Google treina IA para jogar videogame como um ser humano comum

Sima aprendeu a jogar com vídeos de gameplay e descrições em linguagem natural. Objetivo da IA é controlar personagens secundários e executar tarefas simples

Giovanni Santa Rosa

O Google DeepMind, braço da empresa dedicado à pesquisa em inteligência artificial, revelou o agente de IA Sima, treinado para aprender a jogar videogames e entender comandos em linguagem natural. A ideia é que o jogador humano tenha um parceiro virtual para comandar um personagem secundário.

Sima é uma sigla em inglês para “agente escalável, ensinável e multimundo”. O agente que leva este nome pode usar inteligência artificial para aprender a jogar qualquer jogo, mesmo os de mundo aberto ou sem um caminho linear. Além de entender instruções em linguagem natural, ele consegue reconhecer imagens e compreender cenários em 3D.

Oito quadros mostrando tarefas que o Sima é capaz de executar
Sima consegue pular cercas, pegar objetos, cortar árvores e disparar em alvos (Imagem: Reprodução / Google DeepMind)

O Google não tem intenção de usar o Sima para substituir adversários ou inimigos nos games. Na verdade, a ideia é que ele sirva como um companheiro para os jogadores humanos, controlando personagens secundários.

IA executa tarefas básicas em games

“O Sima não é treinado para vencer, mas sim para entender o jogo e fazer o que você pede”, diz Tim Harley, pesquisador do Google DeepMind. O agente consegue executar cerca de 600 tarefas básicas, como virar, subir escadas ou abrir menus. É diferente das IAs capazes de vencer campeões mundiais, por exemplo.

Parte do treinamento da IA foi feita com vídeos de gameplay gravados por humanos, acompanhados por descrições em linguagem natural do que estava acontecendo na tela. Estes clipes eram curtos, com menos de 10 segundos, para não tornar a tarefa muito complexa para o robô.

Ele entende, por exemplo, que “siga em frente” quase sempre significa apertar o botão “W” do teclado, porque esta tecla faz o personagem andar para frente em muitos jogos. Até mesmo algumas tarefas mais complexas foram executadas com sucesso, como “vá até a nave”.

O Sima foi testado com No Man’s Sky, Teardown, Valheim e Goat Simulator 3, entre outros jogos. Segundo o Google, o agente não precisa de uma API ou de acesso ao código do game para jogá-lo; ele usa apenas as imagens do jogo para saber o que fazer. “Este é o modelo que os humanos usam para jogar videogame há 50 anos”, dizem os pesquisadores.

Com informações: Google DeepMind, Ars Technica, The Verge

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.