Microsoft quer cortar uso de água em 95% mudando resfriamento de servidores

Uma das estratégias da Microsoft para isso é o uso de um sistema de resfriamento que mergulha servidores em um fluído especial

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Microsoft (imagem: Efes/Pixabay)

Datacenters não gastam só energia elétrica. Dependendo da estrutura e de seu porte, uma unidade do tipo pode gastar muita água no controle de temperatura. Só os datacenters da Microsoft exigem 5,7 bilhões de litros de água por ano. A boa notícia é que a companhia assumiu o compromisso de reduzir essa quantidade em 95% até 2024. Mas como?

Controlar a temperatura de um datacenter é um cuidado essencial. Manter centenas ou milhares de servidores trabalhando em conjunto no mesmo espaço é uma atividade que resulta em muito calor, tanto que essas máquinas podem ficar instáveis ou, em situações extremas, ser danificadas se o resfriamento falhar por apenas alguns minutos.

Sistemas de resfriamento baseados em água costumam ser muito eficientes no resfriamento de datacenters. O problema é que o volume de água consumida nesses lugares é tão grande que poderia abastecer cidades inteiras.

Para reduzir a demanda por água, a Microsoft tem usado em seus datacenters um sistema de resfriamento adiabático, que capta ar externo para manter a temperatura dos servidores em patamares seguros. O problema é que, se a temperatura local ficar acima de 29 ºC, um sistema de resfriamento evaporativo, que também consome água, precisa entrar em ação.

É preciso buscar soluções mais efetivas, portanto.

Servidores mergulhados em líquido especial

Para alcançar a meta de reduzir o consumo de água em 95% até 2024 — e, eventualmente, chega a uma redução de 100% —, a Microsoft aposta em duas estratégias principais.

A primeira, mais simples, consiste em aumentar os limites de temperatura que acionam os sistemas de resfriamento evaporativo. A companhia descobriu, por meio de uma pesquisa, que datacenters instalados em regiões mais frias — como Amsterdã, Dublin e Chicago — toleram ajustes mais altos de temperatura.

Por outro lado, em regiões desérticas, o consumo de água continuaria elevado: a estratégia faria a Microsoft reduzir o consumo em até 60%, um patamar interessante, mas longe do almejado.

Sistema de resfriamento via líquido (imagem: divulgação/Microsoft)
Sistema de resfriamento líquido para servidores (imagem: divulgação/Microsoft)

Eis então a segunda estratégia: nos datacenters instalados em lugares quentes e secos, a Microsoft pretende implementar a técnica de resfriamento em líquido fluorocarbono, um fluído não condutor e que não danifica componentes eletrônicos.

Nessa abordagem, os servidores são mergulhados em um tanque (sim, mergulhados) e o calor gerado pelos computadores faz o fluído entrar em ebulição ao atingir uma temperatura de aproximadamente 50 ºC.

Esse processo faz o calor dissipar. Além disso, o vapor resultante se condensa dentro do tanque e retorna para a imersão como se fosse uma chuva. Com isso, não há necessidade de a câmara ser reabastecida com o fluído a todo momento.

Microsoft quer ser positiva em água

Embora a técnica de resfriamento por mergulho se mostre muito promissora, há alguma incerteza sobre o funcionamento desse sistema em larga escala. Em abril, a Microsoft publicou resultados animadores sobre os testes feitos até então, mas estamos falando de uma tecnologia que ainda está em desenvolvimento.

De todo modo, a companhia parece disposta a encarar os desafios que surgirem, até porque reduzir o consumo de água em 95% até 2024 é apenas parte do processo. No ano passado, a Microsoft divulgou o plano de ser positiva em água até 2030, ou seja, de repor mais água do que consome.

É difícil, para não dizer impossível, alcançar essa meta sem apostar em estratégias ousadas.

Com informações: The Verge.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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