Nubank sofre prejuízo anual de US$ 165 milhões, mas destaca “lucro ajustado”

Apesar de ter valor de mercado próximo ao do Itaú, Nubank acumula anos de prejuízo por causa de investimentos feitos para crescer

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 4 meses
Cartão de crédito Nubank (imagem: divulgação/Nubank)
Cartão de crédito Nubank (imagem: divulgação/Nubank)

Já faz algum tempo que o Nubank tem milhões de clientes atraídos por seu cartão de crédito sem anuidade e sua conta com rendimento automático. Mesmo assim, a empresa vinha dando prejuízo. Ao divulgar os resultados financeiros de 2021, a companhia anunciou seu primeiro lucro líquido anual da história. Quer dizer, quase isso: primeiro lucro líquido anual ajustado da história.

Nas cifras de 2020, a Nu Holdings Ltd. (empresa que reúne os diferentes braços do grupo) teve um prejuízo líquido ajustado de US$ 26,8 milhões. Em 2021, esse número foi bem melhor: um lucro líquido ajustado de US$ 6,6 milhões.

Mas veja bem, este é o lucro líquido ajustado.

As planilhas do balanço financeiro da empresa contam uma história um pouco diferente: prejuízo de US$ 66,2 milhões no quarto trimestre de 2021 e de US$ 165,3 milhões no ano fiscal de 2021.

O segredo está no ajuste do tal lucro líquido ajustado.

Ele acrescenta despesas de compensações de ações; amortização de ativos intangíveis; gastos relacionados ao programa NuSócios, que distribuiu BDRs (recibos) das ações da empresa para os clientes durante o IPO (oferta pública de papéis na bolsa); e efeitos fiscais destes itens.

Ao juntar tudo isso, o prejuízo vira lucro, número que o Nubank preferiu destacar no seu blog post.

Lucro do Nubank ainda é pequeno

Mesmo levando em conta esse número, o Nubank ainda está bem longe de outras empresas do mesmo setor.

Só para ficar em um exemplo, o Itaú lucrou R$ 26,5 bilhões em 2021 — ou US$ 5,8 bilhões, para ficar na mesma moeda.

As duas empresas têm valores de mercado parecidos, perto da casa dos US$ 40 bilhões. O Nubank chegou a superar o Itaú e ficar como banco mais valioso da América Latina, mas vem caindo e devolvendo a liderança.

Parte disso se deve a uma estratégia do próprio Nubank. Como a empresa explica em um post de 2021 sobre os números de 2020:

Já explicamos, mas é sempre bom reforçar: o prejuízo é uma decisão de negócio. Escolhemos, agora, seguir investindo a margem que geramos em times, serviços e produtos, em vez de já realizar lucro. Podemos gerar lucro a qualquer hora, mas, neste estágio da nossa empresa, queremos seguir crescendo junto com os nossos clientes. Esse modelo é adotado por algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo e tem o apoio dos nossos investidores.

As ações da Nu na bolsa de Nova York operam em baixa. Na tarde desta quarta-feira (23), elas eram negociadas a US$ 8,10, uma queda de 8%.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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