A receita minúscula do XD explica por que a Adobe comprou o Figma
Gigante anunciou compra da Figma por US$ 20 bilhões na quinta-feira (15); quantia paga é 40 vezes maior do que a receita anual da startup e levantou desconfiança do mercado
Gigante anunciou compra da Figma por US$ 20 bilhões na quinta-feira (15); quantia paga é 40 vezes maior do que a receita anual da startup e levantou desconfiança do mercado
Na quinta-feira passada (15), a Adobe anunciou a compra da Figma, uma startup que desenvolve ferramentas colaborativas de design online, por nada menos que US$ 20 bilhões. Para a Adobe, a aquisição significa “reimaginar o futuro da criatividade e da produtividade”. Mas o fracasso do Adobe XD, alternativa ao Figma, explica melhor a transação: o aplicativo só gerava US$ 15 milhões de receita anual recorrente.
O verdadeiro foco da Figma é o desenvolvimento de projetos colaborativos facilitados pela “magia” do compartilhamento. Explico: a tecnologia da empresa permite que tudo em um projeto de design seja feito pelo navegador, sem que necessariamente duas equipes trabalhem em uma mesma ideia em arquivos separados.
Embora a Adobe também tenha passado a oferecer suas soluções nesse mesmo formato, ainda havia muitos gargalos que a impedia de proporcionar um trabalho tão fluido quanto o de sua concorrente. Aliado a isso, a empresa viu toda a atenção se voltar para a Figma nos últimos anos, enquanto o Adobe XD afundava.
Na verdade, alguns rumores já ventilavam que a compra poderia acontecer, então a notícia já era dada como certa. Contudo, para seus investidores, o valor de US$ 20 bilhões pago pela startup teria sido muito acima do que ela realmente valia.
Para Shantanu Narayen, diretor executivo da Adobe, a fusão das duas empresas é “transformadora e acelerará nossa visão de criatividade colaborativa.” Por fim, a empresa confirmou que Dylan Field, cofundador e CEO da Figma, permanecerá na empresa e continuará liderando os negócios da companhia.
Assim que a Adobe anunciou a compra, suas ações na Nasqad começaram a despencar e caíram mais de 17%. Isso, claro, é fruto da desconfiança do mercado, que se chocou com o valor pago pela startup.
Além de preocupar os investidores, a aquisição da Figma também fez levantar as sobrancelhas dos reguladores. Para eles, a fusão das duas companhias não pode prejudicar a concorrência.
Em entrevista ao Axios, Dana Rao, conselheiro geral e diretor de finanças da Adobe, defendeu o preço desembolsado e explicou, em três motivos, porque o negócio poderá moldar o futuro das empresas.
Depois de sete anos investindo em uma ferramenta de design, o Adobe XD gerava US$ 15 milhões anualmente em receita de forma independente — contra os US$ 400 milhões gerados pela Figma.
Segundo Rao, o XD estava “na geladeira” e tinha uma equipe de apenas 20 funcionários, enquanto seu principal concorrente possui mais de 800.
Rao diz que o foco da Adobe é levar suas soluções para o navegador. De acordo com ele, esse negócio com a Figma poderá ajudar a companhia a “reimaginar tudo”.
Uma primeira aposta nesse novo mercado é o Adobe Express, mas Rao disse que a Figma ajudará a Adobe a se reinventar para a próxima era do design.
Ainda que a Figma seja uma rival direta ao Adobe XD, o executivo diz que sua aquisição não deve levantar preocupações antitruste, isto é o direito à concorrência. “Achamos que eles [reguladores] vão dar uma olhada e nos sentimos bem com os fatos”, disse Rao.
Com informações: Adobe, Axios e Bloomberg
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