Google apresenta resultados de testes com IA leitora de receita médica

Empresa anunciou produto que lê receitas médicas em evento realizado no fim de 2022; primeiros resultados são positivos e mostram obstáculos a resolver

Felipe Freitas

O Google divulgou em seu site uma atualização sobre o desenvolvimento da tecnologia capaz de ler receitas médicas. Anunciado no fim de 2022, a IA está passando pelos seus primeiros testes. O recurso será usado através do Google Lens e ainda não tem data para ser lançado.

Em dezembro, o Google revelou a pesquisa da tecnologia em um evento na Índia. A empresa também publicou um artigo na Nature Communications, uma das revistas da Nature, referência global em artigos científicos. Em seu site, o Google apresenta um “compilado” do seu artigo científico com os planos futuros da tecnologia.

Google explica desenvolvimento da IA leitora de “garrancho”

O Google criou esse primeiro protótipo da inteligência artificial usando dados públicos de receitas encontradas na internet — mas nenhum paciente estava associado aos documentos. Depois, a IA foi usada em receitas de pacientes e internados, sem identificá-los, para avaliar a sua eficácia.

A Big Tech também criou um sistema que reescreve textos para parecer que foi feito por um médico. Aqui não fica claro se o programa apenas faz textos com abreviações ou simula a caligrafia de garrancho — nada contra, também escrevo assim.

Um desafio da tecnologia é “unificar” o uso de diferentes abreviações e estruturas de receitas médicas. Um exemplo hipotético: um hospital usa “MS” para “multiple sclerosis” (esclerose múltipla) e outro utiliza a mesma abreviação para “mental status” (estado mental).

IA do Google identificou os diferentes significados de siglas idênticas (Imagem: Rajkomar et al/Nature)
IA do Google identificou os diferentes significados de siglas idênticas (Imagem: Rajkomar et al/Nature)

A IA precisa contar com um banco de dados amplo para entender o contexto. A outra dificuldade disso é que buscar receitas de pacientes reais pode guardar informações pessoais.

Na publicação em seu site, o Google explica que adaptou textos médicos com um algoritmo, reescrevendo-os com abreviações, para formar o banco de dados da IA. Desse modo, os desenvolvedores da tecnologia colocavam receitas médicas com palavras reduzidas no input, recebendo como resposta o texto com as abreviações expandidas.

IA do Google expande abreviações médicas, mesmo que elas sejam iguais (Imagem: Rajkomar et al/Nature)
IA do Google expande abreviações médicas, mesmo que elas sejam iguais (Imagem: Rajkomar et al/Nature)

Google tem concorrentes na área

A Alphabet não está “criando a roda” aqui. Há alguns anos, a Fyostudiodr e a TVTGroup lançaram apps que tem a mesma proposta de ler os garranchos nas receitas médicas. A diferença é que o Google quer usar as tecnologias de IA para desenvolver um produto mais ágil nessas leituras.

A empresa ressalta ainda que a ideia não é que a IA substitua o farmacêutico, mas que o auxilie nas leituras mais difíceis. Afinal, eles podem ser extremamente experientes em traduzir as receitas, mas uma ajudinha as vezes cai bem.

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.