem equalização, mas no WF-1000XM3 eu decidi desativar o DSEE HX. A promessa da Sony é que essa tecnologia recupera as perdas da compressão do MP3 e melhora a definição. No meu caso, esse recurso colocou granulações em vozes femininas, deixando a apresentação um pouco desagradável.
O cancelamento ativo de ruído do WF-1000XM3 é bem interessante para o dia a dia. Assim como outras tecnologias de ANC, ele não é tão eficiente em eliminar frequências mais altas ou inconstantes, então você ainda vai escutar buzinas, sirenes ou pessoas falando em um tom mais alto. Mas os barulhos de carros na rua, motores de ônibus, ares condicionados e vários outros ruídos são muito atenuados.
Isso torna o WF-1000XM3 uma companhia perfeita para o dia a dia. Dá para ouvir música no metrô em um volume médio e se isolar quase totalmente do que estiver ao seu redor. Também funciona para viagens mais curtas de avião. Não é tão eficiente quanto o WH-1000XM3, mas é uma solução prática e mais compacta para levar na bolsa.
Para que o cancelamento ativo de ruído funcione, o WF-1000XM3 tem dois microfones em cada lado (um na frente e outro atrás) para captar o som e emitir a frequência inversa. Mas esses microfones bem localizados não geram uma qualidade de chamadas melhor — é um som típico de fone Bluetooth, com uma compressão na voz que deixa um aspecto levemente metalizado, mas que ainda permite escutar e ser escutado sem dificuldades.
A bateria também ajuda a manter uma boa experiência. Eu não consegui zerar totalmente a carga do WF-1000XM3, mas uma sessão de exatamente 3 horas de música com volume em 50%, com cancelamento de ruído ativado, fez a carga baixar de 100% para 60%. Esse resultado fica em linha com a promessa da Sony, de 6 horas de autonomia.
A Sony garante que o WF-1000XM3 aguenta até 8 horas se o cancelamento de ruído estiver desativado — mas esse caso de uso não faz muito sentido em um fone de ouvido cujo grande diferencial é justamente o cancelamento de ruído.
O WF-1000XM3 é minha escolha preferida de fone de ouvido para o dia a dia. O estojo de carregamento é mais volumoso, mas não chega a ser um trambolho; a qualidade de áudio me agrada bastante; e a bateria é mais que suficiente para um dia de uso típico.
O grande acerto da Sony é a combinação entre design e cancelamento de ruído. Eu não me sinto confortável e nem acho prático ficar usando um headphone circumaural dentro do transporte público, mas um true wireless com ótima qualidade sonora e com ótimo isolamento é uma solução excelente para isso.
A Sony também merece destaque por adotar a mesma estratégia do WH-1000XM3, lançando um produto no Brasil com preço similar ao do exterior. O WF-1000XM3 é um fone de ouvido de US$ 229 ou € 249. Se você somar os impostos locais, o ágio na conversão do cartão de crédito e o IOF, chega quase nos R$ 1.299 que a empresa cobra no Brasil. É um produto barato? Obviamente não. Mas poderia ser muito pior.
Nessa faixa de preço, o WF-1000XM3 é certamente um fone de ouvido mais completo e refinado que os Galaxy Buds (R$ 999) e os AirPods (R$ 1.349).
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