Facebook se defende de acusação de concorrência predatória na compra do Instagram

Em audiência na Câmara dos EUA, Mark Zuckerberg afirmou que o Instagram não era um concorrente do Facebook no segmento de redes sociais

Victor Hugo Silva
• Atualizado há 2 anos e 11 meses
CEO do Facebook, Mark Zuckerberg

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, participou nesta quarta-feira (29) da audiência do Subcomitê Antitruste da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Na sessão, parlamentares questionaram o executivo se a aquisição do Instagram limitou a concorrência e se a empresa copiou os recursos de adversários para forçá-los a aceitar um acordo de compra.

Zuckerberg afirmou que o Facebook encarava a plataforma de fotos de duas maneiras. “Sempre fomos claros que víamos o Instagram tanto como um concorrente, quanto como um complemento para nossos serviços”, afirmou. Ele alegou que o serviço era um adversário somente no segmento de aplicativos de câmera, mas não no de redes sociais. “As pessoas não pensavam neles como um concorrente neste espaço”.

O questionamento acontece após a Câmara dos EUA ter acesso a e-mails antigos em que Zuckerberg sugere que a compra do Instagram serviria para neutralizar um concorrente. “Há um efeito de rede em torno de produtos sociais e um número finito de diferentes mecanismos sociais para inventar. Quando alguém ganha em uma mecânica específica, é difícil para outros substituí-lo sem fazer algo diferente”, afirmou o executivo em uma mensagem enviada em março de 2012, segundo o The Verge.

“Uma maneira de ver isso é que realmente estamos comprando tempo. Mesmo que surjam novos concorrentes, a compra de Instagram, Path, Foursquare, etc., agora nos dará um ano ou mais para integrar sua dinâmica antes que alguém possa se aproximar de sua escala novamente”, indicou em outro e-mail. “Nesse período, se incorporarmos a mecânica social que eles estavam usando, esses novos produtos não receberão muita tração, já que teremos a mecânica deles implantada em escala”.

Minutos depois, Zuckerberg enviou mais um e-mail para tentar esclarecer o que havia dito. “Não quis sugerir que estaríamos comprando-os para impedir que eles competissem conosco de forma alguma”. Em mensagem enviada em abril de 2012, o executivo perguntou à sua equipe se o Facebook compraria o Instagram e alegou que o serviço de fotos poderia lhes “prejudicar significativamente sem se tornar um grande negócio”.

O Instagram foi comprado pelo Facebook em abril de 2012 por aproximadamente US$ 1 bilhão. Na ocasião, o serviço de fotos já contava com 100 milhões de usuários.

Instagram

Facebook teria ameaçado fundador do Instagram

O criador do Facebook também foi questionado sobre a abordagem de sua empresa antes de comprar o Instagram. A representante dos EUA, Pramila Jayapal perguntou se a companhia já ameaçou copiar um serviço que pretendia adquirir. Zuckeberg afirmou que não lembrava de uma situação como essa.

Em seguida, Jayapal citou e-mails enviados por Zuckerberg antes do Facebook comprar o Instagram. Neles, o executivo afirma ao fundador da rede social de fotos, Kevin Systrom, que sua empresa estava “desenvolvendo sua própria estratégia de fotos” e que o engajamento das duas à época determinaria o quanto, no futuro, seriam parceiros ou concorrentes.

A estratégia a que Zuckerberg se referia na mensagem era o Facebook Camera. Lançado em maio de 2012, o aplicativo permitia a publicação de fotos e o uso de filtros assim como o Instagram. Ele foi descontinuado em 2014. Antes de vender o Instagram, Systrom teria dito para um investidor que temia o “modo de destruição” do Facebook caso não aceitasse o negócio.

Na audiência, Zuckerberg alegou que “estava claro que este era um espaço em que competiríamos de uma maneira ou de outra. Não vejo essas conversas como uma ameaça de forma alguma”.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.