Adeus, iPod: tocador de música da Apple é aposentado após 20 anos

Apple anuncia que iPod Touch será vendido apenas enquanto durarem os estoques; player representou renascimento da marca nos anos 2000

Giovanni Santa Rosa
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iPod touch de sétima geração (Imagem: Zsinytwiki/Wikimedia Commons)

O iPod terá sua merecida aposentadoria depois de duas décadas de serviços prestados e muita música tocada. A Apple anunciou nesta terça-feira (10) o encerramento da linha. O iPod Touch de sétima geração não será mais fabricado, e as vendas seguem enquanto durarem os estoques.

O primeiro iPod foi lançado em outubro de 2001 e era um modelo bem diferente do atual: ele trazia a consagrada click wheel — uma roda para navegação e controle de volume — e contava com uma tela monocromática.

Ele não foi o primeiro tocador de música portátil do mercado, mas tinha uma apresentação mais interessante que os concorrentes. Para completar, o slogan era para lá de atraente: “Mil músicas no seu bolso.” Pode não significar nada em 2022 e streaming, mas há 20 anos, isso era muita coisa.

Mais do que um produto de impacto, o iPod representou um recomeço para a Apple. Nos anos seguintes, o iPhone e o iPad completariam a tarefa de reerguer a marca.

A linha se dividiu entre vários modelos de todos os tipos e tamanhos, do pequenino e sem tela Shuffle ao Classic com sua enorme capacidade de armazenamento. Pouco a pouco, eles foram descontinuados.

O iPod Touch foi anunciado alguns meses depois do primeiro iPhone, em 2007. Ele era praticamente idêntico ao irmão, mas sem a parte “phone”, só com Wi-Fi.

A sétima geração — e última — foi lançada em maio de 2019. Não dava nem para chamar mais de tocador de música, porque ele era bem mais do que isso. O aparelho conta com o processador A10 Fusion — do iPhone 7, de 2016 — e roda iOS 15.4, a versão mais atual do sistema, com suporte a diversos aplicativos.

A tela tem 4 polegadas, bem menor que dos celulares atuais, e o armazenamento é oferecidos nas versões de 32 GB, 128 GB e 256 GB. Nos EUA, ele custa entre US$ 200 e US$ 400. Por aqui, os preços vão de R$ 1.610 e R$ 3.126.

O produto já andava bem esquecido, tanto que o lançamento da sétima geração causou algum espanto. Hoje, não há nada que um iPod faça que um smartphone não possa fazer melhor. Mesmo os aparelhos mais baratos contam com telas maiores, mais armazenamento e conectividade 4G ou 5G.

O fim, agora, foi oficializado.

Você pode ler mais sobre a história do iPod e suas muitas variantes no especial que o Tecnoblog publicou em julho de 2021.

Saudades, iPod Nano

Eu tive um iPod. No Natal de 2008, aos 17 anos, eu ganhei um modelo Nano de quarta geração. Era aquele primeiro modelo com tela “espichada” na vertical. Ele era prateado e tinha 8 GB de memória, e foi comprado em uma revendedora Apple de um shopping na Avenida Paulista.

Lembro bem aquele dia: eu queria o modelo roxo, mas o prata estava em promoção, e eu era um filho legal e compreensivo o suficiente para não fazer minha mãe gastar à toa.

Aquele iPod viria a ser meu grande companheiro nos anos seguintes.

iPod Nano de quarta geração
iPod Nano de quarta geração (Imagem: Reprodução / Apple)

A capacidade de 8 GB era muito maior do que o cartão de 1 GB do meu celular Sony Walkman da época. Ela permitia levar vários dos meus discos favoritos, além de alguns lançamentos que eu estava curioso para ouvir e clássicos que eu não conhecia. Em algum momento, The Mars Volta, Miles Davis e My Chemical Romance ficaram ali, juntinhos na letra M.

Durante muito tempo, aliás, meu sonho de consumo foi o iPod Classic. O modelo tinha 160 GB, mais do que o suficiente para caber todas as músicas que eu tinha no computador. Eu ficava pensando em como seria ótimo não ter que escolher o que sincronizar, apenas plugar e levar tudo.

Uma vantagem “colateral” para mim era que o iPod registrava no Last.fm o que eu ouvia. O site até hoje é uma das minhas redes sociais favoritas.

O grande problema era o iTunes: eu nunca tive um Mac, e o programa era péssimo em um notebook básico com Windows. Às vezes eu apelava para algum plugin alternativo para Winamp ou foobar2000, que funcionavam bem melhor que aquela carroça o software da Apple.

iTunes no Windows
Morre, praga (Imagem: Reprodução / Microsoft Store)

Eu usei aquele iPod até 2013. Durante anos, ele foi melhor e mais confiável opção para tocar música. Meus celulares daquela época foram um Nokia com Symbian e alguns Androids baratos, então era melhor ficar com o iPod mesmo.

Em 2012, eu comecei a usar streaming no computador, com o Rdio, mas continuava sendo melhor baixar em mp3 os álbuns que eu mais gostava e passar para o aparelhinho.

Foi só em 2014 que ele ficou realmente obsoleto: pela primeira vez, eu tinha um Android razoável, e o Spotify funcionava direito nele. Dali em diante, o iPod ficou esquecido em uma gaveta por anos.

Em 2018 ou 2019, não lembro bem, eu o reencontrei em uma daquelas faxinas de revirar tudo. Ele ainda funcionava! O botão Menu não respondia direito e a bateria durava pouco, mas estava bem inteiro para um aparelho de mais de dez anos.

Eu odeio ficar com coisa parada em casa e mandei o iPod para uma sacola de lixo eletrônico. Talvez tenha sido um erro: agora que a linha chegou ao fim, seria uma relíquia.

E você, teve um iPod? Conte sua história na Comunidade!

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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