Facebook vai contratar mil pessoas para revisar anúncios na rede social
O Facebook se meteu em uma enrascada: estima-se que 10 milhões de norte-americanos viram anúncios na rede social criados por russos tentando fazer manipulação política. Para evitar outros problemas como esse, a companhia decidiu contratar mil pessoas para ampliar a equipe que revisa publicações pagas.
As contas associadas aos anúncios são falsas, o que dificulta o rastreamento. Mas as investigações apontam que, juntas, elas criaram mais de 3 mil anúncios de cunho político. Destes, 44% foram vistos antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro do ano passado. O restante (56%) foi veiculado depois, até maio deste ano.
Os anúncios, basicamente, propagavam conteúdo de ódio entre os eleitores do país abordando assuntos delicados, como racismo, porte de armas e imigração. Embora a Rússia negue envolvimento, o Facebook afirma ter indícios de que os 3 mil anúncios foram gerenciados por meio de 470 contas falsas, aproximadamente, todas controladas a partir do país. Mais de US$ 100 mil teriam sido gastos com essas publicações.
É uma saia justa para o Facebook. Primeiro porque a companhia deixou passar mais de 3 mil anúncios que ferem as políticas de uso estabelecidas para a rede social. Segundo porque 10 milhões de pessoas está longe de ser uma quantidade desprezível.
Após as investigações internas, o próprio Mark Zuckerberg entregou um relatório sobre as contas falsas e os anúncios a Robert Mueller, procurador que lidera os trabalhos que investigam o envolvimento da Rússia nas eleições presidenciais que elegeram Donald Trump.
A medida seguinte foi justamente a decisão de contratar mais mil pessoas para revisar os anúncios. Não está claro se esses funcionários trabalharão de maneira integral ou parcial nessa atividade, tampouco quando eles começarão a atuar. O que o Facebook tenta, por ora, é mostrar que está tratando o assunto com prioridade.
Por conta disso, a companhia também se comprometeu a criar políticas de anúncios mais restritivas e até a usar mais aprendizagem de máquina para aumentar a eficácia dos algoritmos que detectam anúncios proibidos.
Soa como aquele tipo de promessa vazia feita apenas para transmitir um ar de proatividade ou cooperação. Mas é bastante provável que o Facebook esteja falando sério. Até agora, os algoritmos da rede social vinham sendo otimizados prioritariamente para gerar o máximo de receita possível. O problema das contas russas mostra, da pior maneira, que a questão da segurança não pode ser secundária nesses esforços.
Além do Facebook, a equipe de Mueller tenta descobrir como serviços de companhias como Google e Twitter foram usados por russos na tentativa de influenciar as eleições dos Estados Unidos.