As primeiras novidades do Android Q, já disponível em beta no Google Pixel

Android Q impede acesso à sua localização em segundo plano, possui suporte a celulares dobráveis, e traz mais desempenho

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses

O Google acaba de lançar a primeira prévia do Android Q para celulares Pixel. Ele traz novidades voltadas para privacidade, como impedir acesso à sua localização em segundo plano; possui suporte nativo a reconhecimento facial 3D e celulares dobráveis; e oferece mais desempenho ao abrir apps e rodar jogos. Este é só o começo: saberemos mais detalhes na conferência I/O em maio.

O Android Q está disponível como uma atualização OTA para todos os celulares Google Pixel; basta se inscrever neste link. A lista de dispositivos compatíveis será expandida ao longo dos próximos meses; este é apenas o Beta 1.

Por enquanto, é possível instalá-lo no Pixel 3, 3 XL, Pixel 2, 2 XL e até mesmo na primeira geração do Google Pixel — que inicialmente permaneceria no Android 9 Pie.

Android Q bloqueia localização para apps em 2º plano

Há um foco em privacidade no Android Q. Você pode escolher se um aplicativo pode acessar sua localização apenas quando estiver em uso, sempre (mesmo em segundo plano) ou nunca. É algo semelhante ao que a Apple implementou no iOS 11.

Por exemplo, um aplicativo de delivery usa sua localização para saber quais restaurantes atendem sua área. No entanto, quando está fechado, ele não precisa saber onde você está. Com as permissões do Android Q, será possível impedir esse acesso em segundo plano.

Há também novas restrições ao acesso de arquivos. O usuário poderá escolher se o aplicativo terá acesso às fotos e vídeos ou à coleção de áudios/músicas. Quanto aos downloads, o usuário decidirá exatamente quais arquivos o aplicativo pode acessar.

Além disso, os apps terão menos acesso a identificadores de dispositivo como o IMEI do dispositivo e o número de série. Esses dados costumam ser usados para criar perfis de usuário e direcionar anúncios. O Android Q também vai randomizar o endereço MAC do dispositivo quando conectado a diferentes redes Wi-Fi; isso era algo opcional no Android 9 Pie, mas se tornará padrão.

Android Q acelera compartilhamento em apps

Os atalhos de compartilhamento ficarão mais convenientes. Hoje, quando você toca em “Compartilhar”, o Android carrega dados sobre todos os apps compatíveis, e a experiência costuma ser lenta.

No Android Q, existe algo chamado “Sharing Shortcuts”: trata-se de atalhos para realizar uma atividade específica dentro do aplicativo que você escolher. O Google promete que, com isso, a lista de apps para compartilhar conteúdo será carregada instantaneamente.

Outra novidade bacana é o suporte a painéis de configurações. Trata-se de um card flutuante que mostra os ajustes mais frequentes dentro de um aplicativo; dessa forma, você não precisará sair da interface principal para visitar outras telas. Por exemplo, um navegador web pode exibir um painel com modo avião, Wi-Fi (incluindo redes próximas) e 3G/4G.

O Android Q resolve uma pequena chateação que eu tenho há anos: apps podem saltar sem aviso para o primeiro plano, seja para exibir uma chamada ou um alarme. Isso não será mais possível: apps em segundo plano poderão apenas exibir uma notificação de alta prioridade.

Android Q traz melhorias na câmera, jogos e desempenho

Você sabe que o Google Pixel tem uma das melhores câmeras de smartphone no mercado, e consegue tirar fotos com efeito bokeh usando apenas um sensor. Essa tecnologia será aberta aos desenvolvedores no Android Q: os aplicativos podem obter o mapa de profundidade das fotos para borrar o plano de fundo usando algoritmos próprios, ou para criar imagens 3D em realidade aumentada.

Em questão de segurança, o Android Q adota um framework unificado de autenticação por biometria chamado BiometricPrompt, que inclui suporte a métodos de autenticação passiva, como reconhecimento facial. O sistema também está ganhando suporte a TLS 1.3 para conexões mais seguras.

Quanto ao desempenho, o Android Q traz melhorias no ART (Android Runtime), engine para rodar aplicativos. Os processos de cada app são inicializados mais rápido; a imagem é carregada mais rápido na memória; e o coletor de lixo (garbage collector), que recupera áreas inutilizadas de memória, ficou mais eficiente.

Para jogos, o Google quer que o Vulkan 1.1 se torne um requerimento para todos os dispositivos de 64 bits que rodem o Android Q e superior. Esta tecnologia gráfica oferece maior desempenho para games.

Além disso, o Google está trabalhando em um driver OpenGL padrão e atualizável para todos os dispositivos compatíveis com a API Vulkan. O Android Q possui suporte experimental para ANGLE, uma camada de abstração gráfica.

O Android Q traz suporte ao codec de vídeo AV1; ele tem código aberto e permite fazer streaming consumindo menos largura de banda. O sistema também permite usar HDR10+ para vídeo de alta gama dinâmica; e o codec de áudio Opus, otimizado para transmissão de voz e música.

Android Q terá suporte a telas dobráveis e mais novidades

O Android Q é a primeira versão a suportar telas dobráveis, como no Samsung Galaxy Fold. O sistema foi modificado para que o aplicativo saiba quando está em foco; e para gerenciar a forma como ele é exibido em telas grandes ou flexíveis.

Provavelmente saberemos mais detalhes sobre o Android Q durante a conferência Google I/O, a ser realizada entre 7 e 9 de maio. Por exemplo, há indícios de que o botão Voltar pode ser substituído por gestos; e que o navegador Chrome vai se integrar ao bem-estar digital.

Com informações: Google.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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