Apple é investigada por vender informações de “conversas gravadas” pela Siri
Usuários alegam que a Siri ouviu conversas, e que depois receberam anúncios direcionados da Apple sobre produtos mencionados durante a discussão
Usuários alegam que a Siri ouviu conversas, e que depois receberam anúncios direcionados da Apple sobre produtos mencionados durante a discussão
A Siri, assistente de voz da Apple, tornou-se motivo de um processo movido na Justiça dos EUA. Segundo os usuários, depois de discussões privadas em que a assistente de voz foi ativada, eles passaram a receber anúncios direcionados relacionados a itens mencionados: um usuário recebeu propagandas do tênis Air Jordan após conversar sobre o produto com um amigo.
O juiz Jeffrey White, da Corte Distrital dos EUA, do Distrito Norte da Califórnia, deu permissão para que os usuários provem que a Siri rotineiramente gravou conversas por meio de uma “ativação acidental”, e de que a Apple vendeu informações dessas conversas para terceiros.
Geralmente, a Siri, como outras assistentes de voz, é ativada por meio de uma frase-chave. Nos EUA, é “Hey Siri”. No Brasil, as palavras mágicas são: “E aí, Siri?”.
Os casos contidos no processo variam, mas todos os usuários reclamam que receberam anúncios direcionados depois de conversarem sobre um produto específico.
Em um dos exemplos do processo, a Siri supostamente escutou uma conversa sobre um tratamento cirúrgico. Depois, a pessoa começou a receber propagandas divulgando aquele procedimento específico. Em outro caso, dois usuários reclamam que começaram a receber anúncios relacionados ao que discutiram: tênis da marca Air Jordan, óculos da Pit Viper e a rede de restaurantes Olive Garden. Segundo eles, a Siri ouviu as conversas.
O juiz californiano de Oakmont confirmou que os usuários podem perseguir a alegação de que a Apple violou a Lei Federal de Escuta — feita para proteger ligações e comunicação entre cidadãos americanos — e a Lei de Privacidade do Estado da Califórnia. Além disso, a empresa pode ter realizado uma quebra de contrato, caso a escuta da Siri tenha sido usada por terceiros.
Nem a Apple ou os usuários que estão processando a empresa responderam ao pedido feito pela Reuters para que comentassem sobre o caso.
No começo de julho, outro juiz federal da Califórnia disse que usuários do Google Assistente, inteligência artificial de voz da empresa, podem processar o Google e a Alphabet — holding do buscador — por motivos parecidos. A firma de advogados que representa os casos Google Assistente e Siri é a mesma.
A Amazon também já enfrentou processos parecidos na Justiça dos EUA por causa da sua própria assistente de voz, a Alexa. No Brasil, a empresa lançou recentemente os dispositivos Echo Show 5 e 8, que vêm com o software da IA.