Esta tela com sistema Braille pode ser o que faltava para termos tablets para cegos

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 6 dias
Tela para sistema Braille

Dispositivos específicos para leitura em Braille existem há tempos. O problema é que, via de regra, esses equipamentos são caros, custando até alguns milhares de dólares, dependendo dos recursos oferecidos. Mas um grupo da Universidade de Michigan está trabalhando para oferecer opções bem mais em conta e tão funcionais quanto. Como? Com um novo tipo de tela.

Pessoas cegas conseguem usar smartphones ou tablets, mas a partir de softwares de acessibilidade que, entre outras funções, fazem leitura “falada” de conteúdo ou emitem sinais sonoros específicos para determinadas atividades. Nessas circunstâncias, a tela, obviamente, acaba ficando sem utilidade.

Não seria ótimo se a tela pudesse então ser usada para Braille? Essa é uma das possibilidades previstas pelo trabalho do professor Sile O’Modhrain e sua equipe. A ideia não é nova: tablets com tela em Braille já foram projetados.

Mais tradicional é o chamado Display Braille (ou Linha Braille), um dispositivo que é ligado ao computador e transmite informações deste em Braille a partir de um painel. É comum esse tipo de equipamento ser usado em conjunto com softwares leitores de tela.

Em ambos os casos (tablet e Display Braille), há limitações. Normalmente, um Display Braille só transmite uma linha de informação por vez; já telas maiores compatíveis com sistema Braille podem trabalhar com mais dados, obviamente, mas o preço do equipamento pode ser proibitivo.

Para resolver esse problema, o time de O’Modhrain aposta em um tipo de tela que exibe várias linhas de informações, mas sem ignorar o fator custo-benefício.

O truque está no uso de microfluídos. Inicialmente, os pesquisadores cogitaram aplicar os tradicionais pinos que equipam Displays Braille e afins, mas notaram que, por conta do mecanismo de acionamento desses componentes, seria difícil distribuí-los em quantidade suficiente para cobrir toda uma tela.

Com os microfluídos, os cientistas de Michigan estão conseguindo resultados mais interessantes. O painel que eles estão desenvolvendo é composto por diminutas bolhas que, quando preenchidas com pequenas quantidades de líquido ou mesmo ar comprimido, formam elevações na tela. A combinação delas é que, naturalmente, montará o conteúdo em Braille.

Um dos protótipos usados na pesquisa
Um dos protótipos usados na pesquisa

Como não há pinos ou motores para acioná-los — apenas uma espécie de sistema hidráulico —, os pesquisadores acreditam que entre 5 mil e 10 mil pontos (bolhas) poderão ser colocados em uma única tela.

Há pelo menos duas vantagens nessa abordagem: a primeira é que o usuário tem acesso a mais informações de uma vez só, de modo similar ao que acontece em uma página de um livro em Braille; a outra é que há tantos pontos disponíveis que também passa a ser possível “desenhar” formas variadas, o que é útil para ajudar a pessoa a estudar matemática, por exemplo.

Ainda há testes a serem feitos antes de a ideia vingar, mas O’Modhrain está otimista quando a isso: para o pesquisador, a tecnologia poderá chegar ao mercado dentro de um ano e meio. Inicialmente, os custos não deverão ser convidativos, mas tendem a melhorar com o passar do tempo.

Com informações: MIT Technology Review

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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