Não falta (quase) nada: pesquisadores usam impressora 3D para criar dente imune a bactérias

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 semanas
Dente feito em impressora 3D
Dente feito em impressora 3D

A gente tem visto as impressoras 3D sendo usadas para coisas incríveis. Na área da saúde, esses equipamentos estão ajudando a criar próteses para pessoas que perderam membros ou ossos e réplicas de órgãos para auxiliar médicos em cirurgias complexas. Em breve, as impressoras 3D também poderão ser usadas para criar dentes artificiais quase tão robustos quanto os verdadeiros.

Pelo menos é no que acreditam pesquisadores da Universidade de Groningen, na Holanda. Eles anunciaram nesta semana um tipo de dente feito em impressora 3D que promete agilizar a construção de próteses dentárias e, eventualmente, diminuir os transtornos de quem precisa desse tipo de objeto.

A ideia não é nova. O diferencial deste caso está no material. Com auxílio de seus colegas, o professor Andreas Herrmann afirma ter desenvolvido um tipo de plástico que, além de proporcionar resistência, combate bactérias que surgem na prótese. Pode parecer um detalhe pouco importante, mas não é exatamente raro pacientes que passaram por extração de dente ou procedimentos para implante dentário apresentarem infecção no local algum tempo depois.

Na verdade, a matéria-prima em si é um tipo de resina que já é usado em dentes artificiais. Só que o material foi manipulado para ser impresso e recebeu “sais quaternários de amônio”.

O nome é um tanto “gourmet”, mas o mecanismo de ação é simples: segundo os pesquisadores, os sais são carregados positivamente e perturbam as membranas bacterianas carregadas negativamente de tal modo que as bactérias acabam morrendo.

Para testar, os pesquisadores revestiram amostras do material com uma mistura de saliva e Streptococcus mutans, o tipo de bactéria que é a principal causa de cáries. Eles constataram que os tais dos sais conseguiram eliminar 99% das bactérias. As amostras de controle, sem os sais, tiveram menos de 1% de eliminação.

Herrmann afirma que as substâncias não prejudicam as células humanas. Mas, para o material ser considerado seguro, é necessário avaliar a sua durabilidade e a reação com cremes dentais, por exemplo.

Estes testes demoram, mas não muito, esperam os pesquisadores. “Esse é um produto médico com aplicação previsível em um futuro próximo, com tempo [de aprovação] muito menor que o necessário para o desenvolvimento de uma droga”, argumenta Herrmann.

Pode ser que, como dente artificial, o material demore bastante para ser aprovado pelos órgãos de saúde. Mas há expectativa de que a invenção possa pelo menos ser usada em aparelhos odontológicos e acessórios de higiene bucal dentro de um prazo menor.

Com informações: News Scientist

O futuro em 3D

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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