Google muda regra para sugerir buscadores concorrentes para Android na Europa

A mudança permite que buscadores apareçam de graça na configuração de usuários que ativam dispositivos Android pela 1ª vez

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Nova tela de configuração de buscador padrão para Android (Imagem: Divulgação / Google)
Nova tela de configuração de buscador padrão para Android (Imagem: Divulgação / Google)

O Google vai mudar sua tela inicial para permitir a escolha de buscador padrão para quem ativa um dispositivo Android pela primeira vez na Europa. Agora, ferramentas de busca que querem aparecer como opção a usuários não vão mais pagar uma taxa de entrada à empresa. A decisão foi comunicada na terça-feira (8), no blog oficial da companhia.

Google vai oferecer 12 opções de buscador para Android

Desde setembro, a big tech tem oferecido a chance de outros buscadores entrarem na tela inicial de forma gratuita, além de disponibilizar mais recursos para quem acessa o menu do Android pela primeira vez; atualmente, ele oferece a escolha de apenas quatro ferramentas de busca, sendo uma delas o próprio Google.

O modelo deixará de usar o formato de leilão pago, no qual são selecionados os buscadores que aparecem na tela inicial do Android. Nele, as ferramentas dizem qual o valor mínimo que podem pagar para cada vez que são selecionadas por um usuário; o Google então escolhe as empresas com os três maiores valores, que devem ultrapassar um teto mínimo, e as coloca na página em uma ordem aleatória.

Com a mudança no overlay da página inicial, que deve ser implementada para usuários de Android dentro da zona comercial da União Europeia e no Reino Unido, a oferta de buscadores padrão vai saltar de 4 para 12 – e nenhum deles vai pagar para aparecer.

As primeiras cinco ferramentas de busca serão selecionadas por sua popularidade em cada país, usando métricas do site de análise de tráfego StatCounter. A amostragem dos outros 7, incluindo o Google, será de forma aleatória — e se o número de buscadores visíveis for maior, eles também aparecerão de modo randômico.

Mesmo com a isenção da taxa, o Google manteve diversos requerimentos para aparecer na página inicial do Android: buscadores precisam oferecer um “serviço de busca geral”, que não limite resultados a um único tópico. Além disso, cada um deve ter um app gratuito na Play Store e sede no país em que oferecem serviços.

Android já foi motivo de multa bilionária ao Google

O Google foi acusado de monopólio por rivais na Europa devido ao modelo de pay-to-play, em que é preciso pagar para participar da tela inicial do Android, e levaram o caso à Comissão Europeia, agência que regula a concorrência no bloco da UE. A empresa foi multada em 2018 pelo valor recorde de US$ 5 bilhões – o equivalente a R$ 19,3 bilhões, na época — por forçar fabricantes de celular a configurarem o Chrome e sua ferramenta de busca como padrão em troca de licença na Play Store.

Em março, a Comissão Europeia processou o Google por um valor semelhante à multa aplicada em 2019; dessa vez, a big tech é acusada de rastrear usuários que usam a aba anônima do Chrome.

Gabriel Weinberg, CEO do DuckDuckGo — ferramenta de busca que compete com o Google — falou que a atualização à interface de reconfiguração de fábrica do Android é bem-vinda, mas chegou atrasada e deveria ter sido feita em 2019.

https://twitter.com/yegg/status/1402258047737774082

“O Google está fazendo o que deveria ter feito há 3 anos: uma preferência de buscador gratuita para Android na Europa. Mas ela deveria ser em todas as plataformas (ex: também para o desktop do Chrome), acessível a todo momento (ex: não só na reconfiguração de fábrica), e em todos os países.” – @yegg

Comissários de regulação da UE apontaram à Bloomberg que as mudanças do Google são bem-vindas e positivas, e respondem às queixas da concorrência: “usuários terão ainda mais oportunidades de escolher uma alternativa”.

Com informações: GoogleThe Verge

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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