Jogos brasileiros que talvez você não conheça
Eu já devo ter comparado a indústria de games com a cinematográfica diversas vezes aqui em minha coluna no TB. As semelhanças são inúmeras – ambas movimentam bilhões de dólares por ano, simultaneamente moldam e refletem a cultura popular (games aparecendo em filmes, então, é um curioso exemplo metalinguístico) e ambas ainda rastejam no Brasil.
O cinema, até por ser um veículo de mais idade, deu passos largos no Brasil na última década – estamos até na disputa do Oscar de novo. A indústria dos games nacionais, no entanto, permanece em sua adolescência. Talvez alguns de vocês sequer saibam que existem games feitos no nosso país.Veja alguns deles aí embaixo.
Outlive
![Outlive, jogo brasileiro Outlive, jogo brasileiro](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2011/10/outlive.jpg)
Outlive foi lançado em 2001, ainda a tempo de ler notícias sobre o jogo nas clássicas revistas de informática. As propagandas chamavam atenção para o fato de que o jogo era uma produção brasileira, o que era algo raro pra nós gamers na época.
Trata-se de um jogo de estratégia em tempo real com gameplay muito similar à série Command & Conquer, com uma interface emprestada de Starcraft e uma história que se assemelha bastante a de Total Annihilation. No jogo você controla uma facção de seres geneticamente modificados ou robôs na disputa por recursos ao redor do sistema solar.
Assista à (longa) apresentação do jogo aí abaixo:
(Vídeo no YouTube)
Para a época, os gráficos não estavam tão maus assim – apesar de que o jogo tinha um jeitão bem genérico. Mesmo assim, Outlive merece o mérito de ter sido bom o bastante pra ser lançado nos EUA pela Take Two Interactive – a mesma turma responsável pela série GTA.
Show do Milhão
![Show do Milhao](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2011/10/milhao1.jpg)
Baseado na popular versão brasileira do programa de TV norte-americano Who Wants To Be a Millionaire, o Show do Milhão era um jogo de perguntas e respostas originalmente criado para o Mega Drive. Produzido pela Tec Toy e lançado – por motivos óbvios – apenas no Brasil, o jogo tinha um som surpreendente (considerando que era pra um console de 16 bits àquela altura bastante defasado), confira logo abaixo.
Enquanto que o som era decente, a direção artística do jogo – se é que se pode chamar assim -, vai na direção contrária: é uma lástima. Mas ele chegou a ser vendido junto com uma versão do Mega Drive, o Super Mega Drive 3, então teve alguma relevância no país.
![Super Mega Drive 3](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2011/10/smd.jpg)
Mônica no Castelo do Dragão
![monica-castelo](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2011/10/monica-castelo.jpg)
Apesar de no nome constar algo genuinamente brasileiro, esse aqui quase merece uma categoria a parte; ele simultaneamente é e não é brasileiro.
O jogo de Master System que nós conhecemos como Mônica no Castelo do Dragão tinha outro nome nos EUA: Wonder Boy in Monster Land, e foi criado originalmente para fliperamas, mas também teve versões pra Master System. A versão que substitui o Wonder Boy pela Mônica é na verdade um romhack autorizado pela Sega – um caso raro, aliás -, aparentemente para que Tec Toy não tivesse que desenvolver um jogo inteiro do nada com a personagem das infâncias tupiniquins. Veja abaixo um vídeo do gameplay do jogo.
Vou omitir piadas sobre o famoso “jeitinho brasileiro” e deixarei que vocês mesmos as façam mentalmente.
Incidente em Varginha
![Incidente em Varginha](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2011/10/varginha.jpg)
Um pouco de história: em 1996, na cidade de Varginha-MG, três crianças alegaram ter visto uma criatura estranha que eles julgaram ser um alienígena. Sabe-se lá porquê, a Globo veiculou a história no Fantástico (com aquela música assustadora peculiar de matérias sobre extraterrestes) e pronto – um fenômeno cultural havia nascido. A expressão “ET de Varginha” permaneceu no vernáculo popular brasileiro por vários anos até.
Dois anos após o evento, o jogo Incidente de Varginha foi lançado. Eu estava assistindo aqui o gameplay do jogo, por alguns momentos pensando “ahh, até que não era tão ruim assim praquela época”. E aí eu lembrei que 1998 foi também o ano de lançamento de Half Life – o que torna esse FPS com modelos de personagens feitos com sprites bidimensionais um pouco mais difícil de engolir. Assista por sua própria conta e risco.
Noite Animal
![Noite Animal](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2011/10/noite.jpg)
Noite Animal era um jogo de aventura no estilo point and click e que tinha a turma do Casseta e Planeta como personagens principais. O jogo tinha vários elementos diferentes de gameplay – haviam diversos minigames (lembro de um em que você tinha que disparar objetos fálicos alados em meninas), um trecho de FPS, e até um estágio de luta.
Se não me falha a memória, a história central era a aventura de um garoto tentando achar uma festa e pegar a mulherada. Ao longo do jogo ele esbarrava com diversos membros da trupe humorística interpretando papéis absurdos. Noite Animal era uma bagunça incrível e parte da graça da coisa era a extrema tosquice do jogo. Acompanhe o trailer:
Eu adoraria jogar esta maravilhosa porcaria novamente; infelizmente, o jogo parece ter se perdido no tempo. É impossível achar uma cópia funcional.
Taikodom
![Taikodom](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2011/10/taikodom.jpg)
Para que ninguém possa dizer que nossos dias de produção de games vivem apenas no passado, temos atualmente o Taikodom, um MMORPG de exploração e combate espacial nos moldes do conhecido Eve Online. O jogo usa o formato freemium, ou seja, você pode joga-lo de graça, gastando dinheiro em micro-transações se quiser.
De acordo com a produtora, Taikodom levou 4 anos pra ficar pronto e R$ 15 milhões de reais em investimentos, tornando-se assim o mais ambicioso game nacional. E vendo imagens do gameplay de Taikodom, não dá para discutir:
O visual parece interessante, mas eu tenho um certo trauma desse gênero de jogo. Assisti um amigo meu jogando Eve Online e parecia que ele estava trabalhando numa planilha de Excel com fundo preto.
Bom, pelo menos é melhor do que o Incidente em Varginha.