Jogos brasileiros que talvez você não conheça

Izzy Nobre
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• Atualizado há 1 ano e 2 meses

Eu já devo ter comparado a indústria de games com a cinematográfica diversas vezes aqui em minha coluna no TB. As semelhanças são inúmeras – ambas movimentam bilhões de dólares por ano, simultaneamente moldam e refletem a cultura popular (games aparecendo em filmes, então, é um curioso exemplo metalinguístico) e ambas ainda rastejam no Brasil.

O cinema, até por ser um veículo de mais idade, deu passos largos no Brasil na última década – estamos até na disputa do Oscar de novo. A indústria dos games nacionais, no entanto, permanece em sua adolescência. Talvez alguns de vocês sequer saibam que existem games feitos no nosso país.Veja alguns deles aí embaixo.

Outlive

Outlive, jogo brasileiro

Outlive foi lançado em 2001, ainda a tempo de ler notícias sobre o jogo nas clássicas revistas de informática. As propagandas chamavam atenção para o fato de que o jogo era uma produção brasileira, o que era algo raro pra nós gamers na época.

Trata-se de um jogo de estratégia em tempo real com gameplay muito similar à série Command & Conquer, com uma interface emprestada de Starcraft e uma história que se assemelha bastante a de Total Annihilation. No jogo você controla uma facção de seres geneticamente modificados ou robôs na disputa por recursos ao redor do sistema solar.

Assista à (longa) apresentação do jogo aí abaixo:

(Vídeo no YouTube)

Para a época, os gráficos não estavam tão maus assim – apesar de que o jogo tinha um jeitão bem genérico. Mesmo assim, Outlive merece o mérito de ter sido bom o bastante pra ser lançado nos EUA pela Take Two Interactive – a mesma turma responsável pela série GTA.

Show do Milhão

Baseado na popular versão brasileira do programa de TV norte-americano Who Wants To Be a Millionaire, o Show do Milhão era um jogo de perguntas e respostas originalmente criado para o Mega Drive. Produzido pela Tec Toy e lançado – por motivos óbvios – apenas no Brasil, o jogo tinha um som surpreendente (considerando que era pra um console de 16 bits àquela altura bastante defasado), confira logo abaixo.


(Vídeo no YouTube)

Enquanto que o som era decente, a direção artística do jogo – se é que se pode chamar assim -, vai na direção contrária: é uma lástima. Mas ele chegou a ser vendido junto com uma versão do Mega Drive, o Super Mega Drive 3, então teve alguma relevância no país.

Mônica no Castelo do Dragão

Apesar de no nome constar algo genuinamente brasileiro, esse aqui quase merece uma categoria a parte; ele simultaneamente é e não é brasileiro.

O jogo de Master System que nós conhecemos como Mônica no Castelo do Dragão tinha outro nome nos EUA: Wonder Boy in Monster Land, e foi criado originalmente para fliperamas, mas também teve versões pra Master System. A versão que substitui o Wonder Boy pela Mônica é na verdade um romhack autorizado pela Sega – um caso raro, aliás -, aparentemente para que Tec Toy não tivesse que desenvolver um jogo inteiro do nada com a personagem das infâncias tupiniquins. Veja abaixo um vídeo do gameplay do jogo.


(Vídeo no YouTube)

Vou omitir piadas sobre o famoso “jeitinho brasileiro” e deixarei que vocês mesmos as façam mentalmente.

Incidente em Varginha

Um pouco de história: em 1996, na cidade de Varginha-MG, três crianças alegaram ter visto uma criatura estranha que eles julgaram ser um alienígena. Sabe-se lá porquê, a Globo veiculou a história no Fantástico (com aquela música assustadora peculiar de matérias sobre extraterrestes) e pronto – um fenômeno cultural havia nascido. A expressão “ET de Varginha” permaneceu no vernáculo popular brasileiro por vários anos até.

Dois anos após o evento, o jogo Incidente de Varginha foi lançado. Eu estava assistindo aqui o gameplay do jogo, por alguns momentos pensando “ahh, até que não era tão ruim assim praquela época”. E aí eu lembrei que 1998 foi também o ano de lançamento de Half Life – o que torna esse FPS com modelos de personagens feitos com sprites bidimensionais um pouco mais difícil de engolir. Assista por sua própria conta e risco.


(Vídeo no YouTube)

Noite Animal

Noite Animal era um jogo de aventura no estilo point and click e que tinha a turma do Casseta e Planeta como personagens principais. O jogo tinha vários elementos diferentes de gameplay – haviam diversos minigames (lembro de um em que você tinha que disparar objetos fálicos alados em meninas), um trecho de FPS, e até um estágio de luta.

Se não me falha a memória, a história central era a aventura de um garoto tentando achar uma festa e pegar a mulherada. Ao longo do jogo ele esbarrava com diversos membros da trupe humorística interpretando papéis absurdos. Noite Animal era uma bagunça incrível e parte da graça da coisa era a extrema tosquice do jogo. Acompanhe o trailer:


(Vídeo no YouTube)

Eu adoraria jogar esta maravilhosa porcaria novamente; infelizmente, o jogo parece ter se perdido no tempo. É impossível achar uma cópia funcional.

Taikodom

Para que ninguém possa dizer que nossos dias de produção de games vivem apenas no passado, temos atualmente o Taikodom, um MMORPG de exploração e combate espacial nos moldes do conhecido Eve Online. O jogo usa o formato freemium, ou seja, você pode joga-lo de graça, gastando dinheiro em micro-transações se quiser.

De acordo com a produtora, Taikodom levou 4 anos pra ficar pronto e R$ 15 milhões de reais em investimentos, tornando-se assim o mais ambicioso game nacional. E vendo imagens do gameplay de Taikodom, não dá para discutir:


(Vídeo no YouTube)

O visual parece interessante, mas eu tenho um certo trauma desse gênero de jogo. Assisti um amigo meu jogando Eve Online e parecia que ele estava trabalhando numa planilha de Excel com fundo preto.

Bom, pelo menos é melhor do que o Incidente em Varginha.

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Ex-autor

Israel Nobre trabalhou no Tecnoblog entre 2009 e 2013, na cobertura de jogos, gadgets e demais temas com o time de autores. Tem passagens por outros veículos, mas é conhecido pelo seu canal "Izzy Nobre" no YouTube, criado em 2006 e no qual aborda diversos temas, dentre eles tecnologia, até hoje.

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