Facily faz demissão em massa para “mudança em times” após virar unicórnio

Facily demite pelo menos 106 funcionários, incluindo profissionais de tecnologia; Loft e Quinto Andar também realizaram desligamentos em massa

Pedro Knoth

Após se tornar alvo do Procon-SP e virar unicórnio, avaliada em mais de US$ 1 bilhão, a startup de comércio coletivo Facily fez uma demissão em massa na terça-feira (19). Nas redes sociais, funcionários dispensados da empresa receberam apoio para encontrar novos empregos — uma lista divulgada revela que pelo menos 106 pessoas foram desligadas da companhia.

App da Facily
App da Facily (Imagem: Divulgação)

A Facily cortou funcionários principalmente da área de tecnologia. Engenheiros de software, analistas, desenvolvedores front-end e back-end estão entre os cargos atingidos pela demissão em massa. Uma tabela com dados de ex-funcionários a qual o Tecnoblog teve acesso mostra que também houveram 86 desligamentos.

Outra tabela, também acessada pela reportagem, confirma que, por enquanto, 106 pessoas foram demitidas da Facily. Contudo, o total de desligamentos pode ser ainda maior: o Estadão conversou com alguns ex-funcionários da startup, que estimam que entre 200 a 300 empregados foram dispensados.

Ao Tecnoblog, a Facily comentou o desligamento de diversos funcionários. Em nota, a startup disse que as demissões fazem parte de “mudanças em times”. Veja o comunicado a seguir:

“A Facily busca constante evolução e eficiência para melhorar a experiência de todos que fazem parte e interagem com a empresa. Mudanças, inclusive em times, são necessárias para isso. Sempre vamos priorizar o que de fato faz a diferença no impulsionamento do nosso negócio. Para preservar as nossas pessoas preferimos não comentar sobre os processos internos, pois tratamos de forma sigilosa e respeitosa.”

Do unicórnio à demissão em massa

Em dezembro, a Facily ultrapassou o valor de mercado de US$ 1 bilhão, tornando-se mais uma startup brasileira a atingir o status de unicórnio, após receber US$ 132 milhões em uma rodada de investimentos. Já em novembro, a empresa de compras coletivas havia arrecadado US$ 250 milhões em aportes.

Mas antes, a Facily bateu uma marca negativa: a startup se tornou recordista de reclamações do Procon-SP, com 151 mil queixas registradas no órgão de defesa do consumidor. Ela entrou na mira da entidade, e foi pressionada a firmar um acordo estabelecendo o investimento de R$ 250 milhões em atendimento e logística.

Para o argentino Diego Dzodan, fundador e CEO da Facily, a captação de US$ 132 milhões abriria espaço para a expansão da startup na América Latina, além de melhorar a qualidade da experiência do usuário no Brasil.

Quinto Andar e Loft demitem funcionários

Neste mês, além da Facily, duas outras startups que ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão em valor de mercado cortaram funcionários. As ondas de demissão já afetaram empregados da Loft e do Quinto Andar, empresas tecnológicas do setor imobiliário.

QuintoAndar
Aplicativo do Quinto Andar (Imagem: Divulgação)

Na semana passada, o Quinto Andar demitiu 4% de seus 4 mil colaboradores. A companhia sinalizou ao Tecnoblog que esse foi um movimento de “ajuste interno”. A empresa afirmou em nota que “Neste processo, repriorizamos algumas nossas iniciativas internas e alguns times e funções deixaram de existir, gerando uma redução de 4% da nossa equipe”.

Já a Loft confirmou ao Tecnoblog que demitiu 159 funcionários na segunda-feira (18), sendo que a maioria era de dois setores: comercial e de operações. Outros 52 profissionais das áreas de produto e tecnologia foram realocados para empresas que fazem parte do marketplace da imobiliária.

“A empresa vai apoiar os ex-funcionários na recolocação de mercado, por meio do fornecimento de três meses do serviço Premium do LinkedIn, assim como extensão do plano de saúde por mais dois meses, inclusive aos dependentes”, disse a Loft em nota.

Leia | Como funciona o QuintoAndar [aluguel de imóveis]

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.