Papers, Please simula a rotina burocrática e cruel de um fiscal de imigração
Em Papers, Please, você assume o posto de fiscal de fronteira da gloriosa nação de Arstotzka e deve decidir o destino dos imigrantes que desejam entrar no país
Em Papers, Please, você assume o posto de fiscal de fronteira da gloriosa nação de Arstotzka e deve decidir o destino dos imigrantes que desejam entrar no país
Glória à Arstotzka, e boas-vindas à primeira coluna de games indie do Tecnoblog de 2022. Como já deve ter visto pelo título, nesta semana vamos falar de Papers, Please e mostrar que ser um fiscal de imigração não é brincadeira. Pegue seu passaporte e seu visto de entrada, e venha comigo conhecer este excelente “simulador de burocracia e assuntos políticos” que pode ser bastante cruel.
Papers, Please retrata uma distopia em que você, jogador, é sorteado para trabalhar em um posto de imigração na fronteira do país fictício de Arstotzka, no leste europeu. Seu dever é permitir ou negar a entrada de estrangeiros, sempre analisando se os documentos apresentados — passaportes, vistos, identidades, entre outros — são verídicos e estão de acordo com as regras do país.
Você não tem nome, rosto ou personalidade, pois o protagonista é só mais um trabalhador como qualquer outro que bate ponto pela manhã, fica até o final do expediente e vai embora para casa sem olhar para trás. A sua única preocupação é ganhar dinheiro para manter sua família bem alimentada, aquecida e saudável.
Por mais que o protagonista só queira trabalhar em paz, a relação diplomática conturbada entre Arstotzka e os países vizinhos não deixa isso acontecer. Na época que se passa Papers, Please, a nação comunista de Arstotzka está se recuperando de uma guerra de seis anos contra o vizinho Kolechia.
Assim como em qualquer conflito, os cidadãos estão fragilizados buscando um novo lar ou buscando vingança, no caso dos mais nacionalistas. Como responsável pela fronteira, você deve realizar o melhor trabalho para manter Arstotzka segura e deixar apenas as pessoas corretas entrarem no país.
No começo da campanha é tudo muito simples. As pessoas que quiserem entrar em Arstotzka vão apresentar seus passaportes e vistos, e você deverá analisar se há alguma discrepância nas informações dos documentos. Com o decorrer dos dias, a rotina vai ficando mais complicada, principalmente quando escolhas morais começarem a surgir.
Papers, Please é um jogo de simulação e estratégia, então é preciso pensar muito antes de agir. Não há muito tempo livre disponível para isso, já que um dia de trabalho é limitado e o pagamento no final do expediente depende de quantas pessoas foram atendidas no posto de imigração. Essa pressão torna o game muito mais dinâmico e divertido, no final das contas.
No final de cada dia, o dinheiro recebido é usado para pagar o aluguel do apartamento, assim como comida, remédios e aquecimento para a família. Às vezes, será preciso abrir mão de certos luxos para cuidar dos seus parentes, então não fique apegado ao dinheiro e aproveite as oportunidades de faturar uma grana por fora.
A parte mais legal de Papers, Please é a possibilidade de terminar a campanha em um dos 20 finais diferentes. Em certos dias de trabalho, o jogo apresenta situações em que a sua moral é colocada à prova. Logo no início, por exemplo, você recebe um casal de imigrantes. O homem está com os documentos em dia, mas a mulher não. Portanto, fica a seu critério deixar a família unida ou seguir à risca a burocracia da função.
Como bom funcionário público, as autoridades de Arstotzka esperam que você obedeça todos os direcionamentos do governo. Isso inclui impedir a entrada de terroristas, dar prioridade para diplomatas, revistar indivíduos suspeitos e até proteger a sua nação de uma organização secreta que busca aplicar um golpe de estado. No entanto, você tem total liberdade de fazer as suas próprias escolhas, e é isso que torna esse jogo tão grandioso.
Ao todo, são 31 dias de trabalho em uma única campanha. A ideia é fazer os 20 finais, mas essa tarefa exige muito tempo e dedicação. Por isso, recomendo seguir o coração e fazer as escolhas baseadas no que você achar certo. Se não gostar da conclusão, é só começar tudo de novo. Os dias de trabalho têm mais ou menos 15 minutos, portanto é preciso de cerca de nove horas de jogatina para terminar uma campanha.
Já adianto que as primeiras horas são um pouco monótonas, porém o jogo engata a quinta marcha a partir do momento em que o primeiro atentado terrorista acontece. É, nem sempre funcionários públicos tem essa vida fácil que algumas pessoas falam por aí.
Criado por apenas uma pessoa — Lucas Pope —, e lançado em 2013, Papers, Please tem proposta simples e objetiva, mas entrega uma narrativa profunda e complexa. Com gráficos pixelizados, o jogo tem estilo de arte único e bonito, mas que pode atrapalhar em algumas partes da campanha. Por fim, não espere muita coisa da trilha sonora, porque o game só tem a música do menu e nada mais.
Papers, Please vale o seu dinheiro, principalmente se você gosta de enfrentar decisões morais no dia a dia. Se quiser, também pode assistir ao curta-metragem baseado no game com atores reais. O filme russo está disponível no YouTube com legendas em português e logo abaixo também:
O jogo está disponível para comprar no PC (Steam, Humble e GOG), iPad e PlayStation Vita. Vale mencionar que o game tem localização excelente em português do Brasil, em que os textos não são apenas traduzidos, mas sim adaptados para o nosso idioma.
Glória à Arstotzka! PRÓXIMO!