Adobe Flash ainda vive em navegador distribuído pela África do Sul

Receita Federal sul-africana criou navegador para permitir acesso de contribuintes a formulários criados em Flash

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 10 meses
Internet Explorer alerta sobre fim do suporte a Adobe Flash
Adobe Flash Player (Imagem: Reprodução)

A Adobe encerrou o Flash Player em 12 de janeiro, mas sites e sistemas ao redor do mundo ainda utilizam o plugin. É o caso do South African Revenue Service (SARS), equivalente à Receita Federal na África do Sul. Para contornar o fim da ferramenta, o órgão criou o seu próprio navegador para ter um ambiente em que ela é suportada.

O navegador foi desenvolvido porque alguns dos formulários online do SARS utilizam Flash e ainda não têm versões mais modernas. Ainda que o fim do plugin tenha sido anunciado pela Adobe em 2017, a Receita da África do Sul não atualizou a tempo todos os ambientes virtuais usados pelos contribuintes.

Com isso, a solução encontrada foi criar um programa que suporte a ferramenta. Disponível apenas no Windows, o navegador foi criado a partir do Chromium 85, liberado em setembro de 2020. O órgão federal sul-africano indica que ele é necessário para preencher sete formulários e não tem previsão de quando esses ambientes serão atualizados.

O pesquisador de segurança conhecido no Twitter como @HypnInfoSec deu detalhes sobre o navegador. Segundo ele, o programa é armazenado com o arquivo securityreport.bat, que, quando executado, instala uma ferramenta que apresenta relatórios de segurança. Ela indica que a ferramenta do SARS tem 32 problemas de segurança em seu código.

Além disso, o changelog do navegador sugere que ele não tem origem na África do Sul. O arquivo que reúne as mudanças feitas no programa indica que ele foi criado por ao menos seis desenvolvedores. Ao pesquisar pelos nomes dos profissionais, é possível encontrar indícios de que todos residem na Rússia.

Em um fórum, usuários descobriram que o programa oferecido pelo SARS é uma versão do navegador criado pela Harman, uma das empresas da Samsung. O instalador da ferramenta da Receita Federal da África do Sul tem a mesma assinatura do programa da Harman e indica de onde partiu a base para criar a alternativa ao fim do Flash Player.

Fim do Flash Player após quase 25 anos

O encerramento do Flash Player em 12 de janeiro encerrou um ciclo de quase 25 anos de existência do plugin. Ele permitiu a criação de animações na web e foi fundamental para o início de sites como o YouTube, que o usava em seu player de vídeo. A ferramenta também foi usada para criar uma série de jogos de navegador.

Em julho de 2017, porém, houve o anúncio de que Flash seria encerrado e daria espaço a padrões como HTML5, WebGL e WebAssembly. O plugin teve seu suporte descontinuado em 31 de dezembro e o fim decretado em 12 de janeiro. Agora, os usuários não têm à disposição nenhuma versão alternativa autorizada pela Adobe.

Atualizado às 16h10 para incluir a informação sobre o navegador da Harman.

Com informações: Ars Technica.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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