![Uber - iPhone](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2017/03/uber_ios.jpg)
O relacionamento entre Uber e motoristas vem piorando com o passar dos anos. O que era vista como uma ótima oportunidade de ganhar dinheiro se tornou um serviço mais concorrido e menos rentável. No entanto, em meio a críticas legítimas, há também quem use algumas táticas bem questionáveis para garantir rendimentos maiores, como mostra uma reportagem da Veja São Paulo.
Uma das artimanhas é aceitar uma viagem, seguir rumo ao local do usuário, mas estacionar a alguns quarteirões de distância. O cliente desiste da corrida e o motorista ganha a taxa de cancelamento, que varia de R$ 4 a R$ 9 em São Paulo. Você pode solicitar o reembolso no app, no entanto, e o Uber desclassifica parceiros com muitos cancelamentos.
Os motoristas também se unem em locais com alta demanda para negociar a tarifa por fora. A Veja cita o exemplo de uma casa noturna em São Bernardo do Campo. Se for direto com o cliente, eles usam como referência a categoria UberBag, mais cara que o UberX, sem deixar isso claro. Há também um agenciador que aborda as pessoas e negocia preços, cobrando uma comissão de 15% (contra os 25% do Uber).
Algo semelhante ocorre no aeroporto de Guarulhos, onde a demanda por corridas é alta. Alguns motoristas abordam os recém-chegados de viagens de avião e negociam valores por fora.
Existem esquemas mesmo se o motorista fizer a corrida pelo Uber. Alguns ligam para o passageiro querendo combinar o local de encontro – e tentando descobrir o destino. Se for muito próximo, o cliente é deixado esperando até que a corrida seja cancelada.
Segundo a Folha, se o trajeto for curto, o motorista “mente que houve uma falha no carro ou simplesmente não sai do lugar”. O jornal fez o teste pedindo uma corrida para uma rua próxima ao aeroporto. O motorista ligou, perguntou o destino e ficou parado por vários minutos. Então, ele ligou dizendo: “vou demorar para chegar aí. Se você quiser cancelar…”.
Em Cumbica, o Uber funciona de modo diferente. O motorista entra em uma fila de espera virtual no aplicativo, e ela costuma ter mais de duzentos carros. Para aproveitar o tempo de espera, que pode chegar a doze horas, há quem faça corridas paralelas usando celulares extras e cadastros em nome de parentes.
Para não sair da fila do Uber, alguns motoristas usavam apps que modificam a localização do GPS do smartphone. Segundo o Canaltech, bastava abrir o Fake GPS, marcar seu local e abrir o Uber. Essa forma de burlar a fila virtual aparentemente foi descoberta pela empresa, e os motoristas que adotaram essa prática foram desativados.
Outro truque é dividir o cadastro com outra pessoa, revezando o mesmo carro. Pode ser marido e mulher, por exemplo, tentando fechar as contas do mês. Essa prática é irregular e o Uber agora obriga o motorista a tirar selfies periódicas, para confirmar a identidade; se houver inconsistência, a conta é bloqueada.
Motoristas criticam Uber
O Uber recebe críticas de seus parceiros por pagar pouco e cobrar muito. Em 2015, a empresa instituiu uma taxa de 25% no UberX; e reduziu em 15% as tarifas para os clientes. Além disso, o número de motoristas aumentou – de mil veículos na capital paulista para os 30 mil atuais.
Essa combinação derrubou os rendimentos. Antes, era fácil encontrar casos de motoristas que ganhavam R$ 8 mil mensais; hoje, é preciso trabalhar mais horas para ganhar metade disso. Assim, a imagem do Uber prestativo que oferece água e balinha foi ficando para trás; não é a empresa que custeia esses mimos, e sim o próprio motorista.
E como nota a Veja, a maioria continua apenas por falta de opção. Apesar da concorrência de serviços como 99Pop, Easy Go e Cabify, o Uber detém 90% do mercado de transporte em carro privado via aplicativo.
Para oferecer ganhos maiores, o Uber lançou recentemente a categoria Select com preço 20% mais alto e exigência de carros mais novos, no mínimo de 2012 (o UberX pede carros modelo 2008 ou superior).
![](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2016/07/uberpool-700x350.jpg)
As críticas também são fortes em relação ao UberPool, que tem tarifas mais baixas. Motoristas dizem ao Motherboard que as corridas só compensam quando não são compartilhadas, pois o Uber não paga o desvio do percurso para pegar outros passageiros. Além disso, o processo de embarque de outros passageiros pode ser demorado (o UberPool recentemente implementou notificações para apressar o usuário). No entanto, se o motorista recusar a chamada, corre o risco de ser desativado.
Há também o pagamento em dinheiro, que aumentou os riscos para os motoristas. Dados obtidos pela Reuters mostram que, quando o cartão de crédito era o único método aceito, ocorriam em média 13 roubos por mês em São Paulo envolvendo motoristas de Uber. Esse número saltou para 141 por mês quando foi introduzido o pagamento em espécie.
Em resposta, o Uber agora exige que você insira data de nascimento e CPF no cadastro; antes, quem pagava em dinheiro só precisava inserir nome, e-mail e número de celular.
Além disso, o Uber investiu R$ 200 milhões para criar um centro de atendimento no Morumbi com 7 mil funcionários, para lidar melhor com os motoristas. Será o bastante para melhorar o relacionamento com eles?