Os planos da Microsoft para armazenar dados em DNA

Um grama de DNA pode armazenar até 700 terabytes, mas a tecnologia ainda é cara e lenta

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 semana

Os pesquisadores da Microsoft Research estão trabalhando em sistemas de armazenamento de dados baseados em DNA, e eles não devem demorar muito para virar realidade. O objetivo é colocar a tecnologia em funcionamento em um dos datacenters da empresa, ainda que para uma aplicação limitada, em até três anos.

O DNA é um material promissor para armazenar dados por permitir uma densidade de informações extremamente alta: seria possível guardar até 700 terabytes em apenas um grama do composto. Na Microsoft, pesquisadores acreditam que o DNA pode substituir as antigas fitas, que ainda são um meio barato de arquivar grandes quantidades de informações.

Além da alta densidade, outra vantagem é que o DNA consegue manter os dados intactos por um bom tempo: ele possui durabilidade entre cem e mil vezes maior que um dispositivo de silício — você encontra registros de análises de DNA em ossos de animais que morreram há milhares de anos, mas um HD não é feito para aguentar mais que algumas dezenas de anos.

Para gravar em DNA, basta converter dados digitais (zeros e uns) para a linguagem biológica (as sequências genéticas A, T, C e G do DNA). Assim, o número 1 poderia ser identificado pelas sequências A e C, enquanto T e G representariam o zero, por exemplo. Só que esse processo ainda é bem caro: a Microsoft diz que o custo precisa cair 10 mil vezes para que o armazenamento em DNA possa ser adotado em uma escala maior.

E o processo de ler ou gravar informações ainda é lento, com velocidades de míseros 400 bytes por segundo. O objetivo é chegar a 100 megabytes por segundo, o que continua sendo menos que um HD comum é capaz de atingir. Por isso, as primeiras aplicações devem ser bem específicas — o DNA pode ser utilizado para guardar registros médicos, vídeos de câmeras de segurança e outros dados que são arquivados por motivos legais.

Microsoft, Intel e outras empresas de tecnologia estão pesquisando seriamente o armazenamento em DNA desde, pelo menos, 2013. A Microsoft já conseguiu guardar 200 megabytes em DNA no ano passado. Veremos se os planos de criar um protótipo de aplicação comercial até o final da década vai dar certo — não tenha dúvidas de que será uma grande revolução no armazenamento de dados.

Com informações: MIT Technology Review.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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