EUA mandam Facebook interromper lançamento de criptomoeda Libra

Representantes querem analisar riscos do Libra à segurança nacional e ao mercado financeiro global

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 ano
Libra, a criptomoeda do Facebook

Não será tão fácil implantar o Libra: o Facebook deverá enfrentar problemas regulatórios na China e na Índia, onde as criptomoedas são banidas, e também terá que se explicar em sua própria casa. Na terça-feira (2), os representantes na Câmara dos Estados Unidos pediram que o Facebook suspenda imediatamente o lançamento do Libra até que eles analisem os riscos da moeda digital à economia.

Na carta enviada ao Facebook, o comitê de serviços financeiros da Câmara, liderado pelos democratas, declara que “como o Facebook já está nas mãos de mais de um quarto da população mundial, é necessário que o Facebook e seus parceiros imediatamente cessem os planos de implementação até que os reguladores e o Congresso tenham a oportunidade de examinar essas questões e tomar medidas”.

Os representantes dizem que os investidores e consumidores que utilizarem o Libra “podem estar expostos a sérios problemas de privacidade e segurança nacional, riscos de cibersegurança e riscos de negociação”. O receio é de que falhas de segurança ou regulações impróprias possam ameaçar a estabilidade do sistema financeiro dos Estados Unidos e do mundo.

O documento ressalta que os riscos do Libra são evidentes porque o histórico do Facebook em proteção de dados não é bom — os representantes lembram o caso da Cambridge Analytica, que obteve acesso a informações de mais de 50 milhões de usuários para influenciar nas eleições. Além disso, o próprio Facebook revelou que, entre janeiro e março de 2019, removeu mais de 2 bilhões de contas falsas.

O Facebook afirma que as regras do Libra serão definidas pela Associação Libra, que é formada por cerca de 30 empresas, incluindo Visa, Mastercard, PayPal, Mercado Pago, Spotify, Uber e a Calibra — uma subsidiária do Facebook para oferecer serviços financeiros. A rede social diz que não terá acesso a dados financeiros dos usuários, e que as transações não serão utilizadas para melhorar a precisão dos anúncios.

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Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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