Windows Phone 7: review do sistema para smartphone

Plataforma móvel da Microsoft tenta concorrer com Android e iOS.

Thássius Veloso
Por
• Atualizado há 2 horas
HTC Surround 7 rodando Windows Phone | Clique nas imagens para ampliá-las

Uma nova maneira de interagir com o seu celular. Quando a Microsoft começou a trabalhar no sucessor do Windows Mobile – lá em 2008, segundo alguns relatos –, queria algo que se diferenciasse do que existia no mercado. Àquela época, o que tínhamos de bom era o iPhone e seu impecável iOS, que deveria ser de alguma forma ultrapassado pelo sistema da MS. Algum tempo depois, com o Android em franca expansão, surgiu a segunda plataforma que daria dor de cabeça à empresa liderada por Steve Ballmer.

Mas os dois anos de desenvolvimento renderam frutos. O novo sistema operacional está presente em smartphones desde outubro do ano passado em países selecionados da Europa, chegando a aparelhos dos Estados Unidos e Canadá no início de novembro. Ele ainda não está em nenhum aparelho vendido oficialmente no Brasil, mas eu consegui brincar com um dispositivo rodando Windows Phone 7. Vamos às minhas impressões?

Um apelo diferente

O primeiro contato com um novo sistema é sempre curioso. Você olha para o visor, para os recursos, procurando similaridades com outros softwares que você já conhece. Foi assim com Windows Phone 7, mas a boa verdade é que o WP7 difere de tudo o que eu já vi. O apelo dele é diferente do Google Android e do iPhone OS, que são os usuais suspeitos e que sempre servem de parâmetro para novos sistemas. Parece-me que o Android se posiciona como uma plataforma para quem gosta de futucar no aparelho, mexer nas coisas; e o iPhone OS é sinônimo de sofisticação (principalmente visual).

Com o WP7 as coisas são um pouco diferentes. Ao ligá-lo e observar sua tela inicial, a sensação é de que esse sistema está aí para simplificar a vida dos usuários. Ele pode até não oferecer todos os recursos do Android, como as inúmeras modificações que um simples acesso ‘root’ permite, muito menos ter aquele tech appeal que só o iPhone tem, mas ainda assim merece o nosso respeito. É a tentativa mais nobre da Microsoft de colocar no mercado um sistema de uso facilitado, que tem os acertos e erros de qualquer software em sua primeira versão.

A Microsoft ainda teve uma vantagem frente aos seus concorrentes: mais tempo. O iPhone OS da Apple tem pelo menos quatro anos de existência no mercado, com diversas correções que fizeram dele um sistema melhor. Certamente a MS teve a chance de modificar o rumo do WP7 a fim de refletir aquilo que o mercado esperava e já demandava do iOS. E o mesmo vale para o Android, que é mais novinho, mas tem uma característica similar à do Windows Phone: ser utilizado em diversos aparelhos. Se a MS teve tempo de observar o que os principais rivais faziam antes de colocar o time em campo, conseguiu se preparar melhor. E o resultado é esse sistema operacional que muito me agradou.

Interface Metro

Reza a lenda que a Microsoft usou o Zune – sim, aquele player de músicas e vídeos que nunca chegou oficialmente ao Brasil – como um teste para o que o Windows Phone poderia ser. E pelo menos a interface do Zune foi bem aproveitada na plataforma móvel, embora com notáveis adaptações para que funcionasse melhor um smartphone. Chamada de Metro UI, essa forma de apresentar visualmente os itens do sistema operacional é muito bem sucedida, pelo menos no HTC Surround 7 que eu usei para fins de teste.

Tela de desbloqueio do WP7 | Clique nas imagens para ampliá-las

Sobretudo bonita, a Metro UI é bastante diferente das opções que usualmente vêm à nossa cabeça. A começar pela tela de desbloqueio do aparelho, aquela que evita que a gente inicie alguma função sem querer. Tanto no iPhone OS como no Android – por sinal, é bom deixar bem claro que baseio-me nos Androids mais facilmente encontrados por aí; assim já evitamos comparações com uma ROM única e imperdível que ninguém usa – o usuário deve deslizar o dedo indicador na horizontal a fim de desbloquear o aparelho. Mas no Windows Phone 7 não é bem assim: em vez de horizontal, o desbloqueio é baseado num movimento vertical. O usuário deve mover o dedo para cima, dando a impressão de que mandou aquela tela para o espaço.

Atalhos para aplicativos na tela inicial | Clique nas imagens para ampliá-las

Aparelho desbloqueado, é hora de apreciar a tela inicial do WP7. Como é bonita! Pequenos botões, alinhados em duas colunas, apresentam atalhos para os aplicativos principais, além daqueles que o usuário decidir colocar por ali. Os ícones são supersimples e todos padronizados, causando uma sensação de unidade em todos os softwares que estão instalados no aparelho. A rolagem deve ser feita ne vertical, como se fosse uma extensa página da internet que deve ser movimentada para baixo. Não sei se há limites para os atalhos que são incluídos na tela inicial do Windows Phone, mas tanto faz, pois os usuários certamente não terão paciência de adicionar muitos aplicativos a essa tela. Dá trabalho ficar rolando montes de apps toda vez que quiser abrir algo!

O melhor da tela inicial é que ela está longe de ser estática. Dependendo do aplicativo, seu ícone apresenta informações rápidas e interessantes que facilitam bastante a vida. Por exemplo, o ícone para acessar o telefone apresenta o símbolo do aplicativo e, do lado, o número de chamadas que não foram atendidas. E o mesmo vale para o cliente de e-mail, que ostenta a quantidade de mensagens não lidas. Sim, o iOS apresenta esse mesmo tipo de informação, mas é ligeiramente diferente: no sistema da Apple o que temos é uma elipse que fica no canto do ícone, quase que numa intromissão. O que acontece no WP7 é justamente o contrário: a informação faz parte do ícone, está integrada.

Sem falar que alguns ícones contam com animações gráficas bem bacanas, que nem por isso transforman-no numa espécie de Times Square dos apps, com montes de ícones piscando e se movimentando. Pelo contrário, o Windows Phone 7 consegue ser agradável – e por que não simpático? – nesse quesito. As informações da tela inicial são acessíveis e fáceis de compreender, com ícones bastante práticos e um apelo visual que consegue se distanciar dos concorrentes, mostrando-se único na sua categoria.

Se a tela inicial é organizada e bela, não posso dizer o mesmo da listagem geral de aplicativos. Ao mover o dedo para a esquerda na tela inicial, o que temos é uma grande lista com todos os apps que foram instalados no aparelho. Em ordem alfabética, eles são apresentados sem qualquer outro tipo de critério – são aplicativos de produtividade, coisas inúteis, softwares que a operadora instalou no aparelho –, o que pode incomodar. E vai ficando cada vez mais demorado de achar aquele aplicativo que você queria conforme a lista vai aumentando. Talvez nesse aspecto a Microsoft devesse parar de inventar moda e adotar a paginação que é tão comum no Android e no iOS. Prático para eles e prático para nós.

Você deve ter notado no material de divulgação do Windows Phone 7 que o sistema apresenta um sistema com fundo preto e as informações num azul claro. É bem assim mesmo nos ajustes de fábrica do Windows Phone, mas o usuário pode mudar as cores conforme seu gosto pessoal. Eu, que estou cansado do visual preto do iPhone OS presente no meu iPod Touch, imediatamente corri para mudar as cores. Escolhi fundo branco, com detalhes em vermelho. E ficou bonito! É sempre bom dar opções para que o usuário personalize seu aparelho, e nisso o sistema da Microsoft acerta em cheio.

Informações de rede e bateria ficam no topo, porém ocultas | Clique nas imagens para ampliá-las

As notificações do sistema são exibidas no topo do visor, apenas quando é absolutamente necessário. Fazendo uso de uma abordagem minimalista, a Microsoft também sumiu com as informações relacionadas a bateria e força do sinal de celular, que normalmente aparecem no topo. Mas tenha calma! Para visualizar esses dados é preciso apenas tocar no topo do visor, que automaticamente uma animação agradável faz essas informações aparecerem na tela. Depois de um tempo elas voltam a desaparecer, claro.

Aplicativos nativos

Como todo bom sistema operacional que quer estar nos smartphones mais cobiçados, o Windows Phone 7 tem uma série de aplicativos que vêm de fábrica. Além disso, a Microsoft permite tanto que operadoras como as fabricantes dos aparelhos incluam seus próprios aplicativos antes de oferecer o aparelho ao público. O Surround 7 que eu testei, por exemplo, estava lotado de aplicativos referentes à operadora AT&T, à qual ele estava atrelado (nenhum deles funcionou no Brasil, mas tudo bem). E o mesmo vale para a HTC, que adicionou um curioso aplicativo de previsão do tempo (entre outros recursos) no aparelho. Também tem calculadora, despertador, buscador, entre outros.

Abaixo você encontra comentários dos aplicativos mais importantes de um celular (a meu ver, claro).

Telefone

Discador do Windows Phone | Clique nas imagens para ampliá-las

Pode parecer bobo falar desse aplicativo quando se trata de um smartphone cheio de recursos, mas uma das principais coisas que você faz depois de comprar um dispositivo é ver como faz chamadas nele. Afinal, ainda estamos falando de um telefone. Nesse quesito o Windows Phone 7 felizmente não decepciona, com seu aplicativo simples para realizar ligações. Depois de acioná-lo a partir da tela inicial, basta digitar os números e falar. Claro que o sistema ainda oferece registro de chamadas feitas e recebidas e a agenda de contatos, para telefonar para alguém com rapidez.

Só senti falta de algo que todo aparelho mais recente deveria ter: uma forma de determinar a operadora das chamadas de longa distância. Se até mesmo o Motorola V3 apresentava tal recurso há anos, por que a Microsoft não deixou algo similar ativo de fábrica? É verdade que cada país tem sua própria lógica na composição de números telefônicos e a inclusão de operadoras para DDD, mas ainda assim o recurso deveria estar lá (bem como no iPhone). A única plataforma que se salva nessa demanda cada vez mais latente dos usuários é o Android, que apresenta bons aplicativos para essa finalidade.

SMS

Algumas empresas de telefonia admitiram sem rodeios que o tráfego de voz é cada vez menos usado nos celulares, embora não tenha acabado de vez. As pessoas preferem mandar mensagens ou e-mails, então é importante que esse tipo de atividade seja privilegiada pelos desenvolvedores de uma plataforma. Mais uma vez temos um Windows Phone 7 acertivo, pois o aplicativo de SMS funciona que é uma beleza.

Envio de SMS | Clique nas imagens para ampliá-las

A Microsoft adota logo de cara a exibição de mensagens em cadeia, algo que inicialmente apareceu no iPhone. Ou seja, ao abrir o aplicativo nós temos a lista de pessoas com quem falamos mais recentemente. Escolher uma delas faz com que todo o histórico de mensagens trocadas seja aberto. Fica mais fácil de consultar o que já passou e contextualizar as mensagens. E respondê-las é tão fácil quanto pressionar a caixa de texto e começar a digitar a mensagem.

E-mail

O Windows Phone 7 tem uma lista de serviços de e-mail cujos ajustes são previamente acertados. Como eu uso Hotmail, Gmail e o serviço de e-mail do TB baseado no Google Apps, não fiquei perdido em meio a diversas opções de configurações (o sistema suporta POP e IMAP). Bastou-me adicionar os meus endereços de e-mail – e depois a senha, logicamente – para já estar com esse recurso funcionando. Enviar as mensagens é bastante prático, como no envio de SMS. A diferença fica por conta de uma suave animação que mostra o texto da mensagem indo embora.

Porém, é importante notar que nem tudo no e-mail do WP7 é perfeito. Por exemplo, não existe uma caixa de entrada unificada. Cada conta de e-mail funciona independentemente da outra, com direito a um atalho exclusivo na tela inicial. Outra coisa que me incomodou é que, pelo menos nos testes que eu realizei, a sincronização automática das novas mensagens é interrompida depois de algumas horas que o aparelho permanece em stand-by. Se o usuário optou por ser notificado sobre novas mensagens, não tem motivo para o WP7 decidir fazer o contrário depois de algum tempo, então seria bom que a Microsoft revisasse essa escolha.

Voltando a falar da tela inicial, outro problema sério é que o contador de novas mensagens é zerado toda vez que a conta de e-mail é aberta. Digamos que há 3 mensagens não lidas antes de você acionar o aplicativo. Caso nenhuma delas chame a sua atenção naquele momento, não adianta choramingar: ao voltar para a tela inicial o contador estará marcando 0 mensagens lidas, mesmo que nenhuma das 3 mensagens tenha sida sido efetivamente lida.

Para completar, o Windows Phone 7 é mais um sistema egocêntrico que gosta de anunciar para o mundo sua própria existência. Na falta de uma assinatura de e-mail configurada, qualquer mensagem é enviada com aquele incômodo “Sent from my Windows Phone“. Felizmente é só ir nos ajustes da conta de e-mail e trocar essa assinatura por qualquer outra coisa que seja menos irritante. O que não dá para trocar é a formatação das mensagens enviadas, que não adota a Arial como tipografia padrão. Mais uma vez a MS podia parar de inventar moda e manter o que deveria ser simples de forma simples.

Internet Explorer

Acessando o Tecnoblog a partir do IE Mobile | Clique nas imagens para ampliá-las

Pois é, dessa não tem escapatória. O Internet Explorer é o navegador padrão e único do Windows Phone 7. Não se trata do mesmo software que nós encontramos em boa parte dos computadores do mundo, mas usa um mecanismo de exibição de páginas semelhante ao do IE7 e IE8 para o desktop. Boa coisa não poderia ser, mas até que as páginas não ficam completamente desfiguradas. Em vez disso, o que temos são algumas alturas de linha e elementos visuais desalinhados, tipo de situação com a qual um desenvolvedor web já está mais do que acostumado.

O IE Mobile do Windows Phone 7 precisará comer feijão com arroz, principalmente quando o assunto é o tão falando HTML5. Por que a Microsoft não fez um navegador móvel com essa funcionalidade é algo que me intriga, mas esse mistério ainda não foi solucionado. De qualquer forma, o IE tem recursos padrões e desejáveis em qualquer navegador: lista de favoritos, ajustes de cookies, limpeza de histórico, e por aí vai. E vale ressaltar que o suporte a multitouch permite ao usuário mover os dois dedos para aproximar ou distanciar a página, com direito a um efeito visual bastante suave. Claro que, dependendo da complexidade da página, pode ser que não seja tão responsivo, mas nos meus testes o uso foi razoável.

É bom notar que o Internet Explorer segue o caminhaO trilhado pelo Safari Mobile ao não oferecer suporte a conteúdos em Flash. Vai ver o Steve Ballmer achou melhor não sacrificar a bateria do aparelho com esse tipo de coisa, muito embora o processador mínimo de 1 GHz exigido para rodar o WP7 seja suficiente para o que nós normalmente visualizamos quando estamos no celular. Pelo menos os vídeos do YouTube estão garantidos, já que a Microsoft produziu um aplicativo apenas com a finalidade de exibir os vídeos hospedados no site mantido pelo Google.

Teclado virtual

Teclado virtual QWERTY do sistema | Clique nas imagens para ampliá-las

Talvez seja difícil de inovar na hora de desenhar o teclado virtual de um dispositivo. O do Windows Phone 7 não possui nenhum atributo que o torne matador. É funcional, pelo menos, o que já deveria bastar para a maioria dos usuários. O tamanho dos botões e o espaçamento entre eles é razoável, de modo que eu me acostumei com eles em pouco tempo. Os caracteres especiais estão lá também, mesmo que nem todos aqueles importantes na nossa língua pátria (como o cedilha) tenham sido incluídos.

Só senti falta daquele tradicionalmente efeito de ampliar o botão ao ser pressionado. É assim que funciona no iPhone OS e no Android, de forma muito bem sucedida. Os botões do Windows Phone 7 apenas ficam mais escuros, o que por vezes faz com que a gente só perceba que digitou errado depois de completar a frase. E por falar em escrever errado, acima dos botões do teclado aparecem opções de palavras que completem aquilo que você está tentando escrever. Não, ainda não funciona com o português do Brasil, mas aparentemente é muito bom quando é preciso digitar em inglês. Tomara que a fabricante tenha sucesso em implementar o dicionário de PT-BR no WP7.

Marketplace: a App Store do WP7

A App Store está para o iPhone assim como o Marketplace está para o Windows Phone 7. Esse aplicativo funciona como uma verdadeira central de downloads, a partir da qual o usuário tem acesso a uma enorme gama de aplicativos que já estão disponíveis para esse sistema recém-nascido. Os apps podem ser gratuitos ou pagos, com direito a download bastante rápido depois de confirmar a compra do software.

Experimentar a compra de qualquer coisa no Marketplace é tarefa curiosa. Primeiro porque muitos aplicativos multiplataforma ainda não foram lançados no sistema da Microsoft, o que significa que ficamos à toa procurando por coisas que não existem. E segundo porque a MS fez um belo trabalho de marketing no sentido de colocar em destaque aqueles aplicativos que todos os usuários do Windows Phone 7 vão procurar logo de cara. Sempre tem um utilitário bacana por lá, o que acaba fazendo com que o usuário baixe mais aplicativos e prestigie a plataforma.

Algo único no WP7 é o teste de aplicativos, em especial os jogos. Foi só entrar na seção Games do Marketplace para dar de cara com diversos títulos que muito me interessam, como o “The Sims” em versão móvel. O jogo custava alguns dólares, mas eu tinha a opção de baixá-lo para testar por um tempo. Foi o que eu fiz, pressionando o botão “try” (experimentar). Depois de concluir o download, é só entrar no jogo e se divertir – algumas restrições em funcionalidades são aplicáveis, ok? – com a versão trial. Não é difícil encontrar um botão de “comprar” dentro do jogo, para aqueles que aprovarem o aplicativo em questão.

O Marketplace ainda conta com a votação dos aplicativos, para que os usuários deem nota para os softwares que estão baixando, e a publicação das resenhas de quem já testou o aplicativo. Tudo para que o usuário decida com cautela se quer mesmo aquele aplicativo em seu dispositivo móvel.

As atualizações de aplicativos também são apresentadas por meio do Marketplace. A página inicial da loja automaticamente informa se há updates disponíveis, sendo que a atualização pode ser feita também com muita facilidade. Uma página mostra tudo o que está sendo baixado no momento, e inclusive se o download de algo mais pesado está condicionado à presença de uma rede Wi-Fi (às vezes acontece isso, em especial para jogos).

Produtividade é com o Office

Sendo uma das principais fabricantes de software no mundo, é mais do que natural que a Microsoft aproveite o conhecimento obtido com outros produtos no Windows Phone 7. O Steve Ballmer libera um orçamento de bilhões de dólares em P&D anualmente, então qualquer contribuição de um time de desktop para o mobile é bem-vinda, justamente o que acontece com a presença do Office no WP7.

O Office aparece como um hub, uma espécie de central de funcionalidades dentro do sistema operacional. A partir desse atalho na tela inicial é que o usuário consegue criar novos documentos de texto e anotações. Para tanto, a MS desenvolveu versões móveis do Word e do OneNote. O que temos são dois aplicativos bastante simples, que cumprem suas funções mais primordiais. No caso do Word, criar um texto sem formatação rebuscada, mas com direito a certas formatações em fontes e cores. O OneNote é ainda mais simplório, apresentando apenas um bloco de notas moderno, porém com sincronização automática com o Windows Live.

Eu não tive muito tempo para testar todas as funcionalidades do Office. Pude constatar que ainda não há como criar documentos do Excel e do PowerPoint, mas apenas visualizá-los parece-me que é de bom tamanho para um usuário de smartphone. Num tablet o cenário seria outro, como o iPad bem comprova.

Jogos no Xbox Live

O avatar é animado na tela inicial | Clique nas imagens para ampliá-las

A produtividade do WP7 fica por conta do Office, enquanto a diversão responde pelo nome de Xbox Live. É nesse hub que ficam todos os jogos já baixados para o dispositivo, uma facilidade e tanto na hora de organizar as coisas. Além disso, os jogos não aparecem na listagem geral de aplicativos; o usuário precisa acessar esse hub para iniciar uma nova partida do que quer que ele esteja jogando no momento.

Como o Marketplace da plataforma ainda é recente, não são muitos jogos que estão disponíveis para download. Mas a EA Games, entre outras produtoras, prometeu bons lançamentos para 2011. Eu testei “The Sims” e não fiquei muito feliz com o game, pois chega a ser pobre. Sem falar que por alguns momentos o multitouch parecia não funcionar como deveria, mas não sei se isso é culpa da EA, da Microsoft ou da HTC. De qualquer forma, já tem coisa bacana para baixar na área de jogos do Marketplace para se divertir.

Um dos principais recursos do WP7 é a integração com o Xbox Live, com direito a sincronização de contas e muito mais. Eu não tenho um Xbox, então não tive como testar esse tipo de coisa. O máximo que o Windows Phone me permitiu foi criar uma gamertag com um avatar bonitinho, nada mais.

Música

Player de música do Windows Phone

A reprodução de música nessa nova plataforma é exatamente como deveria ser, sem firulas nem nada do tipo. O player herda o visual dos falecidos Zunes, porém com melhorias. Temos a ordenação por nome do artista, do álbum e das canções. Fora isso, não tem muito o que falar, pois é – mais uma vez – um aplicativo simples. Há o controle de volume físico, o que costuma ser bem-vindo.

Depois de iniciar uma canção, o usuário pode livremente executar outras tarefas. Eu só descobri uma forma de controlar o player mesmo sem estar com o seu aplicativo nativo aberto. Para tanto, é preciso pressionar os botões de volume, para que uma faixa apareça no topo do visor com as informações sobre a música e as opções de dar play/pause, retroceder e avançar.

Câmera de fotos e vídeo

Alguns requisitos básicos farão com que o Windows Phone 7 tenha desempenho padronizado entre os mais diversos aparelhos, de variados fabricantes. A câmera fotográfica, por exemplo, deverá ter resolução mínima de 5 megapixels. É o mais básico que se pode esperar de smartphones lançados em 2011, então a Microsoft está mesmo certa em fazer essa exigência.

Seu aplicativo de fotos também não tem nada de excepcional. Estão lá os ajustes de qualidade da imagem, efeitos especiais antes de fotografar e por aí vai. O bacana é que, ao fazer uma foto, ela imediatamente aparece na tela do aparelho. A câmera continua mostrando a imagem em tempo real, para uma possível nova fotografia, enquanto a foto aparece no cantinho da tela. Um simples movimento do dedo faz com que a imagem apareça, algo que por enquanto eu só vi no Windows Phone 7.

Existe a opção de fazer o upload automático das fotos para a sua conta no Sky Drive. Infelizmente é só isso por enquanto, já que a Microsoft não permite que os aplicativos interfiram nas funcionalidades do sistema. Portanto, nada de envio automático para o Flickr enquanto a MS não decidir que isso é necessário (ainda mais quando se trata de um serviço mantido por um concorrente, no caso o Yahoo).

Abaixo você confere algumas fotos feitas com o Surround 7. Elas não passaram por nenhum tipo de edição.

E mais um vídeo gravado para testar a função de filmadora. Não há qualquer maneira de enviar o vídeo para algum serviço que hospede esse tipo de conteúdo (YouTube, alguém?), o que é uma pena. Eu tive que enviá-lo manualmente.

(YouTube)

Sincronização com desktop

De nada adianta ter um smartphone se é complicado transferir arquivos do seu computador para ele. Felizmente a Microsoft acertou ao usar um reprodutor de mídia como central para sincronização do Windows Phone. Bem ao estilo do iTunes, o Zune Software é o aplicativo que deve ser instalado no PC a fim de fazer troca de arquivos, em especial as fotos, vídeos e músicas. Devo dizer que funciona muito bem para quem não se importa em usar um novo software de música no seu computador pessoal, mas me incomodou a ideia de que o usuário é obrigado a migrar do Windows Media Player para o Zune Software. Se é assim, a MS podia adotar de vez o Zune Software diretamente no Windows, para evitar esse tipo de ambiguidade.

A instalação do aplicativo não é exatamente rápida. Depois ainda demora um pouco para o Zune Software reconhecer o aparelho que foi ligado ao computador pela porta USB – imagino que o software tenha que baixar os drivers ou da internet, ou do armazenamento interno do aparelho.

Sincronizar músicas e vídeos é uma tarefa muito fácil, ainda mais para quem já tem toda a sua biblioteca de mídia salva no Zune Software. É só entrar nos ajustes de sincronização e marcar para sincronizar tudo. Além disso, o usuário pode fazer a sincronização manual somente dos conteúdos que mais lhe interessarem.

Curiosamente, a Microsoft ainda não disponibilizou uma versão final do Zune Software para outra plataforma que não seja Windows. Se você é o infeliz (?) proprietário de um iPhone e de um Mac que está considerando migrar para o Windows Phone, é bom pensar duas vezes. As funções do smartphone continuam inalteradas, mas a sincronização de músicas e vídeos não será possível. Pelo menos você vai poder baixar esses conteúdos diretamente para o aparelho a partir da loja dentro do hub Music + Video.

Até tem o Windows Phone 7 Connector for Mac, mas eu não testei esse software.

Sincronização pela rede Wi-Fi | Clique nas imagens para ampliá-las

Outra coisa bacana no Windows Phone é a sincronização por meio da rede sem fio. Depois de habilitar esse recurso para a sua rede sem fio, o aparelho vai detectar quando você estiver na área de alcance da sua rede doméstica e vai automaticamente realizar a sincronização de músicas e vídeos. Essa atividade é mais pesada, então não pode ser feita por meio do 3G ou do Wi-FI, e normalmente depende do cabo USB. Mas se o aparelho estiver na mesma rede sem fio do computador ao qual ele está sincronizado, tudo fica mais fácil!

Eu gostei bastante desse recurso porque acaba com a obrigação de ligar o smartphone ao computador pelo USB. Dá para deixar o celular na mesinha de cabeceira, carregando durante a noite, sem o correr o risco de, no dia seguinte, esquecer de sincronizar as coisas.

Bateria podia ser melhor

Eu não tive como realizar testes de bateria no HTC Surround 7 porque fiquei pouco tempo com o aparelho. Mas a impressão que o uso de bateria me deixou não foi dos melhores depois de alguns dias. A grande verdade é que o aparelho decepcionou: era necessário carregá-lo diariamente, e às vezes o aparelho pedia recarga já às 6 da tarde, sendo que estava em uso desde as 10 da manhã (com Wi-Fi e 3G habilitados).

Só não sei se o culpado disso é a HTC ou a Microsoft, mas fica o alerta para quem está considerando comprar um smartphone com Windows Phone 7 no futuro. Possivelmente será necessário levar o carregador do dispositivos para todos os cantos.

3 Pontos positivos

  • Interface personalizável.
  • Futuras atualizações de sistema garantidas pela Microsoft.
  • Upload automático das fotos para o Sky Drive.

3 Pontos negativos

  • Não tem caixa de e-mail unificada.
  • Os aplicativos não podem alterar funcionalidades de sistema.

Resumindo

Com direito a marca do Windows Phone na traseira | Clique nas imagens para ampliá-las

O Windows Phone 7 é um sistema interessantíssimo, mas que ainda está em sua primeira versão. Os consumidores que comprarem um smartphone rodando esse sistema provavelmente vão penar com alguns bugs que serão acertados no futuro (da mesma forma que aconteceu com o iPhone OS e o Google Android). Ainda assim, a Microsoft fez um bom trabalho ao desenvolver uma plataforma que entrega muito do que seus concorrentes já oferecem depois de anos de estrada, porém com uma abordagem ligeiramente diferente.

Ainda tem aspectos que precisam ser melhorados. Por exemplo, a falta de integração com serviços essenciais da vida moderna, mas que não são oferecidos pela MS. O que custa oferecer uma integração maior com Flickr ou o YouTube na área de fotos e vídeos? Todo mundo sabe que esses sites são os preferidos em seus mercados, mas isso foi totalmente ignorado pela fabricante. Tudo bem que a Microsoft dê destaque para o upload automático de fotos para o seu Sky Drive, mas não oferecer nada relacionado ao Flickr foi uma baita mancada.

Também é importante notar que o WP7 ainda não tem suporte ao nosso português. Sim, muitos usuários de smartphones entendem inglês perfeitamente e boa parte deles prefere deixar o aparelho nesse idioma, mas nem com todo mundo é assim. Oferecer um dicionário baseado na nossa língua é importantíssimo, e nisso o Windows Phone está bem atrás dos seus oponentes.

Parece-me que a Microsoft está realmente comprometida com o desenvolvimento contínuo do Windows Phone 7. A loja de aplicativos já está no ar e tende a receber mais softwares, conforme developers decidam trabalhar com a nova plataforma. Caso esse cenário se mantenha e as próximas versões do sistema sejam atualizadas com aquilo que está faltando – o multitarefa, por exemplo –, o WP7 é uma excelente opção de plataforma e certamente vai brigar com o iPhone e o Android. E não custa lembrar que a MS é poderosa, com grandes parceiros juntos a ela nessa batalha, o que certamente dá fôlego ao sistema (diferentemente do que vinha acontecendo ao Windows Mobile).

Portanto, sim, eu compraria um aparelho rodando o Windows Phone 7. Mesmo sem apresentar o imprescindível copiar e colar. 😛

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Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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