EUA cancelam contrato bilionário com Microsoft após embates com Amazon

Contrato chamado de JEDI (Joint Enterprise Defense Infrastructure) estabelecia acordo para que Microsoft fizesse upgrades na tecnologia de cloud dos militares

Pedro Knoth
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• Atualizado há 6 meses
Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA (Imagem: Thomas Hawk / Flickr)
Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA (Imagem: Thomas Hawk/ Flickr)

O Departamento de Defesa dos EUA (DoD) rescindiu um contrato de US$ 10 bilhões com a Microsoft para soluções de computação em nuvem. A empresa ganhou o leilão do projeto de cloud apelidado de JEDI em 2019, mas a Amazon processou a administração Trump e impediu a vigência do acordo.

Acordo com Microsoft “não cumpre demandas”, diz Defesa

Na manhã desta terça-feira (6), o Departamento de Defesa (DoD) americano anunciou o cancelamento do projeto JEDI, firmado com a Microsoft, porque ele “não cumpre mais com as demandas”. 

Em comunicado ao The Verge, o chefe de infraestrutura de nuvem do Departamento, John Sherman, disse que os avanços da indústria em nuvem tornaram o projeto ultrapassado. “O JEDI foi desenvolvido quando as demandas do departamento eram diferentes. Tanto a tecnologia dos provedores de serviços de nuvem quanto nosso diálogo sobre cloud estavam menos articulados”, completou Sherman.

Junto à rescisão, o DoD anunciou uma licitação para um novo contrato do Pentágono, chamado de Joint Warfighter Cloud Capability (Capacidade de Nuvem Conjunta do Combatente, em tradução livre); um acordo substitutivo que prevê os mesmos serviços do JEDI.

Amazon travou contrato na Justiça por viés de Trump

A rede de TV CNBC diz que os militares acreditam que há apenas duas empresas nos EUA capazes de suprir a demanda de nuvem do Departamento de Defesa: Microsoft e Amazon. Contudo, uma pesquisa para averiguar se outras empresas podem entrar na nova licitação será conduzida.

Pelos termos do JEDI, a Microsoft iria fornecer ao DoD armazenamento em nuvem, Inteligência Artificial capaz de realizar tarefas e outras soluções de computação.

A Amazon perdeu a disputa pelo contrato para a dona do Windows em 2019, mas processou a administração Trump — o ex-presidente tinha uma visão negativa da varejista. Com o pedido para suspender o acordo, o JEDI ficou travado em tribunais da Justiça americana, até que um juiz decidiu pela continuação do projeto.

Em um pronunciamento ao Congresso em janeiro, o Departamento de Defesa disse que o JEDI corria um sério perigo devido a um “requerimento não concluído de computação em nuvem”. O projeto se tornou uma bomba-relógio no colo do DoD, que se viu obrigado a cancelar o acordo com a Microsoft para não sair de mãos vazias.

Amazon e Microsoft se posicionam sobre rescisão do JEDI

Em nota ao The Verge, um porta-voz da Amazon disse que a empresa “entende e concorda” com a decisão desta terça-feira (6):

“Infelizmente, o contrato premiado pelo DoD não era baseado nos méritos das propostas e, na verdade, era o resultado de influências externas que não têm lugar em licitações governamentais. Nosso compromisso em apoiar os militares do nosso país, e assegurar que combatentes e parceiros da defesa tenham acesso a melhor tecnologia de nuvem pelo melhor preço, está mais forte do que nunca. Nós esperamos prosseguir com os esforços para modernizar o DoD, construindo soluções que ajudam no cumprimento de missões sensíveis”

Em uma publicação em seu blog oficial, a Microsoft disse que o Departamento de Defesa enfrentou uma decisão difícil:

“O DoD enfrentou um dilema: continuar com uma disputa pela litigação que poderia demorar anos, ou seguir em frente […] Já que a segurança dos Estados Unidos depende de upgrades tecnológicos críticos, e supera a importância de qualquer contrato, nós respeitamos a decisão do Departamento e vamos tomar um caminho diferente para assegurar tecnologias críticas para missões militares.”

Com informações: The Verge

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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