Facebook abandona plano original da criptomoeda Libra e anuncia mudanças

Facebook e Associação Libra vão espelhar dólar e euro através de stablecoins, cedendo à pressão dos EUA e União Europeia

Felipe Ventura
• Atualizado há 3 anos
Facebook Calibra

Rumores diziam que o Facebook iria abandonar os planos de criar uma criptomoeda Libra que poderia concorrer com o dólar e o euro. A Associação Libra confirmou isso nesta quinta-feira (16): o projeto agora vai espelhar moedas tradicionais através de stablecoins. A entidade acabou cedendo à pressão vinda de diversos governos, incluindo da Europa e dos EUA.

A Associação Libra explica que poderá criar moedas lastreadas no dólar americano, euro, libra esterlina e dólar de Singapura — isto é, stablecoins — que teriam nomes como LibraUSD ou LibraEUR.

Elas serão associadas diretamente às moedas tradicionais: isso significa que, a cada unidade emitida de LibraUSD, a entidade vai comprar e guardar o equivalente em dólar em uma conta bancária.

Ainda vai existir uma “moeda” Libra, mas ela será apenas um somatório das moedas criadas pela Associação. Por exemplo, uma unidade de Libra pode ser equivalente a 0,5 LibraUSD mais 0,5 LibraEUR: cada transação vai envolver essas stablecoins, em vez de uma moeda única.

Facebook e Libra sofrem pressão de governos

O plano original da Associação Libra era criar uma criptomoeda única, com lastro em moedas tradicionais para evitar a volatilidade do bitcoin, mas que teria valor próprio. Ela seria usada em uma carteira chamada Calibra e em aplicativos do Facebook como o WhatsApp.

No entanto, os governos dos EUA e de países da União Europeia ameaçaram barrar o projeto, porque uma moeda global controlada por uma corporação poderia colocar riscos à soberania nacional.

“Em alguns países com alta taxa de inflação, como Venezuela, Argentina, Turquia ou África do Sul, muitas pessoas estariam dispostas a abandonar a moeda local em favor do Libra”, explica o TechCrunch. “Ele seria controlado por empresas privadas que não necessariamente se importam com políticas monetárias.”

Em seu site oficial, a Associação Libra menciona essa questão:

Embora nossa visão sempre tenha sido a de que a rede Libra complemente as moedas fiduciárias, em vez de concorrer com elas, uma preocupação principal foi o potencial do Libra de interferir na soberania e na política monetária, se a rede atingisse escala significativa e um grande volume de pagamentos domésticos fosse feito em ≋LBR.

Com o tempo, diversas empresas deixaram a Associação Libra, incluindo Visa, Mastercard e PayPal.

Relacionados

Escrito por

Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.