AirPods roubado na Ucrânia vai parar na Sibéria e sua rota foi rastreada
Fone de ouvido fez viagem de quase 6.500km, saindo da Ucrânia até cidade na região da Sibéria; AirPods passou por três países e foi usado em cidade de veraneio
Voluntários ucranianos identificaram o possível ladrão de um par de AirPods ao utilizar o sistema de rastreio do dispositivo. O fone de ouvido foi roubado em Bucha, durante a ocupação da cidade por tropas russas. O dono do AirPods, ao retornar para a sua casa, percebeu que o dispositivo continuava rastreável e apresentou o caso para o Molfar, grupo independente de inteligência.
Mesmo que ele não vá recuperar o seu fone de ouvido, a vítima do roubo queria saber se seria possível identificar o ladrão. Aliando as informações do app Buscar com um documento vazado de uma prefeitura, imagens do Street View e postagens nas redes sociais, os investigadores chegaram até o principal suspeito — afinal, ainda há a possibilidade de outro militar ter entregado produto roubado.
AirPods roubado na Ucrânia é encontrado na Sibéria
A distância de Bucha até Kemerovo, cidade localizada na região da Sibéria, Rússia, é de aproximadamente 3.676,71 km — em linha geodésica. Porém, o AirPods roubado pode ter percorrido um trajeto de quase 6.500 km. Ele passou até por Gelendzhik, uma cidade russa conhecida por ser um lugar turístico no verão, antes de chegar na cidade natal do suspeito.
Mas antes de chegar na Rússia, é provável que o AirPods tenha passado pela Belarus. O país, que permitiu a passagem de tropas na guerra, é o território aliado mais próximo de Bucha. Logo, ao desocupar a cidade, os militares podem ter seguido o caminho mais curto para um ponto seguro.
Não é possível afirmar que o suspeito fez essa rota. O motivo é que o AirPods só foi ligado novamente em Valuyki, uma cidade de Belgrod, próximo da fronteira entre Rússia e Ucrânia. Neste lugar, é especulado que tropas russas preparam suas ofensivas na guerra.
Depois, a publicação do grupo Molfar mostra que houve AirPods registrou a sua localização em Gelendzhik. Ao analisar as coordenadas, o site identificou que o possível ladrão se hospedou em um prédio que abriga uma escola.
No dia seguinte, ele já estava em sua cidade natal de Kemerovo, informação descoberta com uma investigação aprofundada. O AirPods foi ligado em um ponto da cidade que havia apenas duas casas em um raio de 20 m — margem de erro do GPS do dispositivo.
Os investigadores buscaram por fotos publicadas com geolocalização na VK, uma rede social russa. As imagens foram publicadas na plataforma por uma mulher, cujo filho integra a guarda russa. A informação foi checada com publicações em redes sociais e o registro de moradores de Kemerovo.
Caso reforça: o crime não compensa, o rastreio depende
Ferramentas de segurança de geolocalização, como o Buscar da Apple, permitem que vítimas de furto rastreiem seus dispositivos em caso de roubo ou furto. O militar suspeito de roubar o AirPods cometeu um crime de guerra, já que o Artigo 33 da Quarta Convenção de Genebra proíbe pilhagem — e seu batalhão é investigado pelo massacre em Bucha durante os primeiros meses de invasão na Ucrânia.
A investigação pode não levar a um julgamento por crimes de guerra, mas entrega a identidade de um criminoso e toda a sua família na internet, além do seu endereço. Porém, a situação também mostra como a nossa privacidade e segurança é quase nula — não defendendo o militar, até porque no futuro ele deverá entrar na lista de procurados da Interpol.
O suspeito não devia saber que o AirPods, “tão pequenino”, teria um sistema de geolocalização tão preciso. Como dito anteriormente, a investigação foi aprofundada. Contudo, assusta quando imaginamos que pessoas más intencionadas podem usar essas técnicas, análise de imagens do Street View e redes sociais, para identificar membros de uma família.
O “overposting” em redes sociais pode ser perigoso. Agora, em relação aos fones de ouvido e outros dispositivo, vale a pena manter o rastreio ligado. Ainda é uma boa maneira de proteger seus eletrônicos.
Com informações: Gizmodo