Kinect e Move estão fadados ao mesmo fim do Wii
A Microsoft acaba de anunciar que vendeu 2,5 milhões de Kinects em apenas 25 dias – ou seja, uma média de 100 mil unidades por dia, ao redor do mundo. Para contextualizar o sucesso do aparelho, tenha em mente que isso é mais que o dobro de vendas do iPad (outro gadget relativamente recente e igualmente popular) no mesmo período. Nos primeiros 28 dias de lançamento, o iPad vendeu “mísero” um milhão de unidades – que, por sua vez, significou quase o dobro de vendas do iPhone de primeira geração, lançado em 2007.
Veja só:
Considerando que ambos o iPhone original e o iPad foram gadgets muito cobiçados pelo mundo geek e que tiveram vendas fortes, dá para concluir que o lançamento do Kinect foi também um grande sucesso. Claro, há ressalvas – o Kinect é mais barato que o iPhone e o iPad, e o smartphone ainda por cima requeria contrato com a AT&T, o que limitava seu potencial de vendas -, mas o que importa no final das contas é que a base instalada do Kinect, logo no lançamento, é bastante expressiva.
É estranho ver que esses supérfluos eletrônicos vendem cada vez mais em tempos de uma suposta recessão econômica, mas divagarei sobre o assunto.
Vou contextualizar o número de vendas do Kinect usando um exemplo no mundo dos consoles: o Wii vendeu 3,19 milhões de unidades no primeiro mês. Se você tem memória fraca, permita-me relembrar que o Wii passou muitos meses esgotado em tudo quanto era loja, tamanho era o volume de vendas.
A Sony não ficou atrás e liberou seus números também: o PlayStation Move vendeu 4.1 milhões de unidades em pouco mais de 70 dias. Tudo bem, não atingiu o mesmo sucesso que o Kinect (a média diária de vendas do Move fica na faixa dos 58 mil, quase metade das vendas do Kinect), mas não foi um fracasso total. Especialmente quando você considera que a Sony gastou apenas seis milhões de dólares em marketing (um milhão por região de lançamento – Europa, Asia, Oceania, América do Norte, Reino Unido e Japão), enquanto a Microsoft bancou meio bilhão de dólares na mesma finalidade.
É bastante claro que o público gamer casual move o mercado com suas carteiras. O Wii foi um grande sucesso de vendas, assim como o DS, e o fenômeno se repete com os periféricos do Xbox 360 e do Playstation 3. O problema é: até quando dura o interesse na jogatina casual? Eu já comentei aqui no Tecnoblog que eu não acredito que o Kinect ou o Move vão reenergizar suas respectivas plataformas. Se o plano é estender a vida útil dos consoles por outros 5 anos, eu duvido muito que chegue sequer à metade disso.
E olha lá: na semana passada o site GamaSutra revelou um gráfico que mostra a drástica queda de vendas do Nintendo Wii nos últimos anos:
E antes mesmo disso, em setembro, o site especializado Kotaku já havia publicado um artigo mostrando que 2010 havia sido o ano mais fraco para o Nintendo Wii. Em outras palavras, o público cansou.
Tendo em vista esse declínio de popularidade do Nintendo Wii (algo que gamers hardcore, que sempre costumaram torcer o nariz para o console, profetizavam que aconteceria), chega a ser surpreendente que o Kinect e o Move tenham vendido tão bem nesses primeiros meses. Afinal de contas, vendo o gráfico acima você poderia concluir que jogos com captura de movimento já tiveram e perderam seu lugar ao sol, e que o que o mercado quer é mais Halo, God of War e Gran Turismo.
Aparentemente, o Kinect e o Move provaram que o público está disposto a dar outra chance aos sucessores de conceito (digamos assim) do Wii. E por isso as vendas iniciais espelharam aquelas do console da Nintendo. Mas quanto tempo isso vai durar?
Diz-se que o declínio de vendas do Wii se dá pela falta de jogos exclusivos que realmente façam o preço do console valer a pena (e olha que o Wii ainda é o console mais barato dessa geração). Olhe para o seu Move ou o seu Kinect e pergunte a si mesmo: que jogo você realmente gosta de jogar neles? Ou você comprou simplesmente porque era a última novidade?
Manterei minha cautela. Até onde vejo, o Kinect e o Move estão fadados ao mesmo fim do Wii. E talvez mais rapidamente.