Flogão chega ao fim depois de 15 anos online
Popular na década de 2000, Flogão resistia graças a admiradores de caminhões
Popular na década de 2000, Flogão resistia graças a admiradores de caminhões
Um dos últimos remanescentes da internet brasileira “velha de guerra” chegou ao fim: o Flogão, serviço de compartilhamento de fotos que por muito tempo brigou com o finado Fotolog, encerrou as suas operações nesta semana.
O serviço foi criado em 2004, mesmo ano em que o orkut surgiu. Naquela época, compartilhar fotos na internet não era uma atividade tão trivial quanto nos dias atuais: os celulares eram básicos (boa parte não tinha câmera) e as conexões à internet eram predominantemente lentas.
Além disso, as plataformas online da época eram muito limitadas. O orkut, por exemplo, só permitia a publicação de 12 fotos por usuário em sua fase inicial. Para publicar mais, o usuário tinha que apagar imagens postadas anteriormente.
Isso explica o sucesso de serviços como Fotolog e Flogão. O funcionamento era simples: o usuário transferia fotos para o seu computador (geralmente, de uma câmera digital portátil), acessava o site do seu serviço de flog preferido, publicava uma foto com uma descrição e aguardava os comentários dos seus contatos.
Sites de flogs eram redes sociais primitivas, por assim dizer, mas que cumpriam a função de interconectar pessoas com interesses em comum tendo como elemento central o conteúdo gerado por elas.
Mas a ação do tempo é implacável: esses serviços não se adaptaram à dinâmica dos dispositivos móveis e redes sociais mais abrangentes dominaram o mercado, com grande destaque para Facebook e Instagram.
Isso nos leva à seguinte pergunta: sendo tão ultrapassado para os tempos atuais, como o serviço conseguiu chegar a 2019? O próprio Fotolog, que tinha alcance internacional e contou com mais investimentos ao longo da sua história, com muito custo, durou até o início de 2016.
A gente encontra a resposta ao deixar de olhar para o que é mainstream: nichos. Nos últimos anos, o acervo de fotos do Flogão foi alimentado principalmente por admiradores de caminhões, ônibus e do jogo Tibia.
Esses grupos contam com canais no YouTube e têm páginas nas redes sociais, mas, para muitos participantes, o Flogão continuava sendo um ponto de encontro relevante.
Aparentemente, o engajamento desses públicos não foi suficiente para o que serviço fosse mantido ou, quem sabe, até reformulado para suportar mais recursos.
Cristiano Costa, criador do Flogão, foi procurado pelo Estadão para comentar a decisão, mas preferiu não se pronunciar. De acordo com o jornal, ele chegou a vender o site para uma startup de nome Power.com em 2007, mas o negócio foi desfeito tempos depois.
Em 2011, Costa processou a empresa por conta do fracasso da negociação, mas perdeu a ação. Desde então, ele leva uma vida reclusa e evita pronunciamentos públicos ou contatos com a imprensa, motivo pelo qual as razões exatas para o fechamento do Flogão não foram esclarecidas.
Agora, o site do Flogão informa apenas que os usuários têm até o dia 15 de julho para baixar as suas fotos. O mesmo aviso sugere que os “órfãos” do serviço criem uma conta no Meadd, serviço de flog que também parece ter parado no tempo, mas que ao menos registra algum movimento em sua página inicial.
Indo para o Meadd ou não, os entusiastas que davam sobrevida ao Flogão não devem ficar desamparados. Além de grupos em redes sociais, eles podem recorrer a plataformas específicas para os seus hobbies.
Dois exemplos são os sites Brasil Caminhões e Ônibus Brasil: ambos funcionam como uma releitura moderna dos flogs, mas, como os nomes deixam claro, só admitem fotos de caminhões e ônibus, respectivamente.
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