Qualcomm quer deixar suas câmeras de segurança mais inteligentes

Empresa implementa processador semelhante ao de smartphones em câmera de segurança

Jean Prado
• Atualizado há 8 meses

A Qualcomm anunciou nesta terça-feira (27) um modelo de referência para a fabricação de câmeras IP, aquelas câmeras de segurança que podem ser acessadas pela internet para maior segurança e acessibilidade. A empresa pretende colocar maior poder de processamento nesses dispositivos para deixá-las mais inteligentes.

Atualmente, a maioria das câmeras de segurança analisa o conteúdo das gravações na nuvem, seja para identificar ou rastrear objetos e até mesmo realizar alguma operação de reconhecimento facial. Segundo a Qualcomm, essa metodologia não é tão confiável, gasta recursos para armazenamento na nuvem, além de precisar de internet boa o suficiente para essas transferências.

Por esses motivos, a empresa defende que é necessária a implantação de um processador com poder de processamento semelhante ao dos dispositivos móveis também nas câmeras. O modelo de referência da Qualcom tem processador Snapdragon 618, com dois núcleos Cortex-A72 a 1,8 GHz e mais quatro Cortex-A53 a 1,2 GHz e arquitetura 64 bits.

Esse processador também passou por adaptações para combinar com uma câmera de segurança. Ele tem um processador de sinal digital (DSP) integrado com tecnologias para tornar possível a análise do vídeo em âmbito local, sem precisar confiar na conexão à internet. A empresa chama esse modelo de “câmera consciente” porque ela pode escolher quais objetos ignorar, como um carro passando em frente a sua janela, ou diferenciar estranhos de pessoas que moram na casa.

Com um processador semelhante ao que é usado nos celulares em uma câmera de segurança, também é possível levar mais tipos de conexão e mais tecnologias. O modelo elaborado pela Qualcomm tem suporte a conexões LTE, Wi-Fi 802.11ac, GPS, Ethernet e até Bluetooth 4.1. Ela também possui dois processadores de imagem (ISP) que suportam imagens com resolução até 21 megapixels e vídeos 4K com a codificação H.264 e HEVC, ainda reduzindo o consumo de banda em 50%.

Como esse é um modelo de referência para outras companhias, a Qualcomm apenas oferece a tecnologia para que elas desenvolvam outra grande parte do hardware e software e vendam o produto. A empresa prevê que câmeras de segurança com essa tecnologia estejam disponíveis ainda no primeiro semestre de 2016.

Não é de hoje que a internet das coisas é um bom investimento para muitas empresas de tecnologia, incluindo a própria Qualcomm. Ela também anunciou dois modems LTE feitos para serem implementados em dispositivos de internet das coisas. Um é feito para conexões contínuas e o outro prioriza baixo uso da rede de dados; ambos visam gastar pouquíssima energia e podem ser implementados em, por exemplo, dispositivos médicos que não precisam ser pareados com um celular.

O mercado de câmeras de segurança também vem sendo observado por algumas empresas de tecnologia. A Nest, que foi comprada pelo Google há um tempo e desenvolve termostatos inteligentes desde 2011, anunciou há alguns meses uma câmera de segurança chamada Nest Cam, que grava vídeos na resolução 1080p a 30 quadros por segundo e conta com campo de visão de 130 graus, modo noturno e zoom de 8x.

Diferente do modelo da Qualcomm, a Nest Cam usa sensores de movimento e som para iniciar a gravação quando algum objeto ou ação for detectado. Para quem assina o Nest Aware, que custa US$ 10 por mês, os vídeos ficam salvos na nuvem por até 30 dias. Também é possível fazer streaming de vídeo para dispositivos Android e iOS.

Já a Butterfleye, câmera de segurança que teve orçamento 614% maior que o solicitado no Indiegogo, combina esses sensores comuns com algoritmos de análise de imagens e áudio para não ativar o monitoramento por qualquer coisa. Ela também usa uma tecnologia de reconhecimento facial e identifica animais, para não iniciar a gravação desnecessariamente quando seu gato sobe no sofá.

Com aplicativos bem completos para Android e iOS, toda a gravação (criptografada, é claro) fica disponível na nuvem por até 24 horas e é enviada via Wi-Fi. Mas esse pacote sai por um preço relativamente salgado: US$ 199 por câmera, sem incluir o frete para o Brasil.

A internet das coisas
A cada dia, dispositivos inteligentes que se integram de forma cômoda com a sua casa são desenvolvidos e testados no mercado. Essa aposta surgiu até no Brasil, com o Bluelux. Criado por três brasileiros, ele está disponível no Kickante e visa deixar as lâmpadas da sua casa inteligentes, com controle da intensidade do brilho e integração com um app feita por um simples adaptador.

Essa tática de usar o que as conexões móveis têm de melhor para melhorar as coisas que você usa todos os dias é tão importante que ela foi discutida no Tecnocast 009. No podcast, explicamos como a internet das coisas tornam o nosso cotidiano melhor e podem automatizar muitas tarefas que nem imaginamos. O botão de play fica logo abaixo!

Com informações: The Verge, Mashable.

Leia | O que faz um processador de sinal de imagem (ISP)?

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.