Se você preza pela sua privacidade, pense duas vezes antes de instalar o aplicativo de La Liga. Os responsáveis pelo campeonato espanhol de futebol querem encontrar transmissões piratas e admitiram que estão usando um método bem invasivo.
O aplicativo ativa o microfone do celular sempre que o GPS reconhecer que o usuário está em um bar ou outro estabelecimento comercial. Em seguida, a ferramenta acompanha se, no local, há uma exibição das partidas. O objetivo é identificar locais que não estão pagando a tarifa correspondente aos detentores dos direitos de transmissão do campeonato.
Com mais de dez milhões de downloads em todo o mundo, o aplicativo realiza a captura de áudio somente nos dispositivos de usuários na Espanha. Quando é instalado em um novo aparelho, ele pede permissão para usar o microfone. Como se trata de algo opcional, os usuários podem continuar usando o app mesmo sem dar a autorização.
A prática se tornou mais conhecida após especialistas em direito e tecnologia notarem a mudança nos termos do aplicativo. O texto teve de ser alterado por conta do GDPR, que obriga os serviços a explicitarem como os dados estão sendo utilizados.
Si aceptas, la app de #LaLiga hace uso de tu micro y geolocalización para detectar bares y cafeterías que emiten fútbol sin pagar la licencia correspondiente 😳😬 Tratamientos de datos que convierten a tu móvil en chivato 🤔 Vía @estherbotella pic.twitter.com/DjzDI6xfiP
— Jorge Morell Ramos (@Jorge_Morell) June 10, 2018
A organização do campeonato alega que as transmissões ilegais já causaram perdas de mais de 150 milhões de euros. Os microfones seriam usados somente para “desenvolver padrões estatísticos no consumo do futebol e para detectar operações fraudulentas das retransmissões dos jogos de futebol de La Liga”.
Apesar de os organizadores afirmarem que ninguém acessa o que é capturado pelo microfone, o aplicativo se tornou alvo de uma investigação preliminar da Agência Espanhola pela Proteção de Dados (AEPD). Os usuários do app no Brasil não são afetados pela prática, mas talvez não seja uma boa ideia esperar que ela seja adotada por aqui.
Com informações: El Diario, Fast Company.