Você toparia minerar criptomoeda no seu computador em troca de uma atualização gratuita para a versão premium de um aplicativo? Era exatamente essa a estratégia do Calendar 2, um software de calendário para macOS cujos recursos pagos normalmente custariam US$ 17,99. Era, porque, depois de uma série de erros, o desenvolvedor decidiu remover o recurso.

Chama a atenção o fato de o Calendar 2 ter sido liberado para download na Mac App Store mesmo com o recurso de mineração de Monero. Em regra, essa prática é adotada por malwares, não aplicativos legítimos, gerando inclusive alertas por parte de determinados softwares antivírus.

E o aplicativo era bem claro. Na tela de upgrade para a versão premium, o usuário tinha quatro opções: desabilitar todas as funções avançadas; ativá-las por uma mensalidade de US$ 0,99; ativá-las permanentemente com um pagamento único de US$ 17,99; ou ativá-las para que o “aplicativo gere criptomoeda de forma discreta em plano de fundo”.

Não está claro se o aplicativo viola as regras da Mac App Store, mas o desenvolvedor Gregory Magarshak, da Qbix, diz ao Ars Technica que vai retirar o recurso porque “dois bugs causaram problemas para muitos dos usuários”.

Primeiro porque o minerador estava sendo executado mesmo quando o usuário optava por desativar os recursos avançados, fazendo “parecer que a empresa quisesse minerar criptomoeda sem permissão dos usuários, o que vai contra o caráter e a visão da Qbix”. Segundo porque a ideia era utilizar entre 10 e 20% da capacidade de processamento do usuário, mas o minerador estava consumindo mais CPU. Como o código do minerador não é aberto, a correção poderia demorar muito tempo.

Mesmo com a remoção do minerador nas futuras versões, fica a dúvida: você aceitaria pagar por um aplicativo por meio da sua conta de energia elétrica?

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Escrito por

Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.