Entendendo a nova marca da Microsoft

Especialista em design comenta mudanças promovidas em Redmond.

Marcel Müller
Por
• Atualizado há 1 ano

Você diria que este logo da Microsoft na imagem abaixo foi criado em 1987? Não importa se gosta ou não, é inegável que a versão anterior não é nada datada e passaria muito bem como algo desenhado nos dias de hoje. Talvez seja interessante compará-lo a outro logo também famoso entre os designers, o da NeXT, feito pelo conceituado designer Paul Rand.

Todos nós, entusiastas de tecnologia, crescemos acostumados com esse logo da Microsoft. Com uma tipografia sem serifas e levemente inclinado à direita, a maior ousadia dessa versão é uma customização envolvendo as letras o e s. Nada chamativo – principalmente quando colocado ao lado do cubo tridimensional com letras coloridas da NeXT. Ele sempre “esteve lá”, no canto dele, e é exatamente esse o ponto. A empresa de Bill Gates nunca fez muita questão de atrair o carinho do consumidor para seu nome – seus produtos eram prioridade. Lembra dos cartazes da campanha “I’m a PC”?

Campanhas da Microsoft: foco no produto e não na marca

É óbvio que associemos palavras como Windows, Word, Excel, Powerpoint e Office à Microsoft. De certa maneira, podemos dizer que seria desnecessário incluir “Microsoft” nos cartazes acima. É verdade. O “problema” é que Gates e Ballmer continuaram procurando melhorar a experiência de uso de seus produtos, e conseguiram um filão na área dos jogos com o Xbox e a Live – console e serviço bastante queridos pelos gamers.

A empresa de software que quase sempre era vista como fria e sem sal agora começava a cativar seus usuários. A interface Metro (que agora não se chama mais Metro, mas utilizarei esse termo para melhor entendimento) aplicada em plataformas como o Zune e o próprio Xbox conquistou por sua simplicidade e fluidez. Tornou-se então uma filosofia que agora engloba toda a linha de produtos da empresa. “Nós somos Metro. Verdadeiramente digitais. Faça mais com menos. Trabalhemos juntos.”

Chegou um momento, porém, que isso se tornou um problema. Como toda grande empresa, há uma grande divisão entre seus departamentos. A inovação da nova filosofia Metro ainda não havia chegado às raízes, estava apenas aplicada em seus produtos. Era como se a “entidade” Microsoft ainda não tivesse absorvido para si os valores simples e amigáveis que aplicava naquilo que vendia para o consumidor. Perderia o timing se não se reposicionasse.

“A marca Microsoft é muito mais que logos ou nomes de produtos. Nós temos a sorte de cumprir um papel nas vidas de mais de um bilhão de pessoas todos os dias. A maneira como as pessoas vivenciam nossos produtos é a nossa mais importante ‘impressão’. É por isso que o novo logo da Microsoft se inspira nos princípios de design dos nossos produtos ao mesmo tempo que se vale dos valores, fontes e cores da marca”, escreveu Meisner em seu post. Em outras palavras: “Sim, nós gostamos do resultado da filosofia Metro e queremos isso em nosso logo”. Muito diferente de sua postura nos anos 80 e 90, onde designers eram os últimos a opinar sobre o próprio design.

Novo logo da Microsoft, apresentado no dia 23

Uma estratégia inteligente do novo logo da Microsoft é a adição da clássica janela formada por quatro quadrados. Referência óbvia ao Windows, o símbolo agora deve ser lido como o nome da empresa e não mais como “Windows” – que tem sua própria janela, em perspectiva. Convenhamos: para o público geral, a metáfora visual para Windows (desde a clássica do 95 até a minimalista do 8) é muito mais conhecida do que o próprio logo da Microsoft. Numa conversa com o Thas, comentamos que o novo logo estava atrelado mais ao produto – no caso o Windows e sua nova interface – do que à marca em si.

De acordo com Jeffrey, os quadrados representam a variedade de produtos oferecidos pela Microsoft. A família tipográfica Segoe, presente em todo o ecosistema Windows 8, foi eleita para desenhar o nome da empresa.

Juntos, esses elementos trazem um novo ar de leveza à identidade da empresa, que agora aposta na conexão com as pessoas. Uma rápida busca no Twitter mostra que muita gente ainda não entendeu qual é a da Microsoft. É pra ser simples, mesmo. Além de ser algo amigável, a filosofia simples – porém nada simplória – da interface Metro é convidativa tanto para o leigo quanto para o geek. Apostar em degradês, sombras, efeitos vítreos e brilhos seria retroceder algumas décadas e criar um impasse de identidade.

O mais curioso é que a solução adotada agora sempre esteve embaixo do nariz:


(Vídeo do YouTube)

O vídeo, de um comercial da Microsoft em 1995, foi sugerido pelo leitor Willian Max.

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