Depois do Brasil, pirâmides e mais golpes com bitcoin disparam na Argentina

Casos de pirâmides financeiras com bitcoin (BTC) e outras criptomoedas decolam na Argentina; golpistas operam de maneira similar às pirâmides de Cabo Frio, RJ

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 3 meses
Golpes com criptomoedas crescem na Argentina (Imagem: Tumisu/Pixabay)
Golpes com criptomoedas crescem na Argentina (Imagem: Tumisu/Pixabay)

Assim como ocorreu no Brasil há alguns meses, a Argentina também começou a ver uma explosão nos relatos de pirâmides financeiras, golpes e fraudes com bitcoin (BTC) e outras criptomoedas no país. A ONG Bitcoin Argentina emitiu um alerta na semana passada, afirmando ter identificado um aumento nesses crimes que atraem vítimas através de promessas de lucros fixos extraordinários.

Segundo a ONG, a maioria dos casos se concentram nas regiões de Mendoza, Córdoba, Tucumán, Catamarca e La Rioja. Javier Madariaga, diretor executivo da Bitcoin Argentina, explicou ao portal argentino Ámbito que empresas não são autorizadas a captar investimentos associados a ganhos fixos em criptomoedas no país. 

Ele também observa que os golpistas atraem vítimas com promessas de lucros surreais. “O denominador comum desses golpes é um intermediário que promete grande rentabilidade econômica fazendo um aporte de capital, o que não é garantido em nenhum investimento.” disse Madariaga.

Pirâmides argentinas e de Cabo Frio são parecidas

Essa história não parece familiar? Vimos algo muito parecido ocorrer em Cabo Frio e na Região dos Lagos do Rio de Janeiro alguns meses atrás. A empresa de investimentos GAS Consultoria Bitcoin foi desmascarada como um esquema de pirâmide financeira bilionária, prometendo uma rentabilidade fixa de 10% para seus clientes a partir de supostos investimentos em bitcoin. Como resultado, a região chegou a ser apelidada de “Novo Egito”, marcada pela ascensão de múltiplos golpes e fraudes envolvendo a criptomoeda.

Glaidson Acácio dos Santos, líder da GAS Consultoria, ficou conhecido como "faraó dos bitcoins" (Imagem: Reprodução/ TV Globo)
Glaidson Acácio dos Santos, líder da GAS Consultoria, ficou conhecido como “faraó dos bitcoins” (Imagem: Reprodução/ TV Globo)

No caso argentino, as pirâmides financeiras estão ainda mais elaboradas. Alguns dos esquemas já contam grandes e luxuosos eventos de divulgação e contratam atletas e influenciadores digitais como embaixadores. Madariaga destaca que Telar de la Abundancia, Omega Pro e Intense Live são apenas algumas empresas que já foram desmascaradas como pirâmides. “Agora estamos detectando seu ressurgimento em províncias como Mendoza, Córdoba, Tucumán, Catamarca e La Rioja, entre outros.”

O crescimento desse tipo de crime financeiro ocorre em um momento que as criptomoedas estão cada vez mais presentes no cotidiano do argentino. Especialmente durante a pandemia, a inflação e a desvalorização acelerada do peso incentivaram a população a dolarizar suas economias. No entanto, o governo da Argentina rapidamente impôs limites mensais para a compra da moeda americana.

Com as opções reduzidas, o bitcoin e outras criptomoedas cresceram em popularidade, tidas como uma opção mais viável de reserva de valor, protegendo seu dinheiro da desvalorização. Não demorou para que o bitcoin, por exemplo, se tornasse uma alternativa de investimento, ainda mais com os múltiplos recordes de preço registrados neste ano.

Com informações: Ámbito

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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