Review Streets of Rage 4 – O retorno triunfal do beat ‘em up

Game de pancadaria traz novidades sem deixar de ser extremamente nostálgico

Vivi Werneck
• Atualizado há 4 meses
Streets of Rage 4

Década de 90, quem teve um Mega Drive provavelmente quase saiu no tapa para alugar uma fita de Streets of Rage. A série é, até hoje, um dos principais nomes do gênero “beat ‘em up”, ou simplesmente descer o braço em todo mundo. Após 25 anos, Streets of Rage 4 marca o retorno de Axel, Blaze e Adam, além de personagens inéditos, novo visual e trilha sonora (mas podendo jogar também em estilo retrô), mais combos e modos de batalha.

Streets of Rage 4 é como um abraço caloroso para os fãs e demonstra isso, o tempo todo, em várias referências aos títulos antigos, como a movimentação lateral dos personagens (deslizando pelo cenário), os controles simples – mas que podem ser combinados para combos devastadores, os alimentos escondidos em latas de lixo – que milagrosamente não te matam por Salmonella, antigos e novos inimigos e (claro) a pancadaria linda embalada por uma trilha sonora non-stop.

E para a alegria dos fãs brasileiros, esta é a primeira vez que um game da franquia tem textos e menus todos em português. É possível jogar solo, mas também em co-op local, com até quatro jogadores, ou online para dois players. O jogo tem versões para PS4, Xbox One e Xbox Game Pass, Nintendo Switch e PC.

Para este review, o game foi testado numa Geforce RTX 2080 e com todas as configurações no máximo.

Wood Oak City novamente tomada pelo crime

Streets of Rage 4

Por mais que o foco do jogo não seja a história é legal terem pensado em, mesmo que de forma bem simples, dar uma certa continuidade aos acontecimentos dos títulos passados. O roteiro é extremamente previsível e não há reviravoltas impressionantes. Em resumo: você vai facilmente deduzir como as coisas terminarão.

Na linha do tempo da franquia, os eventos de Streets of Rage 4 se passam dez anos após a derrota do Mr. X e seu sindicato do crime. Tudo está dentro da normalidade e paz até que… Uma nova organização criminosa ocupa o lugar deixado por Mr. X e vem ganhando cada vez mais força em Wood Oak City, destruindo tudo pelo caminho e corrompendo até mesmo a polícia.

Há um burburinho sobre seus líderes e as primeiras informações apontam que não menos que os próprios filhos do Mr. X, os gêmeos Y, sejam os chefes da organização criminosa. Para pôr um fim ao Sindicato Y, os ex-detetives Axel Stone e Blaze Fielding voltam à ativa e ganham o reforço de Cherry Hunter, Adam Hunter (pai de Cherry) e Floyd Iraia (aprendiz do Dr. Zan).

A boa e velha pancadaria está de volta

Streets of Rage 4

O gameplay traz uma combinação de elementos clássicos e algumas novidades. Se já tiver jogado algo da série, rapidamente notará que as sequências de golpes dos personagens antigos, como Ash e Blaze, são basicamente as mesmas, mas com novas animações. Isso se você estiver jogando com a versão repaginada desses lutadores. Os personagens jogáveis em estilo retrô, que podem ser desbloqueados (falarei mais disso adiante), mantêm o mesmo padrão de luta dos jogos antigos.

Mas a novidade não fica apenas com as animações. Há novas combinações de combos possíveis com cada lutador, o que torna mais interessante revisitar as fases já concluídas para experimentar combinações de socos, chutes, agarrões e lançamentos de inimigos à distância.

Todos os lutadores jogáveis têm uma habilidade especial que você pode ativar em momentos de aperto, por exemplo. Mas… Para evitar que o jogador abuse desse recurso (que não pode ser bloqueado pelo adversário), seu personagem gasta parte da própria vida para executar o movimento. Se já estiver com a saúde no talo é bom pensar bem se vale usar ou não a técnica.

Streets of Rage 4

Além dessa habilidade especial, os lutadores também têm golpes supremos – vamos assim dizer. Essas técnicas têm toda uma animação única bem legal e atingem vários inimigos ao mesmo tempo. Assim como a habilidade especial, uma vez no alcance deste golpe ele é indefensável, mas os inimigos podem evitá-los, caso estejam fora da área de impacto.

Esses golpes supremos únicos não são abastecidos pela saúde do personagem, mas por power-ups (umas estrelinhas) que ficam abaixo da barra de vida. Elas indicam quantos golpes supremos você têm à disposição. Também é possível encontrar (apesar de raro) algumas estrelinhas pelo cenário. Portanto, saia quebrando tudo o que puder pela frente.

Nível de dificuldade e inimigos

Há cinco níveis de dificuldade, em Streets of Rage 4: Fácil, Normal, Difícil, Dificílimo e Mania (vulgo, vamos comer seu fígado à pururuca). A diferença entre os níveis é a resistência a dano dos adversários e o poder deles de causar dano. Não há um acréscimo de inimigos na tela, ao mesmo tempo.

Streets of Rage 4

Inclusive, conforme você jogar e rejogar algumas vezes será até fácil decorar de onde o cara x ou y vai sair. Os adversários têm locais fixos para aparecer e seguem um padrão de movimento e de ataque, conforme o tipo de cada um. Não que isso vá fazer a sua vida ficar mais fácil, especialmente em modos mais difíceis, mas ao menos te ajudará a saber qual a combinação de golpes será mais eficaz para cada situação.

Além de recuperar saúde, ingerindo alimentos de salubridade duvidosa pelo chão, e coletar estrelinhas para os golpes supremos, também é possível conseguir vidas extras. Mas, para isso, você precisa arrebentar tudo pela frente e fazer combos, muitos combos. Quantos mais pontos fizer, maior será a chance de conseguir uma vida extra. Coletar sacos e maletas de dinheiro também ajudam nesse processo.

Modos de jogo desbloqueáveis, single player e multiplayer

Streets of Rage 4 traz cinco formas diferentes de jogar, sendo que quatro delas você desbloqueia somente após concluir o modo História. Fechando a campanha, que é até rápida demais – dependendo da sua habilidade, você pode:

Streets of Rage 4
  • Usar a Seleção de Fases: para rejogar algum nível em qualquer dificuldade;
  • Encarar o modo Arcade: bem ao estilo old school dos fliperamas: não há “continues” e se perder todas as vidas o jogo acaba mesmo;
  • Desafio dos Chefões: uma arena onde você enfrenta todos os chefes do jogo em sequência e mais alguns inimigos aleatórios, sem tempo para respirar;
  • Batalha: é o PvP do game, que pode ser local ou online.

Como testei o game com antecedência, não consegui avaliar as funções online (ativas somente no lançamento) para este review, como estabilidade do servidor, tempo de resposta do gameplay e tempo para parear as partidas. No entanto, assim que tiver essas informações atualizo por aqui.

Sente saudades dos velhos tempos? Jogue retrô!

Se estiver a fim de matar a saudade do estilo clássico de Streets of Rage, você pode ir nas opções e ativar as trilhas sonoras originais do primeiro e segundo jogo. Além disso, é possível desbloquear até 12 personagens do passado em estilo retrô. Só que você precisará trabalhar um pouco para isso.

Streets of Rage 4

Para desbloquear esses lutadores clássicos será necessário alcançar marcos de pontuação. Ao fechar qualquer fase (em todos os níveis de dificuldade) você recebe uma pontuação final de desempenho (já com a dedução de variantes, como ter pedido ajuda extra de vidas e estrelas antes da partida). Essa pontuação vai preenchendo, com o tempo, uma barra geral de progresso. Ao alcançar marcadores específicos, você desbloqueia um personagem secreto por vez.

Ao jogar com um lutador do passado, não apenas você terá o visual pixelado dele, mas também todos os sons e golpes clássicos. As animações serão as mesmas da trilogia da década de 90.

Visual renovado e trilha sonora empolgante

Todos os personagens e animações de Streets of Rages 4 foram desenhados a mão pelo estúdio francês Lizardcube e, sabendo disso, é até compreensível porque o jogo levou um tempo para sair: tudo está bem polido e com um belo visual cartunesco. O game é um 2D com elementos em 3D em que, após um bom tempo jogando e rejogando, não notei nenhum travamento (novamente, testei no PC).

Streets of Rage 4

Por mais que a premissa visual seja simples, vale destacar as sombras dos personagens no chão, os fachos de luzes através de alguns objetos e os destaques em neon de alguns letreiros e golpes especiais.

A nova trilha sonora é um misto do inédito com aspectos do áudio original. E essa mistura casou bem. Você sente que é algo novo, mas consegue perceber o toque dos arcades entre um acorde e outro também.

Conclusão

Acredito que minha única queixa real sobre Streets of Rage 4 é que o modo História me pareceu curto demais. O game rende bastante depois, especialmente com os modos desbloqueáveis, mas no fundo você sente que dava para ir bem mais além nas fases. Os chefões poderiam também trazer mais variações de formas e surpreender o jogador.

Mesmo assim, o replay do jogo é altíssimo e, assim como na trilogia original, a melhor forma de se jogar um beat ‘em up como este é em co-op, mesmo acontecendo de você às vezes bater no seu amigo – acidentalmente. Neste review testei o co-op local.

Streets of Rage 4 é um presente que demorou muito, mas finalmente chegou para os fãs da pancadaria e entrega novidades sem deixar de massagear o ego dos mais nostálgicos (e faz isso muito bem).

Leia | Street Fighter: a cronologia dos jogos da franquia

Prós

  • Gameplay clássico com novas animações e golpes especiais
  • Você vai querer jogar novamente (várias vezes)
  • É possível destravar lutadores antigos
  • Dá para ativar a trilha sonora original!

Contras

  • Modo História curto demais
  • Novos chefões poderiam surpreender mais
Nota Final 9.3
Áudio
9
Desafio
9
Diversão
10
Inovação
8
Jogabilidade
10
Replay
10
Visual
9

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Vivi Werneck

Vivi Werneck

Ex-editora assistente

Vivi Werneck é especialista em games e trabalha no mundo tech há 15 anos. Em 2018, recebeu o Prêmio Comunique-se como melhor jornalista de tecnologia. Já escreveu para revistas de games pioneiras no Brasil, como EDGE, PlayStation Brasil e EGW. Também é veterana em eventos de jogos, como a BGS e E3 (inclusive, presencialmente). No Tecnoblog, foi editora-assistente entre 2018 e 2023.