Facily, recordista em reclamações no Procon-SP, é novo unicórnio brasileiro

Facily recebe investimento e passa a valer US$ 1,1 bilhão no mercado; app de compras coletivas estava na mira do Procon-SP até firmar termo de compromisso

Pedro Knoth
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App da Facily

O aplicativo de comércio eletrônico Facily declarou na quinta-feira (23) que havia se tornado a mais nova startup brasileira a virar um unicórnio — quando uma empresa ultrapassa o valor de mercado de US$ 1 bilhão. Ontem, ela foi avaliada em US$ 1,1 bilhão em uma nova rodada de investimento. Apesar de atingir a marca, a companhia é recordista de reclamações no Procon-SP, e entrou na mira da instituição por sua má-reputação com o consumidor.

Facily recebeu investimento de US$ 135 milhões

A Facily recebeu um aporte de US$ 135 milhões em uma nova rodada de investimento liderada pelos fundos de capital Goodwater e Prosus. No mês passado, o app de compras coletivas arrecadou US$ 250 milhões em outra captação, com a DX Venture e a plataforma de entrega alemã Delivery Hero à frente das negociações.

Apesar de o e-commerce coletivo não ser exatamente uma novidade na América Latina, com empresas como Peixe Urbano inaugurado o gênero no Brasil no final da década de 2000, a Facily atingiu sucesso com modelo, que permite a venda de produtos por um preço abaixo da média de mercado.

O aplicativo está presente em nove cidades do Brasil, e cresceu durante a pandemia: até outubro, a empresa registrou 7 milhões de pedidos no total, um aumento de 46 vezes em relação a janeiro.

O mais novo unicórnio brasileiro tem um catálogo de 12 mil vendedores cadastrados na plataforma, que já registra 12 milhões de downloads. A Facily afirma que, dessa parcela de consumidores que baixaram o app, 10 milhões são usuários ativos.

Novo unicórnio brasileiro esteve na mira do Procon-SP

Mas a decolada da Facily não veio sem uma turbulência. A empresa tem uma reputação manchada com o Procon-SP: foram, ao todo, 151 mil reclamações a seu respeito no órgão pró-consumidor.

A startup assumiu um termo de compromisso com o Procon-SP para reembolsar todos os clientes insatisfeitos. O acordo também prevê o investimento de R$ 250 milhões para melhorias de atendimento e logística — boa parte das reclamações registradas no órgão estavam relacionadas a pedidos que não chegavam no prazo. Além disso, a Facily se comprometeu a reduzir as queixas em 80%.

Com a assinatura de um termo com o Procon-SP, a startup tirou o órgão público de seu encalço, já que ele pretendia suspender totalmente a atividade do e-commerce de compras coletivas. Essa é uma das medidas mais drásticas a serem tomadas pelo órgão, e só é tomada em casos de negligência da empresa que é alvo das reclamações.

Diego Dzodan, cofundador e CEO da Facily, afirma que a plataforma é a única bem-sucedida em compras coletivas fora da China. Alibaba e WeChat também têm essa modalidade de comércio em sua plataforma. Para obter êxito, o app pratica descontos bastante agressivos, atraindo pessoas de baixa renda familiar e que, durante a pandemia, sofreram com o aumento da inflação.

Dzodan disse ao Valor Econômico que pretende atrair mais clientes pessoas física e até empreendedores para a Facily:

“Como oferecemos os menores preços do mercado, durante a pandemia muita gente que perdeu renda e sofreu com a inflação aderiu à plataforma. Mas nosso principal foco é ser uma referência de e-commerce para todo mundo.”

Para a Facily, o valor captado pela nova rodada de investimentos será usado para melhorar a logística e a experiência do usuário. O aporte também viabiliza planos de expansão do mais novo unicórnio brasileiro para 2022.

Com informações: Valor Econômico

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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