A Fitbit está com problemas para criar seu próprio smartwatch

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 semanas

A Fitbit comprou empresas importantes do segmento de wearables, como Pebble e Vector, para criar um smartwatch capaz de concorrer com o Apple Watch. Mas parece que a fabricante enfrenta alguns obstáculos no desenvolvimento do relógio: os engenheiros não estão conseguindo torná-lo à prova d’água, o design interno precisou ser revisto no meio do projeto e uma parte do software não estará pronta a tempo.

As informações surgiram no Yahoo Finance na terça-feira (11). Fontes contam ao veículo que, em um dos protótipos mais recentes do smartwatch, o GPS simplesmente não funcionava porque a antena estava no lugar errado. Por causa disso, os engenheiros “tiveram de voltar à prancheta para redesenhar o produto e fazer com que o GPS recebesse um sinal forte”.

Não é difícil acreditar nisso: eu acho curioso como, mesmo sendo uma empresa de wearables focada em fitness, apenas um produto da empresa tem GPS integrado, o Fitbit Surge, de US$ 249. Nem mesmo o Fitbit Blaze, que chega mais perto de ser um smartwatch de verdade, possui a antena: é necessário pareá-lo com seu smartphone para registrar o trajeto da sua corrida, por exemplo. E a gente sabe que calcular distância por meio do número de passos é algo bem longe de ser preciso.

Outra dificuldade está na carcaça do relógio, que precisa ser à prova d’água. Segundo a publicação, os engenheiros não estão conseguindo torná-lo resistente como o Apple Watch Series 2, o que poderia resultar em reviews negativos, que apontariam o novo produto da Fitbit como inferior — ainda mais considerando que o smartwatch vai chegar ao mercado um ano depois do produto da Apple.

O The Verge vai além, e diz que os problemas da Fitbit não se limitam ao hardware, mas também ao software. A empresa planeja criar uma loja de aplicativos, mas é “improvável” que ela esteja pronta a tempo do lançamento do relógio. A Fitbit, então, adotaria uma estratégia como a do primeiro iPhone, que chegou ao mercado sem nenhum aplicativo de terceiro, para futuramente liberar um kit de desenvolvimento.

O problema dessa estratégia é que o próprio CEO da Fitbit afirmou que um dos motivos para ter comprado a Pebble foi o ecossistema de aplicativos do falecido smartwatch — esse era uma característica importante do novo relógio, portanto. O Pebble tinha mais de 14 mil aplicativos e watchfaces de terceiros, desenvolvidos em cinco anos de existência da plataforma.

Se nada mais der errado, o novo smartwatch da Fitbit deve aparecer até o final do ano; anteriormente, a expectativa era lançá-lo até junho. Rumores indicam que ele terá suporte a pagamentos no pulso, tela colorida com brilho de 1.000 nits (comparável ao Apple Watch Series 2), GPS integrado, leitor de batimentos cardíacos, design de alumínio e bateria com duração de 4 dias.

Ainda assim, a Fitbit está correndo contra o tempo: a empresa já enfrentou problemas de produção na smartband Flex 2 e precisou demitir 110 funcionários devido às vendas fracas no fim de 2016. A Fitbit é a maior fabricante de wearables do mundo, com 19,2% de fatia de mercado, mas sua distância em relação às próximas colocadas (Xiaomi, Apple, Garmin e Samsung, nessa ordem) vem diminuindo a cada trimestre.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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