Trine 4: The Nightmare Prince – Puzzles dinâmicos e belos cenários

Trine 4 aposta, novamente, na sua mecânica tradicional e traz um belo jogo de plataforma e puzzles

Vivi Werneck
Por
• Atualizado ontem
Trine 4

Trine 4: The Nightmare Prince é um jogo de plataforma e puzzles em 2.5D que, assim como nos títulos anteriores, te coloca no controle de três diferentes heróis (um mago, um cavaleiro e uma ladina). Eles precisam combinar habilidades para superar obstáculos e, no caso de Trine 4, resgatar um príncipe, que não deveria ter mexido com magia negra, dos seus próprios pesadelos. O jogo (com legendas em PT-BR) tem belos cenários, marca registrada da franquia, e aposta no seguro focando mais em sua mecânica tradicional.

Antes de começar o review, vale destacar que o primeiro jogo da série Trine completou, em 2019, 10 anos. Para marcar a data, a desenvolvedora Frozenbyte (um estúdio finlandês) lançou também a coletânea Trine: The Ultimate Colletion, contendo todos os jogos da franquia (inclusive Trine 4) num só pacote. Tanto esta coleção, quanto apenas o game mais recente, estão disponíveis para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC.

Um príncipe mexendo com o que não deve

Trine 4

Tratando-se de um jogo indie e, por isso, fora do roteiro de lançamentos AAA, talvez nem todos que estejam lendo este review estejam familiarizados com o tom das histórias de Trine.

A sensação que se tem ao jogar qualquer game da franquia é a de se estar interagindo com um livro de conto de fadas, em que três heróis ao acaso e amigos até então improváveis, se unem para salvar um reino de forças malignas. E é bem isso mesmo, só que Trine coloca essa história dentro de um adorável conceito visual.

Em Trine 4, você volta a ter o controle da esperta ladina Zoya, do inteligente mago Amadeus e do sempre esfomeado (mas valente) cavaleiro Pontius. Os três são convocados para encontrar o príncipe Selius que, ao tentar mexer com magia proibida, deu vida aos seus piores medos e, como se não pudesse ficar pior, aos medos dos demais habitantes do reino também.

Trine 4

O trio de heróis precisa encontrá-lo o quanto antes para tentar reverter essa situação e, para isso, terão que encarar todos esses pesadelos pelo caminho, libertados pela mente de um adolescente rebelde. Felizmente, os tais medos são coisas como aranhas, lobos e uns diabinhos esquisitos, por exemplo. Ponto positivo da história se passar num contexto de fantasia e não fazer alusão ao mundo real.

A união faz a força!

Esse título de tópico clichê não poderia ser mais apropriado. Você terá que aprender a usar as habilidades dos três personagens em conjunto, alternando entre eles durante o gameplay, para resolver os puzzles e avançar na campanha. É possível jogar solo, em modo ilimitado de quatro jogadores (novidade na série) ou multiplayer clássico de três jogadores – sendo este último bem interessante, dado que encontre alguém que tenha um mínimo de paciência para resolver enigmas.

Falando nisso, é bom deixar claro que para gostar de Trine (qualquer um) você PRECISA gostar de resolver puzzles. Apesar do jogo ter seu ar de plataforma side-scrolling e alguma coisa de combate, sua essência é justamente empilhar caixas mágicas, refletir raios de luz para ativar passagens secretas, ou fazer pontes com cordas, por exemplo. Os puzzles estão agora mais dinâmicos e se adaptam ao número de jogadores.

Trine 4

Em Trine 4, resolver enigmas vai bem além disso, é claro, e alguns realmente vão fazer você parar e pensar um pouco. Não que eles sejam extremamente difíceis de resolver, mas é nítido que com o passar do tempo eles vão ficando mais desafiadores, te “forçando” a tomar decisões rápidas e trocar de personagens no tempo certo para ativar suas habilidades.

Jogar cooperativo, novamente frisando que com alguém que também goste de puzzles, ajuda muito quando é necessário, por exemplo, criar “degraus suspensos no ar” combinando o poder de levitação do mago e a flecha de congelamento da ladra. No modo solo, você precisa ser quase um ninja para rapidamente trocar entre os dois e congelar os blocos no lugar certo, antes que caiam no chão.

Apesar de ser um jogo linear, vale tentar explorar um pouco. Tem sempre alguma passagem secreta por aí (poderia ter mais, inclusive) que leva a algum baú com tesouros.

Combate limitado e sem muito brilho

Trine 4

Como dito antes, a essência de Trine 4 é a resolução de puzzles, mas como os heróis têm que também enfrentar os pesadelos soltos pelo príncipe desocupado, confrontos vão acontecer aleatoriamente conforme você avança na campanha.

Esses combates sequer são constantes, o que é bom (vou explicar melhor) e, quando aparecem, te bloqueiam numa certa área. Você só vai conseguir continuar seu caminho se vencer todos os inimigos (não tem como fugir). A questão é a seguinte: tirando Pontius, o cavaleiro, que tem espada, um escudo e umas habilidades de tanque que dão um certo impacto e dano, lutar com qualquer outro personagem é sofrível.

A ladina, às vezes, não tem espaço suficiente na área restrita da luta para se posicionar à distância e lançar suas flechas (ela é flanqueada com certa facilidade) e o mago é bem dispensável em qualquer luta, especialmente em modo solo. Ele pode erguer os inimigos no ar e jogar caixas mágicas neles. Uaaau… Isso só é útil nas raras vezes em que há um poço de espinhos por perto. Ao menos Amadeus pode usar seu curto teletransporte para fugir mais rápido.

Trine 4

Felizmente, há como trocar entre os personagens quando eles morrem e isso dá tempo para distrair os inimigos, com qualquer um dos outros dois heróis, enquanto Pontius se recupera para voltar à luta.

Os pesadelos, por sua vez, não são um desafio muito grande (nem mesmo os chefões) e seus movimentos são bem previsíveis. Nota-se que, em relação aos jogos anteriores da série, o combate de Trine 4 evoluiu um pouco – até para fazer uso das novas habilidades dos três protagonistas – mas fica claro que este não é o foco principal do gameplay.

Os três heróis e suas habilidades

Cada um dos heróis de Trine forma o trio clássico de quase todo conto de fadas ou campanhas tradicionais de RPG: mago, cavaleiro e ladino.

Trine 4

Em Trine 4, Amadeus (o mago) conjura caixas mágicas que podem ser usadas de várias maneiras, como improvisar bloqueios, ativar botões de pressão, criar degraus, servir de apoio para a corda de Zoya e etc. Ele também é capaz de levitar certos objetos e inimigos (mas precisa desbloquear essa skill) e rotacionar pontes e portais.

Zoya (a ladina) é ágil e usa seu arco e flecha tanto para atacar inimigos, quanto para resolver puzzles, usando suas novas flechas elementais de gelo e fogo. Ela também pode se pendurar com seu gancho e corda por alguns obstáculos ou mesmo criar pontes de cordas para ela e seus companheiros.

Já Pontius (o cavaleiro) é o mais lento de todos, porém o mais forte fisicamente e o personagem mais recomendável para combates (como dito antes) por estar realmente equipado para lutas em espaços menores. Além de liberar efeitos especiais para sua espada, ele também pode usar seu escudo para refletir raios de luz, bloquear ataques ou efeitos nocivos do cenário.

Trine 4

É possível melhorar as habilidades dos heróis, conforme você progride na campanha e coleta uns cristais em forma de gota rosa (é mais ou menos isso). O próprio jogo te avisará quando você tem pontos suficientes para investir em novas skills. Não há muita liberdade sobre o que escolher e você poderá comprar apenas as habilidades (geralmente uma ou duas) liberadas por vez.

Visual e trilhas sonoras encantadoras

A marca registrada da franquia Trine é seu visual encantador e bem detalhado, fazendo bom uso de luzes, cores e elementos de fantasia. A liberdade para criar cenários para este tipo de game é quase infinita, já que não há tanto a necessidade de ser coerente com o mundo real.

Inclusive, há pontos específicos do cenário feitos especialmente para você parar e contemplar o horizonte, como varandas ou alguns penhascos. Se prestar atenção, tem sempre alguma coisa interessante desenhada ou ornamentando alguma locação ou floresta. Os cenários são bem variados e sofrem com os efeitos do vento, chuva e neve. As alterações entre dia e noite também dão um toque especial.

Trine 4

A trilha sonora combina exatamente com o que se vê. Ela embala num tom de fantasia, entre toques mais calmos ou mais épicos, conforme você chega em partes importantes da campanha. Não espere nada ao estilo O Senhor dos Anéis, é claro, mas o que é mostrado combina bem com o propósito do jogo.

Conclusão

Depois de tentar um estilo todo em 3D para Trine 3, e não ter agradado tanto, a Frozenbyte optou por jogar seguro com Trine 4, voltando a sua origem 2.5D. O game é um agradável presente aos fãs de puzzles e jogos que não consomem muito o tempo. O cooperativo é bem legal, mas a experiência solo se saiu mais desafiadora – já que é preciso jogar com três personagens ao mesmo tempo.

Trine 4 talvez não seja um jogo para quem está acostumado ao ritmo acelerado de alguns blockbusters, mas vale dar uma chance a este título de plataforma, especialmente com o bundle contendo todos os games da série. Esqueça os combates e jogue pensando em se divertir com puzzles em meio a um lindo cenário. Boa aventura!

Trine 4

Prós

  • Um prato cheio para quem ama puzzles
  • Visual continua encantando
  • Trilha sonora combina com o ambiente de fantasia
  • As habilidades dos três heróis casam muito bem

Contras

  • A árvore de habilidades poderia ser mais clara
  • O combate ainda deixa a desejar
  • Poderia ter mais salas secretas
Nota Final 8.1
Áudio
10
Desafio
7
Diversão
9
Inovação
7
Jogabilidade
8
Replay
6
Visual
10

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Vivi Werneck

Vivi Werneck

Ex-editora assistente

Vivi Werneck é especialista em games e trabalha no mundo tech há 15 anos. Em 2018, recebeu o Prêmio Comunique-se como melhor jornalista de tecnologia. Já escreveu para revistas de games pioneiras no Brasil, como EDGE, PlayStation Brasil e EGW. Também é veterana em eventos de jogos, como a BGS e E3 (inclusive, presencialmente). No Tecnoblog, foi editora-assistente entre 2018 e 2023.

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