Notícias falsas não são um fenômeno recente, mas, graças à capacidade de disseminação das redes sociais, nunca tiveram tanto alcance quanto nos tempos atuais. Tentando encontrar uma solução que seja pelo menos amenizadora, o Facebook anunciou, nesta semana, novas medidas contra as fake news. Uma delas consiste em não rotular uma notícia considerada falsa como tal.
Parece contraditório, não? Se uma notícia foi identificada como ilegítima ou tem fortes indícios de trazer informações inconsistentes, é razoável que a rede social coloque um sinal de alerta ali, afinal, a contestação geralmente vem de uma ou mais agências de verificação de fatos.
Mas o Facebook percebeu que a sinalização de fake news não estava surtindo o efeito esperado. Primeiro porque, em muitos casos, o alerta visual só aparecia tardiamente, quando a notícia falsa já havia sido compartilhada por milhares de usuários. Segundo porque o Facebook constatou que notícias sinalizadas como falsas nem sempre deixavam de ser compartilhadas. Muitas vezes acontecia o contrário: o conteúdo passava a ser divulgado com mais intensidade.
É uma constatação surpreendente, mas de fácil compreensão: o sinal de alerta para fake news fazia os usuários prestarem mais atenção na notícia, como um chamariz. Além disso, muitos deles compartilhavam a notícia sinalizada como falsa porque não compreendiam o alerta ou simplesmente para reforçar o seu posicionamento acerca do assunto, como se o alerta estivesse ali, na verdade, para tentar mudar a opinião da pessoa.
No lugar dos alertas, a rede social passará a destacar links relacionados juntos às notícias compartilhadas que levam a publicações que, por serem checadas, automaticamente contestam o conteúdo falso. Nos testes, o Facebook notou que o sistema de links relacionados é mais eficaz na tarefa de evitar que os usuários disseminem fake news. Novamente, não é difícil entender: qual o sentido de compartilhar uma notícia que é contestada com links checados logo abaixo?
Caso o usuário compartilhe uma notícia antes de esta ser classificada como falsa, o Facebook enviará a ele, depois da filtragem, uma notificação a respeito da procedência duvidosa daquele conteúdo.
Essas não são as únicas medidas, é claro. O Facebook promete continuar trabalhando junto a agências de verificação de notícias e implementando tecnologias para combater o problema. Faz parte desses esforços tentar compreender o que leva uma pessoa a definir uma informação como precisa ou não em função da fonte do conteúdo.
O estudo sobre esse comportamento não deve afetar o feed de notícias, pelo menos no curto prazo. O objetivo, de acordo com o próprio Facebook, é ter mais um meio de medir se as iniciativas para melhorar a qualidade da informação na rede social estão trazendo os resultados esperados.