Epic usou sucesso de Fortnite para pressionar Microsoft e Google

A Epic Games pediu à Microsoft que o online de Fortnite fosse gratuito no Xbox e ofereceu ao Google uma versão do jogo para Stadia

Murilo Tunholi
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• Atualizado há 11 meses
Skin de Master Chief em Fortnite (Image: Divulgação/Epic Games)
Skin de Master Chief em Fortnite (Image: Divulgação/Epic Games)

A Epic Games pressionou a Microsoft e o Google usando o sucesso de Fortnite nas negociações. Em e-mails confidenciais, — revelados no processo judicial contra a Apple — a empresa queria que o multiplayer do Battle Royale fosse gratuito nos consoles Xbox. Além disso, a produtora ofereceu uma versão do jogo para o Stadia, caso tivesse taxa zero na Google Play Store.

Essa não é a primeira vez que a Epic Games usou os números de Fortnite para conseguir algo. Em outro e-mail, a desenvolvedora tentou forçar a Sony a liberar o coss-play do jogo no PlayStation 4. Na mensagem, a Epic disse que o Battle Royale era o maior jogo do PS4 e, por isso, a Sony não poderia recusar a oferta.

Epic pressionou Microsoft para ter online grátis em Fortnite

No caso da Microsoft, o próprio CEO da Epic Games, Tim Sweeney, contatou Phil Spencer, presidente da divisão do Xbox. Os e-mails foram trocados em agosto de 2020, somente alguns dias antes da guerra judicial da Epic contra a Apple começar.

Na mensagem, Sweeney perguntou se a Microsoft já tinha planos para liberar os modos online de jogos gratuitos para usuários que não assinavam a Xbox Live Gold. “Se isso for acontecer, poderia programar a mudança para impulsionar o lançamento da temporada 14 de Fortnite em 27 de agosto?”, solicitou Sweeney.

Em seguida, o CEO da Epic tentou convencer Spencer, dizendo que a ação traria bons resultados para a Microsoft e todas as marcas associadas à empresa.

A Epic tem certos planos para agosto que vão garantir uma oportunidade extraordinária para destacar a proposta de valor dos consoles e PCs, em comparação com as plataformas mobile, e integrar novos usuários aos consoles. Embora eu não possa compartilhar detalhes por enquanto, a Epic promete que os esforços serão positivos e apoiarão a Microsoft, o Xbox e o Windows.

Tim Sweeney, CEO da Epic Games, em e-mail.

Em resposta, Spencer disse que a Microsoft iria, sim, liberar o multiplayer sem a Xbox Live Gold, mas não naquele momento. O presidente do Xbox explicou que a empresa estava trabalhando em outros projetos, como o serviço xCloud, e não poderia aceitar o pedido da Epic Games. Sweeney entendeu a posição da Microsoft e agradeceu pela atenção.

Os e-mail foram trocados entre os presidentes das empresas nos dias 5 e 6 de agosto do ano passado. A Epic Games entrou com o processo contra a Apple e o Google poucos dias depois, em 14 de agosto.

instalar Fortnite no Android / Reprodução / Felipe Vinha

Fortnite (Imagem: Divulgação/Epic Games)

Epic ofereceu Fortnite no Stadia em troca de taxa zero

Em abril de 2020, antes de colocar Fortnite na Google Play Store, a Epic Games conversou com o Google e disse que poderia lançar o Battle Royale no Stadia. Contudo, o acordo pedia que a taxa de 30% em compras realizadas na loja do Android fosse cancelada.

Na época, o CEO da Epic Games também tentou negociar com a Apple para lançar Fortnite na App Store sem a taxa de 30%. As duas empresas recusaram a proposta, mas a Epic colocou o Battle Royale em ambas as lojas mobile mesmo assim.

Depois que Fortnite já estava consolidado nos celulares, a Epic Games decidiu processar tanto a Apple quanto o Google, acusando as duas empresas de praticarem monopólio. A desenvolvedora ainda alegou que a taxa cobrada nas lojas de aplicativos era ilegal.

O resultado foi a remoção total de Fortnite da App Store e da Google Play Store. Ainda é possível jogar o Battle Royale no Android, mas é preciso baixar pelo site da Epic ou pela Galaxy Store, em celulares da Samsung.

Com informações: The Verge, Android Police.

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Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Ex-autor

Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.

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